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Com varejistas na liderança, Ibovespa sobe 2,2% e fecha 3º trimestre com ganho de 11,7%

Alta do índice foi sustentada pela Vale, que avançou 5,3% em meio a notícias positivas

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Com ajuda das ações de varejistas, mineradoras e siderúrgicas, o Ibovespa descolou das Bolsas estrangeiras e fechou o pregão desta sexta-feira (30) em alta de 2,2%, aos 110.037 pontos, com R$ 26,89 bilhões em volume negociado.

A alta de hoje, porém, não foi suficiente para apagar as quedas dos últimos dias, e o Ibovespa fechou esta semana com perdas de 1,5%. O dia também foi de fechamento de mês e de trimestre: o índice somou ganhos de 0,47% em setembro e de 11,66% entre julho e setembro. Desde o início do ano. o índice acumula alta de 4,97%.

O desempenho das Bolsas americanas foi bem diferente. Em Nova York, o S&P 500 fechou em baixa de 1,51%, o Dow Jones recuou 1,71% e o Nasdaq caiu 1,51%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 somou ganhos de 1,19%.

Inflação pressiona exterior

A aversão ao risco no exterior foi mais uma vez causada por temores de uma recessão global, diante da ameaça de as altas de juros ao redor do mundo prejudicarem o crescimento.

Nos Estados Unidos, a divulgação de dados que mostraram inflação levemente maior que a esperada azedou o humor dos investidores. O índice de preços PCE, um dos preferidos do Federal Reserve, o banco central dos EUA, para medir o comportamento dos preços na economia, subiu 0,3% em agosto – após ter caído 0,1% em julho.

O mercado esperava uma aceleração na alta dos preços, mas em menor escala. Segundo o banco Mizuho, a previsão dos especialistas era de que o núcleo da inflação medida pelo PCE subisse 0,5%. O que incomoda os investidores é que, sem sinais de que a inflação está perdendo força, o Fed pode ficar mais inclinado a aumentar os juros.

Na Zona do Euro, a inflação medida pelo CPI (Índice de Preços ao Consumidor) registrou alta de 10% no acumulado de 12 meses, acima das expectativas de 9,7%. Enquanto isso, governos da região monitoram a anexação de territórios ucranianos pela Rússia e avaliam novas rodadas de sanções.

“Efeito Meirelles”

Na economia doméstica, dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostraram que a taxa de desemprego caiu para 8,9% no trimestre finalizado em agosto, menor nível desde julho de 2015 e um desempenho em linha com o esperado. O dado anterior, do trimestre encerrado em julho, mostrava taxa de desemprego de 9,1%.

O assunto do dia, porém, foram as eleições do próximo domingo (2), com o mercado repercutindo o debate de presidenciáveis na noite de ontem na Globo, que foi dominado por ataques pessoais entre os candidatos. A pesquisa Datafolha mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 50% dos votos válidos no primeiro turno, contra 36% de Jair Bolsonaro (PL).

Na frente eleitoral, o “efeito Meirelles” foi um dos responsáveis por ajudar a Bolsa brasileira.

Em reportagem, a Veja afirmou, citando fontes, que Henrique Meirelles estará na equipe econômica do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele seja eleito. Porém, em declarações ao Broadcast Político, o ex-presidente do Banco Central negou que tenha recebido convite para assumir o Ministério.

Vale sustenta o Ibovespa

Uma das maiores responsáveis pela alta do Ibovespa nesta sexta-feira foi a Vale (VALE3), que subiu 5,28%. Buscando trazer mais eficiência para as operações, a companhia anunciou, na noite de ontem, que seu conselho aprovou a reorganização das operações de metais básicos.

Nos termos da reestruturação, a Vale irá transferir suas operações de cobre para a subsidiária Salobo Metais, enquanto os ativos de níquel serão transferidos para uma nova sociedade que será constituída pela companhia no Brasil.

Além disso, a mineradora anunciou que concluiu as obras de descaracterização de mais três estruturas a montante. Com isso, a Vale eliminou 40% das estruturas previstas no Programa de Descaracterização. Desde 2019, quando anunciou a iniciativa, a Vale já eliminou 12 estruturas.

Outro movimento que ajudou a Vale e mineradoras como Usiminas (USIM5), que subiu 7,43%, e CSN (CSNA3), com alta de 5,65%, foi a valorização do minério de ferro no mercado internacional. A tonelada da commodity retomou os US$ 100 na Bolsa de Dalian, na China, com uma valorização de 0,07% na comparação intradia.

Ainda que a Vale, por ter maior peso, tenha sido a maior responsável pela alta do Ibovespa, suas ações não foram as que mais subiram. No fechamento, a ponta positiva do índice era liderada por Magazine Luiza (MGLU3), IRB (IRBR3) e Via (VIIA3), com avanços de 10,62%, 8,91% e 8,5%, respectivamente.

A estatal de saneamento Sabesp (SBSP3) foi outro papel que subiu com intensidade, com alta de 6,9%. Segundo Leandro Petrokas, analista da Quantzed, o movimento pode ser uma especulação antes das eleições para o governo de São Paulo.

“O candidato que está em segundo lugar nas pesquisas para o governo paulista, que é o Tarcísio de Freitas, já se declarou favorável à privatização da empresa”, diz o analista da Quantzed.

Maiores baixas do pregão

Na outra ponta, as ações que mais caíram foram as de Carrefour (CRFB3), Embraer (EMBR3) e Assaí (ASAI3), com recuos de 2,77%, 2,51% e 2,23%, nesta ordem.

A ação da Embraer caiu após um erro contábil da subsidiária Eve, que terá que refazer o balanço do segundo trimestre, trazendo dúvidas sobre se a fabricante de aeronaves brasileira terá que fazer o mesmo.

Até o momento, de acordo com a fabricante de aeronaves brasileira, a estimativa é de um aumento de cerca de US$ 82 milhões nas despesas não-caixa e no passivo não-circulante.

Além disso, a Embraer está avaliando impactos em outras contas de seu balanço, relacionadas principalmente à transação envolvendo a Eve e a SPAC (Special Purpose Acquisition Company) que permitiu a listagem da subsidiária nos Estados Unidos. Estes impactos, na avaliação da companhia, poderiam aumentar as despesas não-caixa em aproximadamente US$ 83 milhões.

Criptomoedas

O último dia de setembro também marca o encerramento do terceiro trimestre de 2022. Para quem esperava recuperação do mercado cripto após as fortes baixas na primeira metade do ano, o período foi de frustração.

O Bitcoin (BTC) devolveu todos os ganhos registrados em julho, e encerra o mês lutando para se manter acima de US$ 19 mil, o mesmo patamar que se encontrava no fim de junho.

Em setembro, a principal criptomoeda do mercado acumulou perda de 2,8%, segundo dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap. Por volta das 16h50, o BTC registrava alta de 1,3%, negociado a US$ 19.548.

O período também marcou a conclusão da fusão da blockchain Ethereum, a mudança mais importante do mercado cripto desde a sua origem, há pouco mais de uma década. Apesar do feito histórico, o ETH despencou após a atualização, e encerra o mês com queda de 14%, negociado na faixa de US$ 1.335.

A reversão dos ganhos observados no início do trimestre passa mais uma vez pela piora das expectativas para a economia global. Os investidores voltaram a fugir do risco, o que também levou as Bolsas para patamares negativos não vistos há muitos anos, em meio à escala dos juros americanos e a percepção de que a Europa caminha para um forte período de turbulências com a falta de resolução para a crise enérgica às vésperas do inverno.

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