Entre altas e baixas, Ibovespa fecha com valorização de 0,09%, apoiado por petroleiras

Mercado segue repercutindo indefinição da ata do Fed que não foi capaz de trazer uma definição sobre os juros

Foto: Shutterstock

Em sessão volátil, repercutindo a ata do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), as Bolsas mundiais passaram o dia entre altas e baixas – movimento que foi replicado pelo Ibovespa.

No fechamento, porém, o principal índice da B3 conseguiu assegurar uma valorização de 0,09%, encerrando o pregão aos 113.812 pontos, com R$ 17,69 bilhões em volume negociado. Com isso, a alta acumulada pelo Ibovespa desde o início de agosto passou para 10,32%, enquanto o saldo de 2022 é de ganhos de 8,58%.

As Bolsas estrangeiras também fecharam no positivo. Em Nova York, o S&P 500 subiu 0,23%, o Dow Jones avançou 0,06% e o Nasdaq somou ganhos de 0,21%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em alta de 0,57%.

A ata da última reunião do Fomc (Comitê de Política Monetária do BC americano) não foi capaz de trazer definição aos mercados – de um lado, os membros do comitê sinalizaram potencial desaceleração no ritmo de alta de juros; de outro, apontaram o risco de as pressões inflacionárias durarem mais tempo do que o esperado.

O documento, que afirmou que o Fed dependerá de indicadores econômicos para encontrar o ritmo de alta dos próximos encontros, foi lido de forma diferente pelos investidores.

Para alguns, após a estabilização da inflação ao consumidor em julho, dado que saiu após a ata, o Fed tem todas as condições de bancar uma desaceleração para 0,50 ponto no ritmo de aumentos a partir de setembro. Outros acreditam que o colegiado carregou nas tintas contra a inflação na ata, deixando claro que não tem problemas em manter um passo mais agressivo, de 0,75 ponto.

Dados econômicos dos EUA divulgados nesta quinta-feira (18) não ajudaram a firmar as convicções. Enquanto, os pedidos de auxílio-desemprego ficaram abaixo do esperado, as vendas de moradias existentes caíram pelo sexto mês consecutivo.

Petróleo segura o índice

Além do impulso das Bolsas estrangeiras, as ações de petrolíferas ajudaram a sustentar a alta do Ibovespa: 3R Petroleum (RRRP3) teve forte avanço de 4,43%, seguida de Petrobras PN (PETR4), que subiu 2,02%, Petrobras ON (PETR3), em alta de 1,32%, e PRIO (PRIO3), com ganhos de 1,23%.

Depois de dias de baixa, o petróleo tipo Brent fechou em alta de 3,14%, a US$ 96,59 por barril. Nesta semana, dados do Departamento de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) mostraram que as exportações do país atingiram 5 milhões de barris por dia na semana anterior, indicando uma demanda aquecida no mercado externo.

Além disso, o Itaú BBA divulgou um relatório nesta quinta iniciando sua cobertura dos papéis das petrolíferas. Os analistas da instituição que assinam o relatório recomendam compra de 3R, PetroReconcavo (RECV3) e PRIO.

As ações mais subiram no Ibovespa, porém, foram as de Natura (NTCO3), 3R Petroleum e Hapvida (HAPV3), com ganhos de 5,31%, 4,43% e 4,34%, respectivamente.

Papéis ligados ao juro despencam

Na ponta oposta, os papéis que mais caíram foram os de companhias ligadas aos juros, com Yduqs (YDUQ3), Americanas (AMER3) e MRV (MRVE3) na liderança, com perdas de 5,28%, 4,28% e 4,17%, nesta ordem.

Nesta quinta, a curva de juros brasileira apresentou um avanço, o que acabou prejudicando as companhias mais expostas ao mercado interno. As taxas voltaram a subir após o início da campanha eleitoral, na última terça-feira (16), e hoje reagem em parte a declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os investidores estão de olho nas promessas eleitorais e no que elas podem dizer para as contas públicas.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que já garantiu a isenção dos impostos federais PIS/Cofins sobre combustíveis, concedida neste ano, também para 2023. Disse ainda que os funcionários públicos terão sua carreira reestruturada e reajuste salarial e que a tabela do IR será corrigida, além de garantir a permanência dos R$ 600 de Auxílio Brasil.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as intenções de voto, também falou que quer isenção do IR para quem ganha até cinco salários mínimos, e prometeu reajustar a tabela anualmente.

Apesar de as promessas serem comuns durante campanhas, o mercado acompanha esses discursos com atenção devido ao ritmo acelerado de aprovação de benefícios, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que ampliou o Auxílio Brasil.

Criptomoedas

O mercado cripto voltou a “andar de lado” nesta quinta-feira, após o Bitcoin (BTC) perder a resistência dos US$ 24 mil na véspera, com os investidores digerindo a ata do Fed e os próximos passos dos juros americanos.

O movimento distancia a maior cripto do mercado da faixa dos US$ 25 mil observada durante o fim de semana, o que traz uma nova dose de cautela aos investidores.

“Os fundamentos do Bitcoin não mudaram muito e isso deve mantê-lo como o principal ativo de risco”, escreveu Ed Moya, analista sênior de mercado da Oanda, em nota.

Por volta das 16h50, o BTC registrava leve alta de 0,35%, cotado a US$ 23.463, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O Ethereum, segunda maior cripto em valor de mercado, subia 1,5%, negociado a US$ 1.881.

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