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Por que o voo turbulento da Gol (GOLL4) será mais longo do que imaginado – ações caem 5%

Incertezas políticas e a extensão da guerra entre Ucrânia e Rússia devem manter combustível e dólar em patamares elevados

Foto: Shutterstock

A Gol, que reverteu seu lucro em um prejuízo de R$ 2,8 bilhões, em balanço divulgado na manhã desta quinta-feira (28), teve o alto preço dos combustíveis e a valorização cambial como principais responsáveis para que a companhia saísse do azul para o vermelho.

Ocorre que o cenário para o futuro ainda deve ser desafiador para a empresa, uma vez que a guerra no leste europeu, entre Rússia e Ucrânia, não tem previsão de término. Com isso, o desequilíbrio na oferta de energia na Europa deve continuar e, como consequência, o preço do barril de petróleo Brent deve se manter em patamares elevados.

Além disso, o dólar tende a se valorizar frente ao real neste ano com as incertezas políticas, dado o ano eleitoral, e a iminente recessão global para o próximo ano, provocada pelo aumento da inflação nos Estados Unidos.

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A variação cambial impacta diretamente os resultados da empresa que tem cerca de 94% das dívidas totais em moeda estrangeira. Além disso, há um efeito indireto, uma vez que o petróleo é cotado na moeda americana.

Portanto, uma alta no dólar traz aumento nos custos para empresa tanto no operacional, com os combustíveis, quanto no lado financeiro, com elevação da dívida e juros a pagar.

Dificuldades pela frente

A empresa deve enfrentar dificuldade em repassar o alto preço dos combustíveis para as tarifas, de forma que cubra os custos, mas que também não assuste o consumidor, uma vez que um menor poder de consumo do público, sensível à inflação e aos juros, pode se refletir em um menor volume de vendas.

Em teleconferência com analistas nesta quinta, o CEO da empresa, Celso Ferrer, explicou que o repasse dos preços dos combustíveis para a tarifas foi de 100% neste segundo trimestre. No entanto, para o segundo semestre, a expectativa é que este repasse gire em torno dos 70%.

No segundo trimestre, a empresa elevou os preços das tarifas em 38,9% em comparação com mesmo período de 2021, elevando o preço médio dos bilhetes para R$ 496,6.

Apesar do bom resultado de vendas registrado neste trimestre, com avanço de 180% em comparação com 2021, a iminente recessão em 2023 pode trazer menor volume de vendas para o setor.

Geralmente, épocas de recessão trazem altas taxa de desemprego e redução na renda familiar, que reduzem o poder de compra do consumidor. Portanto, a tendência é que o consumidor priorize o gasto do seu dinheiro em bens essenciais. Com isso, pode haver menor demanda por viagens de lazer.

Recalculando a rota…

Na teleconferência, Ferrer disse também que esperava um segundo semestre quase normalizado e um quarto trimestre de plena recuperação da produtividade.

A produtividade mencionada é a capacidade de voar as horas de voos compatíveis com a frota disponível, gerando maior eficiência e reduzindo os custos operacionais. Porém, estes planos foram postergados e a normalidade esperada passa a ser o primeiro trimestre de 2023.

Com isso, a empresa revisou e alterou as projeções anuais, baseada em uma estratégia mais conservadora. Segundo Ferrer, foram considerados um retorno parcial dos passageiros corporativos em 65% e uma capacidade de repasse dos preços de combustíveis de 70%.

As viagens corporativas esboçaram uma reação no mês de abril, no qual atingiram um pico de 90% de retorno, porém os meses seguintes mostraram um arrefecimento, disse o CEO.

Portanto, os riscos para a empresa neste período estão ligados ao repasse dos preços dos combustíveis para as tarifas e à demanda por viagens corporativa durante o período.

A empresa deve utilizar uma estratégia mais conservadora por meio da redução da oferta de voos em busca de maior de taxa de ocupação. Assim, a empresa maximiza a produtividade e pode reduzir os custos.

Para isso, vem aumentando a capacidade de voos em aeroportos com perfis mais corporativos, como o de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dummont, no Rio de Janeiro — além de continuar repassando os preços dos combustíveis, porém em menor proporção.

A estratégia conservadora, portanto, deve manter o crescimento dos resultados da empresa, como receita e Ebitda, porém de forma mais lenta.

Por volta das 16h40, as ações da Gol lideravam as quedas do Ibovespa, com recuo de 5,32%, a R$ 8,55.

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