A Cyrela (CYRE3), a EzTec (EZTC3) e o setor de construção civil caem em bloco nesta segunda-feira (5), após a Caixa Econômica Federal, principal banco ligado ao financiamento imobiliário, reduzir o volume de crédito nos últimos meses do ano, em função da baixa da carteira de crédito da poupança, já que este recurso é utilizado pelo banco estatal para financiar boa parte dos imóveis.
De acordo com dados mais recente da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) somaram R$ 14,7 bilhões em outubro, uma retração de 14,2% quando comparado ao mesmo período do ano passado.
De janeiro a outubro, o volume financiado soma R$ 151,2 bilhões, uma baixa de 12% em relação a igual período do ano anterior.
Em relação à poupança, de onde vem a maior parte dos recursos para o financiamento da casa própria, a captação líquida está negativa em R$ 9,4 bilhões até outubro, refletindo, segundo a Abecip, a redução da renda familiar devido à inflação alta e o juro em patamar historicamente elevado, o que reduziu a competitividade dos rendimentos da poupança na comparação com os demais produtos de investimentos.
“Apesar das saídas de recursos, o crédito de rendimentos das cadernetas suavizou o impacto sobre o saldo, que ficou em R$ 753,1 bilhões em outubro, com redução de 0,61% em relação a setembro, e de 4,3% em relação a outubro de 2021”, explica a associação.
Diante desse cenário, a Caixa oferecerá apenas R$ 5,5 bilhões em crédito nos meses de novembro e dezembro deste ano, valor 32,09% menor que a média dos 10 primeiros meses deste ano, que foi de R$ 8,1 bilhões por mês, de acordo com banco estatal.
“A notícia é bem negativa para construtoras que atuam fora do programa Casa Verde e Amarela, uma vez que a menor disponibilidade de financiamento pode fazer com que a Caixa aumente a taxa de juros do financiamento imobiliário, que hoje está em poupança + 2,8%”, diz Eduardo Nishio, head de research da Genial Investimentos.
Na visão do analista, a iniciativa pode ser ainda pior considerando que outros bancos podem acabar seguindo o mesmo caminho da Caixa, provocando a redução do crédito e o aumento dos juros de forma generalizada e, no final, queda na demanda por imóveis.
Com isso, por volta de 11h36, as ações ordinárias da Cyrela e da EzTec, voltadas para o público de alta renda, operavam entre as maiores baixas da Bolsa, com queda de 4,99% e 4,97%, respectivamente.
Por outro lado, as construtoras focadas na baixa renda eram as que mais caíam, com destaque para a Tenda (TEND3), que tinha queda de 6,46%, a Direcional (DIRR3), que caía 4,12%, e a MRV (MRVE3), com baixa de 4,23%.