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Em época de eleições, o que esperar das ações para 2022? Analistas da XP respondem

Próximo ano deve continuar sendo desafiador para o mercado brasileiro, com a desaceleração do crescimento econômico, inflação elevada e Selic em patamares de 11%

Foto: Rafael Von Zuben/B3

O próximo ano tende a continuar desafiador para o mercado de capitais brasileiro, levando em conta o cenário macroeconômico, com desaceleração do crescimento econômico, inflação ainda mais elevada e a Selic, a taxa básica de juros, em patamares de 11% ou mais.

O Brasil permanece com uma dívida elevada, com cerca de 83% do Produto Interno Bruto (PIB), e a trajetória dessa dívida será um dos grandes debates para o país durante o próximo cenário eleitoral, de acordo com o time de estratégia da XP Investimentos.

Mas com um ambiente aparentemente desfavorável para a bolsa brasileira, será que ainda vale a pena investir no mercado local?

O Brasil está barato?

Para os analistas da XP, o Ibovespa, principal índice da B3, continua barato, com sua relação preço sobre lucro (P/L) de 12 meses atualmente sendo negociado em 7,6 vezes, o que representa um desconto de quase 30% em relação à sua média de 15 anos em 11,2 vezes.

Ao retirar os dois maiores nomes do setor de commodites do índice (Vale e Petrobras), a relação P/L continua abaixo de sua avaliação histórica em 10,6 vezes. Por outro lado, ao remover as outras empresas vinculadas a commodities, como no caso de companhias de materiais e energia, a relação preço sobre lucro do Ibovespa sobe para 11,6 vezes.

“Ou seja, o Ibovespa como um todo é barato, mas quando tiramos commodities não parece tão barato”, ressaltam Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig, analistas da corretora.

Para eles, o aumento significativo nas taxas de juros devido à elevação dos riscos fiscais e políticos no Brasil pressionou o valor justo do Ibovespa em todas as métricas (DCF, metas de P/L e EV/Ebitda). Com isso, o novo preço-alvo do índice é de 123 mil pontos para o fim de 2022.

No cenário pessimista, a corretora prevê o índice em 93 mil pontos e, no cenário otimista, em 145 mil pontos.

Ano eleitoral

Segundo a XP, é difícil traçar um padrão comum para o mercado acionário em época de eleição, levando em conta os ciclos eleitorais anteriores, a partir de 2002, quando as políticas econômicas eram mais semelhantes às que temos hoje em dia.

Em 2002, os papéis negociados na B3 caíram quase 30% nos seis meses antes das eleições daquele ano e subiram mais de 27% durante o semestre seguinte.

Contudo, em 2014, em ambas as janelas de seis meses, antes e depois das eleições, os retornos foram positivos.

Retorno do Ibovespa antes e depois das eleições

 

6 meses antes das eleições 

6 meses depois das eleições 

2002 

-29,6%

+26,7%

2006 

-5,9%

+26,6%

2010

-1,5%

-7,6%

2014

+4,6%

+12,1%

2018

-1,2%

+14,8%

Fonte: Bloomberg, XP e Eikon

A corretora destaca que, na média, o Ibovespa teve rentabilidade negativa de 6,7% no semestre anterior às eleições e obteve valorização de 5,9% nos seis meses posteriores.

“No entanto, olhando para outras janelas de tempo, retornos foram positivos 12 meses e 3 meses antes das eleições, e positivas para todas as janelas pós-eleições”.

Com a análise, o preço dos ativos parece não seguir uma regra específica quanto aos períodos eleitorais.

“A democracia brasileira é jovem e a amostra de períodos eleitorais em que as políticas e o mercado eram similares ao atual são pequenas. Além disso, o mercado brasileiro é sensível aos movimentos do mercado global, como a volatilidade cambial, períodos de bonanças e crises econômicas globais, e mudanças nos preços das commodities, como fatores que podem afetar as ações brasileiras mais do que as incertezas políticas domésticas”, pontua o time de estratégia.

Volatilidade

Quanto à volatilidade das ações brasileiras, a XP destaca que é difícil chegar a um padrão, já que, em 2002 e 2006, os mercados ficaram mais voláteis à medida que o período eleitoral se aproximava e, mais tarde, diminuiu.

Porém, em 2014, a volatilidade aumentou mesmo depois que os resultados foram divulgados, possivelmente refletindo a recessão econômica que ocorreu depois. Em 2010, por sua vez, a volatilidade reduziu antes das eleições.

“Em resumo, a regra é que a volatilidade nos mercados é normal e, embora não podemos antecipar exatamente o que nos espera, devemos nos preparar para alguma turbulência em 2022”, elencam os analistas.

Setores

A XP aponta que nem todos os setores da B3 estão baratos, como os de telecom, elétricas, materiais e energia, que estão sendo negociados abaixo de sua média histórica com base na relação preço sobre lucro. Os segmentos de saúde e tecnologia operam em linha ou com prêmio em relação ao seu histórico.

O mesmo acontece quando é analisado o prêmio de risco de cada setor, onde os que têm maior relação P/L possuem essa medida em território negativo, que é o caso de setores como tecnologia, saúde, indústria, e consumo discricionário, enquanto o principal setor com maior prêmio de risco é o de materiais.

Perspectivas

A XP Investimentos destaca três principais temas para ficar de olho no próximo ano:

  • Commodities: oferecem uma boa proteção contra inflação e o dólar mais alto, como Vale (VALE3), Klabin (KLBN11) e Gerdau (GGBR4)
  • Histórias de crescimento secular: empresas mais protegidas do cenário macro mais desafiador, como Assai (ASAI3), WEG (WEGE3) e Localiza (RENT3)
  • Oportunidades específicas: companhias de qualidade que tiveram uma forte queda recentemente, não relacionada aos seus fundamentos, e que podem se beneficiar de uma recuperação no mercado. Destacam-se os shoppings, como Multiplan (MULT3), e alguns bancos, como Banco do Brasil (BBAS3).

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