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Estrangeiros retiram R$ 1,7 bi da Bolsa brasileira em fevereiro; pessoa física compra ações

Foi o primeiro saldo negativo no investimento estrangeiro na Bolsa desde maio de 2022

Foto: Shutterstock/rafapress

Os investidores estrangeiros retiraram R$ 1,680 bilhão da Bolsa brasileira em fevereiro, depois de terem injetado um volume líquido de R$ 12,6 bilhões em janeiro, marcando o primeiro saldo negativo desde maio de 2022.

No ano, o fluxo de investimento estrangeiro direcionado à Bolsa continua positivo, em R$ 10,870 bilhões .O volume de investimento estrangeiro em 2023 foi todo concentrado no mercado secundário, já que não houve nenhuma oferta primária de ações.

O movimento de fevereiro reflete o aumento da aversão a ativos de maior risco lá fora, diante da perspectiva de que o banco central americano (Fed, Federal Reserve) possa ter que fazer um aumento maior que o esperado da taxa básica de juros nos Estados Unidos.

“O Fed tem feito um discurso mais ‘hawkish‘ [mais inclinado ao aperto monetário] e o mercado passou a precificar taxa de juros marginalmente mais alta no fim do ciclo [de aperto monetário] e acho que os cortes de juros terão que ser postergados”, diz o estrategista-chefe da Tullett Prebon, Vinicius Alves. 

Em fevereiro, as apostas para a taxa básica americana no fim do ciclo de alta subiram de 5% para 5,5%.

Além disso, notícias negativas no cenário doméstico, como a desaceleração da economia, preocupação com o quadro fiscal e a discussão sobre a mudança da meta da inflação, em meio ao aumento da pressão do governo para o Banco Central antecipar o corte de juros, contribuíram para intensificar a venda de ações na Bolsa brasileira, afirma o estrategista.

“Os ruídos do governo e aumento da pressão em relação à política monetária podem ter intensificado as saídas [de estrangeiros da Bolsa], mas o que mais contribuiu para isso foi o cenário externo, diz Alves.

Até então, os investimentos dos estrangeiros vinham evitando uma queda maior da Bolsa brasileira, uma vez que os investidores locais têm vendido ações desde o ano passado.

gráfico estrangeiros na Bolsa brasileira

Investidores pessoas físicas voltam aplicar na Bolsa 

Enquanto os fundos de investimento locais continuam saindo da Bolsa brasileira, diante do aumento dos resgates nas carteiras de renda variável, os investidores pessoas físicas voltaram a aplicar no mercado de ações.

Em fevereiro até o dia 27, último dado disponível, os investidores pessoas físicas fizeram aporte líquido – mais compras do que vendas – de R$ 2,5 bilhões na Bolsa brasileira, depois de uma saída líquida de R$ 1,79 bilhão em janeiro.

Já os investidores institucionais, representados pelos fundos de investimento, registraram saída líquida de R$ 943 milhões em fevereiro até o dia 27, volume inferior ao saldo negativo de R$ 9,9,97 bilhões registrado em janeiro.

Para Alves, esse movimento dos investidores pessoas físicas aumentando a alocação em Bolsa deve ser pontual, dado que a taxa básica de juros continua em patamar elevado, em 13,75%, com a renda fixa devendo continuar liderando os aportes de recursos.

“É um cenário difícil para a renda variável”, diz Alves.

Em janeiro, os fundos de ações locais registraram saque de R$ 9,2 bilhões.

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