Decisão do Fed, ata do Copom e o que mais você precisa saber para investir bem nesta semana

O investidor que pensava que poderia entrar em recesso a partir da semana que vem terá de pensar de novo. Nesta quarta-feira, está prevista a decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, com potencial para mudar bastante o cenário para 2022.

No início de novembro, investidores foram avisados que o Fed estava preocupado com a inflação e que colocaria cada vez menos dinheiro no sistema financeiro. No mês passado, foram injetados US$ 105 bilhões e, para dezembro, era esperado um volume menor, de US$ 90 bilhões. Mantido este ritmo, os estímulos terminariam em junho.

No fim de novembro, entretanto, o cenário construído pelo mercado mudou. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em audiência no Congresso dos Estados Unidos que o fim dos estímulos poderia acontecer “talvez alguns meses mais cedo” diante da força da economia e da inflação elevada. Analistas refizeram as contas e passaram a prever um novo prazo de encerramento – entre abril e maio.

Na sexta-feira, 10, o quadro mudou de novo. Dados divulgados pelo governo americano mostraram que a inflação terminou os 12 meses encerrados em novembro em 6,8%, a maior leitura desde março de 1982.

O mercado reagiu bem ao indicador inicialmente, com alta nos preços das ações e queda nas taxas de juros americanas. Depois, houve uma reavaliação de cenário e o otimismo amansou. Alguns especialistas apontaram que o dado levará o Fed a ser mais austero para evitar parecer leniente, e que os estímulos podem terminar em fevereiro.

A próxima quarta-feira servirá para tirar a dúvida.

Como isso afeta seus investimentos

A informação sobre o momento em que o Fed removerá os incentivos à economia é importante porque somente depois disso é que os juros americanos vão subir – o que seria negativo para os preços das ações em geral, mas em particular para aquelas cuja cotação está mais relacionada a expectativas de crescimento futuro. Ativos de mercados emergentes como o Brasil, considerados mais arriscados, também seriam prejudicados.

Desta forma, um fim antecipado para as compras de ativos significa portas abertas para alta de juros antes do que o mercado esperava, o que pode azedar o humor dos investidores no exterior e no Brasil.

Segunda-feira

O Banco Central (BC) divulga às 8h30 o Boletim Focus, levantamento semanal com as expectativas do mercado para uma série de indicadores econômicos. Esse será o primeiro relatório após a elevação da taxa Selic em 1,5 ponto percentual na semana passada, a 9,25% ao ano, com indicação clara de novo ajuste da mesma magnitude na reunião dos dias 1º e 2 de fevereiro.

Terça-feira

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga às 8h a ata da reunião de política monetária ocorrida na semana passada, quando a instituição indicou que acha justificável manter juros altos por um bom tempo e até o mercado esperar uma inflação mais alinhada com as metas de 3,50% no ano que vem e de 3,25% em 2023.

A Câmara dos Deputados deve votar os trechos remanescentes da PEC dos Precatórios, capazes de liberar pouco mais de R$ 46 bilhões em despesas adicionais no orçamento de 2022. Esse espaço fiscal é importante porque o governo está contando com o dinheiro para cobrir despesas obrigatórias no ano que vem obedecendo à regra do teto de gastos — que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação.

Além disso, o IBGE divulga os dados sobre a receita do setor de serviços de outubro, às 9h, e a China publica os números de produção industrial e vendas no varejo, às 22h30.

Quarta-feira

A FGV divulga às 8h o IGP-10 de dezembro e o BC informa às 9h o índice de atividade econômica IBC-Br referente a outubro.

No exterior, além da decisão do Fed, às 16h, o banco central divulga no mesmo horário projeções para a economia dos Estados Unidos.

Quinta-feira

Serão divulgadas as leituras preliminares dos índices dos gerentes de compras (PMIs) sobre a atividade dos setores industrial e de serviços de vários países pela manhã.

Além disso, às 8h, o BC publica o relatório trimestral de inflação — em que apresenta as projeções da instituição para os preços e o desempenho da economia.

No mesmo dia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra anunciam decisão de política monetária às 9h45 e às 9h, respectivamente.

Sexta-feira

O banco central do Japão anuncia decisão de política monetária de madrugada e, às 8h, a FGV divulga a segunda prévia da inflação medida pelo IGP-M referente a dezembro.