Apesar do cenário econômico ruim, as operadoras brasileiras de shopping centers têm sido capazes de registrar fortes receitas de aluguéis, o que deve permitir um aumento no fluxo de caixa e uma redução na alavancagem ao longo deste ano, de acordo com a agência de classificação de risco Fitch Ratings.
Em relatório distribuído nesta quarta-feira (22), a agência ressalta que as companhias têm sido capazes de manter custos de ocupação relativamente estáveis.
As empresas analisadas pela Fitch – Aliansce Sonae (ALSO3), brMalls (BRML3), Iguatemi (IGTI11) e Multiplan (MULT3) – registraram custo médio de ocupação de 14%, acima da média histórica de 12%. Isso, segundo a agência, vem sendo impulsionado pela qualidade e pela boa localização dos ativos destas companhias.
Redução de descontos
Outro ponto que vem jogando a favor desta linha de receitas é o fato de as empresas estarem reduzindo descontos concedidos a inquilinos durante a pandemia e reajustando aluguéis a níveis mais altos, devido à inflação de dois dígitos no país, diz a Fitch.
Na outra ponta, destaca a agência, a inflação tem impacto limitado sobre os gastos destas companhias, uma vez que o setor como um todo opera com uma estrutura de baixo custo e margens Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) perto de 70%.
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Além disso, as empresas do setor têm visto forte recuperação nas vendas de lojistas. No primeiro trimestre deste ano, as quatro empresas mencionadas venderam de 5% a 15% acima do registrado no mesmo período de 2019, ressalta a Fitch.
Com isso, as receitas líquidas das companhias mencionadas vêm superando os níveis pré-pandêmicos trimestre após trimestre. Entre janeiro e março deste ano, esse indicador de Aliansce Sonae, brMalls, Iguatemi e Multiplan superaram o patamar do primeiro trimestre de 2019 em uma média de 28%.
Ebitdas em alta ou estáveis
Neste cenário, a projeção da agência é que, em 2022, as companhias registrem Ebitdas mais altos, ou pelo menos estáveis, na comparação com 2019.
A manutenção das receitas em níveis elevados é o que deve permitir a recuperação na geração de fluxo de caixa e a redução no endividamento dessas companhias, na visão da agência. Até o fim do ano, a Fitch espera que o somatório das dívidas das quatro empresas equivalha a 3 vezes o Ebitda, em linha com os níveis históricos do setor.
Entre 2020 e 2021, relembra a Fitch, esta métrica excedeu temporariamente o nível de 3,5 vezes para brMalls, Iguatemi e Multiplan. Já a Aliansce Sonae foi capaz de permanecer abaixo de 2 vezes.
Outra expectativa da agência para o ano é uma retomada em investimentos orgânicos e fusões e aquisições.
Excluindo aquisições, a projeção da Fitch é que os investimentos das quatro companhias citadas totalizem R$ 1,3 bilhão neste ano, contra os R$ 1,2 bilhão registrados em 2021 e os R$ 670 milhões de 2020.
Por volta das 14h30 desta quarta-feira, as ações da Aliansce Sonae tinham alta de 1,37%, as da brMalls subiam 1,45%, as da Iguatemi registravam avanço de 1,90%, e as da Multiplan operavam em alta de 1,86%.