Diante de um cenário favorável para os custos de construção e da possibilidade de praticar ainda mais aumentos de preço, além de planos de aceleração de lançamentos, a Direcional (DIRR3) deve ver seu lucro crescer cerca de 100% até 2024, na comparação com o resultado esperado para este ano.
Essa é a projeção de Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni, analistas do Santander, que mantiveram a ação como a preferida no setor, de acordo com relatório distribuído nesta quarta-feira (5).
“Acreditamos que um ritmo de construção acelerado seguindo um período de forte crescimento de lançamentos e pré-vendas, combinado com uma menor participação de acionistas minoritários a nível de projeto, pode elevar os lucros para R$ 339,9 milhões em 2023 e R$ 420,6 milhões em 2024″, escrevem.
Segundo eles, esse cenário implica o alcance do dobro do lucro em relação ao estimado pelo banco para 2022, de R$ 212,8 milhões.
Com essa perspectiva, após reunião realizada com Ricardo Gontijo, CEO, e Henrique Paim, CFO da Direcional, os analistas reiteraram a classificação de outperform para a ação. Isso significa que esperam um desempenho acima da média do mercado, com preço-alvo de R$ 22, o que representa alta de 27% ao fechamento da terça (4), de R$ 17,35.
Veja as projeções feitas pelo Santander:
2022 | 2023 | 2024 | |
Receita líquida | R$ 2,365 bilhões | R$ 2,943 bilhões | R$ 3,538 bilhões |
Lucro bruto | R$ 827,3 milhões | R$ 1,04 bilhão | R$ 1,24 bilhão |
Margem bruta | 35% | 35,4% | 35,1% |
Ebitda | R$ 476,7 milhões | R$ 612,1 milhões | R$ 724,3 milhões |
Margem Ebitda | 20,2% | 20,8% | 20,5% |
Lucro líquido | R$ 212,8 milhões | R$ 339,9 milhões | R$ 420,6 milhões |
Margem líquida | 9% | 11,5% | 11,9% |
Fonte: Santander |
Os aumentos de preço, de acordo com Gontijo, devem ser possibilitados pelo ambiente competitivo ainda benigno na maior parte das regiões onde a Direcional atua, aponta o Santander. A companhia também enxerga uma demanda forte para os produtos de sua subsidiária Riva, focada em imóveis mais econômicos, conforme consumidores buscam por opções mais acessíveis.
Além disso, a Direcional vê um cenário favorável para os custos de construção nos próximos 12 meses, relata o banco, refletindo a queda recente em materiais, incluindo aço, madeira e concreto.
Apesar dos custos de produção menores e do potencial aumento de preços, a Direcional mantém abordagem conservadora em relação aos orçamentos das obras e às expectativas de margem bruta – o que, na análise do Santander, abre espaço para que os resultados da empresa superem as projeções no segundo semestre de 2023, caso o cenário siga positivo.
Outro ponto que deve beneficiar os resultados da Direcional daqui para frente é o plano da empresa de aumentar em mais de 40% a quantidade de obras nos próximos 23 meses, destaca o banco.
O Santander menciona ainda, como fatores por trás de as recomendação de compra, a exposição da Direcional a regiões com menor nível de competição; a maior exposição à faixa 2 do programa Casa Verde Amarela (CVA), em que o banco enxerga uma demanda acima da oferta; e a estratégia de diversificação de portfólio e capital da empresa.
Os principais riscos para a performance da companhia, por outro lado, são uma inflação de construção ainda mais alta do que o esperado, a elevação nas taxas de financiamento imobiliário, e a escassez de financiamento para o CVA, causada por potenciais saques do FGTS.