Empresas sensíveis aos juros lideram as quedas do Ibovespa após temor de inflação global

Mercado voltou a ficar preocupado com alta de juros após a fala do presidente do Fed de St. Louis, James Bullard

Foto: Shutterstock

Após cinco pregões consecutivos de alta, o Ibovespa deve encerrar o último pregão da semana no vermelho, assim como as Bolsas no exterior, após o temor de inflação e juros voltar a assombrar os investidores ao redor do globo.

A preocupação se intensificou depois de o presidente do Federal Reserve (o banco central americano) de Saint Louis, James Bullard, falar sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos. Conhecido por defender medidas rigorosas contra a inflação, Bullard disse estar inclinado a votar por um aumento de 0,75 p.p (ponto porcentual) nos juros na próxima reunião da instituição, agendada para 21 de setembro.

Segundo ele, a inflação nos Estados Unidos ainda não bateu no teto.

O comentário estressou a curva de juros internamente. De acordo com dados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2023, 2025 e 2028 avançavam 9, 17 e 17 pontos-base, respectivamente.

Diante disso, as maiores quedas do Ibovespa estavam com empresas ligadas aos juros.

Por volta das 11h, a maior queda era de Petz (PETZ3), que operava em baixa de 6%, seguida por MRV (MRVE3), que perdia 5,39%, Azul (AZUL4), que recuava 5,20% e Locaweb (LWSA3), que tinha queda de 4,60%. Essa performance negativa pressionava o principal índice da B3, que recuava mais de 1%.

A avaliação de que a inflação não bateu o teto é preocupante porque os investidores ficaram aliviados na semana passada quando o governo dos EUA divulgou que os preços da economia americana ficaram estáveis em julho ante junho. A lógica foi que, se a inflação estava perdendo força, o Fed não precisaria aumentar os juros com tanta avidez.

Contudo, analistas do Banco Safra, em relatório matinal, destacaram que a presidente da filial de Kansas do Fed, Esther George, alertou que o recente alívio observado nos mercados pode ter sido fundamentado por uma visão “otimista demais”, segundo a qual a inflação americana já teria atingido um pico.

“George reconheceu que os dados de julho, de fato, foram favoráveis, mas estiveram ligados ao recuo dos preços da energia, enquanto muitos bens e serviços continuaram a avançar”, avalia o Safra.

Na Europa, os temores também avançaram, após a Alemanha mostrar uma inflação nos preços ao produtor uma alta de 5,4% em julho na comparação com o mês anterior.

Segundo a Cantor Fitzgerald, empresa de serviços financeiros, a previsão do mercado era uma alta de 0,5%. Em relação a julho do ano anterior, a alta foi de 37,2% – também superior à projeção dos especialistas, de 31,5%.

“O indicador mostrou que a manufatura continua bastante afetada pelas restrições de oferta de energia da Rússia. A leitura coloca pressão sobre Banco Central Europeu, que indicou que aumentará as taxas de juros se a leitura da inflação não melhorar”, avalia a XP, em relatório.

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