Dólar cai mais de 1% com correção pós fala de Haddad e dia ruim para bolsas externas

Bolsas americanas operam de lado, à espera da divulgação de balanços, como o da Microsoft

Foto: Shutterstock/ FOTOGRIN

O dólar e os contratos de juros futuros recuam nesta terça-feira (24), em um movimento de correção após a valorização recente com as críticas da semana passada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e à meta de inflação e falas de ontem anunciando financiamento para infraestrutura argentina.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contemporizou o discurso após o fechamento do mercado, ao afirmar que uma eventual mudança na meta tem que ser discutida com “tranquilidade”, ao mesmo tempo em que indicou que que o gasoduto citado por Lula não precisa de dinheiro do BNDES – o anúncio limitou a queda da moeda americana ontem.

Além de monitorarem os fatores domésticos, os investidores acompanham um dia ruim para as bolsas americanas, que andam de lado na tarde desta terça. Em Nova York, investidores aguardam pela divulgação dos resultados do quarto trimestre de empresas como Microsoft e Verizon.

Por volta das 15h40, o dólar futuro caía 1,11%, negociado a R$ 5,15, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Nesta segunda-feira (23), a moeda americana encerrou o dia praticamente estável, com ganhos limitados pela fala de Lula em Buenos Aires.

Já os contratos de juros DI com vencimento em abril de 2026 perdiam 6 pontos-base, a 12,79%, abaixo dos 12,86% registrados na véspera. Também em queda, os contratos com vencimento em janeiro de 2029 tinham queda de 9 pontos-base, a 13,04%. Ontem, o ativo fechou em 13,14%.

Haddad apaga incêndio

Haddad voltou a atuar como bombeiro neste início de semana ao minimizar falas do presidente Lula sobre financiar obras de um gasoduto na Argentina.

Segundo o auxiliar, a pasta ainda estuda como viabilizar esse cenário, e disse que não o BNDES não precisa financiar o projeto, que pode contar com crédito externo.

Saiba mais:

As declarações do presidente em Buenos Aires se somam às falar da semana passada sobre a independência do BC, que Lula chegou a classificar como “bobagem”, além das críticas sobre a condução da política monetária e metas para a inflação.

Neste campo, Haddad também precisou jogar panos quentes ao afirmar que  Lula falou em meta de inflação de 4,5% de forma hipotética, e que as expectativas estão convergindo para o objetivo (de 3,25% neste ano e 3% no ano que vem), mesmo que este seja apertado.

IPCA-15 mostra inflação mais pressionada

Investidores também digerem os primeiros dados da inflação brasileira em 2023, segundo prévia divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã.

O IPCA-15 registrou alta de 0,55%, acima das expectativas do mercado, de 0,52%. Além do número pressionado, a abertura dos dados mostrou que todos os nove itens pesquisados tiveram aumento, com maiores impactos nos setores de saúde e cuidados pessoais (1,1%) e alimentação e bebidas (0,55%).

Apesar disso, a alta dos núcleos de inflação (medida que exclui os itens mais voláteis) segue desacelerando, o que deu algum fôlego ao mercado.

 

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 20 de maio

Nesta terça-feira (20) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: Terça-feira

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.