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Emissão de “dívida verde” dispara entre 2020 e 2021, diz BC; veja os principais setores

No último biênio, empresas brasileiras emitiram US$ 20 bilhões, três vezes mais do o registrado entre 2015 e 2019

Foto: Shutterstock

A emissão de títulos relacionados à sustentabilidade por empresas brasileiras nos mercados internacional e doméstico disparou no biênio 2020 e 2021 na comparação com o acumulado dos anos anteriores (2o15 a 2019), segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta segunda-feira.

A alta é motivada pelo preço mais acessível dos títulos vinculados às pautas com foco no meio ambiente em detrimento de outras opções de dívidas sem destino definido. Apesar dessa vantagem, a autoridade monetária chama a atenção para os riscos financeiros caso as metas de sustentabilidade não sejam alcançadas.

Os títulos sustentáveis são divididos em dois tipos: os com motivos de oferta (também conhecidos pela sigla GSS, em inglês), e os com propósitos gerais (SLB). O primeiro grupo aplica recursos exclusivamente no financiamento de projetos sustentáveis, enquanto o segundo não tem direção definida, desde que esteja dentro da categoria de ESG. O ponto de atenção é que os títulos SLB, caso as metas não sejam cumpridas, elevam o preço do cupom da dívida.

Segundo dados do BC, no último biênio, as empresas brasileiras emitiram US$ 20 bilhões por meio de instrumentos financeiros com características de sustentabilidade, um valor três vezes acima do que foi emitido entre 2015 e 2019.

As emissões brasileiras representam pouco mais de 1% do total de R$ 1,6 trilhão acumulado entre 2020 e 2021 em todo o mundo. O país é o segundo maior emissor da América Latina, atrás apenas da Chile.

As empresas não financeiras predominam nas emissões domésticas e externas, com 88% do volume financeiro emitido desde 2017 no mercado nacional e 89%, no internacional. Segundo o BC, os setores de papel e celulose e alimentos e bebidas são predominantes nas emissões no mercado externo, enquanto o de energia elétrica destaca-se nas emissões no Brasil.

“Os títulos com características de sustentabilidade contribuem para esse objetivo por meio da destinação dos recursos da emissão para o investimento em projetos ambientais e climáticos – no caso dos use of proceeds [GSS], ou do compromisso com metas sustentáveis – caso dos general purposes [SLB]”, informou o BC.

Conforme a autoridade monetária, o crescimento dos títulos de sustentabilidade é reflexo da regulamentação do setor, da maior transparência do mercado e de um sistema de distribuição que financia os projetos de forma direta ou por aquisição de títulos.

Mais baratos

Em 2021, os títulos sustentáveis emitidos no mercado externo apresentaram menor spread do que os títulos
convencionais. O spread considera a taxa livre de risco com base no Tesouro dos EUA de dez anos mais o risco-país (CDS) brasileiro de cinco anos.

Em relatório divulgado nesta segunda, o BC fez ainda alerta para os riscos envolvendo os títulos de dívidas sustentáveis, como do alto do custo da dívida em caso de descumprimento das metas para o financiamento das opções em SLBs. Há também o risco de imagem, também conhecido por greenwashing, prática que coloca em risco a própria reputação do mercado de emissões sustentáveis.

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