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Com taxa Selic em alta, o que é mais vantajoso: CDB pós ou prefixado? Veja a opinião de especialistas

Levantamento do TradeMap mostra que a maior taxa de CDB pós-fixado para o prazo de até um ano chega a 115% do CDI

Com a alta da Selic para 9,25% ao ano e a sinalização do Banco Central de que vai continuar subindo a taxa, fica a dúvida: vale mais a pena comprar um produto bancário do tipo Certificado de Depósito Bancário (CDB) com retorno prefixado ou pós-fixado?

A escolha do papel vai depender de qual cenário o investidor vislumbra para a inflação à frente e de seu horizonte de investimento. “Se ele acha que a inflação deve ceder e o BC vai subir a taxa de juros abaixo do esperado pelo mercado, o papel prefixado pode ser uma opção”, diz Michael Viriato, estrategista da assessoria de investimentos Casa do Investidor.

Dadas as incertezas no cenário fiscal e político, contudo, analistas veem os títulos pós-fixados como uma opção mais interessante para aplicações de até um ano.

“Para quem já decidiu que vai aplicar em CDB, hoje o pós-fixado é melhor. Se houver uma surpresa de uma alta maior da taxa Selic para conter a inflação, o investidor consegue aproveitar essa subida”, diz Ricardo Teixeira, coordenador do curso de MBA em Gestão Financeira da FGV.

Depois de promoções que algumas corretoras fizeram durante a Black Friday, em que chegaram a oferecer taxas de até 300% do CDI com liquidez diária, como no caso da Rico Investimentos e da XP, hoje o investidor já não encontra mais papéis que paguem uma remuneração tão elevada no mercado.

“Esses CDBs que ofereciam 300% do CDI para três meses são uma ação de marketing das corretoras. Elas calculam a despesa que teriam com o marketing para atrair novos clientes ou ativar contas e repassam esse valor oferecendo uma remuneração mais alta para os novos investidores. Mas esses papéis costumam oferecer limitações de prazo e de valor de aplicação”, afirma Viriato.

Levantamento com base nos dados da plataforma do TradeMap mostra que a maior taxa de CDB pós-fixado para o prazo de até um ano chega a 115% do CDI. Existem no mercado papéis que pagam acima de 120% do CDI, mas não chegam perto das taxas verificadas durante a Black Friday e contam com prazos maiores de vencimento, acima de dois anos.

Veja a seguir os CDBs mais rentáveis em um prazo de até um ano, conforme oferta do dia 9 de dezembro. Cadastre-se gratuitamente no TradeMap aqui e veja as opções disponíveis no mercado.

Fonte: Trademap* Taxas em 9 de dezembro
Emissor Taxa* Aplicação mínima
Even 115% do CDI R$ 10.000
Lecca Financeira 115% do CDI R$ 5.000
Agibank 114% do CDI R$ 1.000
Banco Original 113,50% do CDI R$ 1.000
Banco Topázio 112% do CDI R$ 1.000
Banco BMG 111% do CDI R$ 100
Banco Luso Brasileiro 111% do CDI R$ 5.000
Caruana Financeira 111% do CDI R$ 1.000

Pós-fixado ou prefixado que paga 14% ao ano?

Antes de escolher um CDB o investidor tem que levar em conta o prazo de aplicação e a liquidez. “Se ele acha que vai precisar do dinheiro antes do prazo de vencimento, talvez, não seja uma boa opção ficar com o dinheiro preso em um CDB prefixado por um ano”, afirma a planejadora financeira Leticia Camargo.

A XP e a Rico Investimentos estão oferecendo um CDB que paga juro prefixado de 14% com vencimento em dezembro de 2022. O papel tem carência de um ano, ou seja, se o investidor precisar do dinheiro antes desse prazo, a corretora não é obrigada a recomprá-lo.

Esses CDBs seguem a mesma lógica da campanha da Black Friday. São apenas para novos clientes ou que não estejam com a conta ativa na corretora, e têm limite de aplicação de até R$ 10.000 com aporte mínimo de R$ 500.

“O papel prefixado só é vantajoso quando você não acredita que vai ter mais elevações da taxa de juros para além da precificada pelo mercado ou que o BC vai começar a cortar a taxa Selic”, diz Teixeira.

Hoje, as taxas dos contratos de juros futuros refletem uma alta da Selic para 12,5% no fim do ciclo de aperto monetário, em 2022, e há instituições financeiras como o Santander que preveem elevação até maior, com a taxa básica encerrando o ciclo em 12,25% em 2022.

Para aplicações com horizonte de até três anos, Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual Digital, tem preferência por investimento em papéis pós-fixados. “O mercado tende a seguir volátil por conta do cenário político e fiscal, que pode provocar nova abertura [aumento das taxas] da curva de juros”, diz.

Já para aplicações com prazos intermediários e longos, o BTG tem maior preferência por títulos indexados à inflação.

Ainda que hoje a a aplicação em um CDB com remuneração de 115% do CDI fique abaixo da taxa de 14% ao ano oferecida no CDB prefixado, a planejadora Leticia Camargo recomenda os papéis pós-fixados para o prazo de até um ano para quem não quer correr o risco de ser surpreendido com uma taxa Selic ou uma inflação mais alta.

Ela lembra que, no início do ano, quando o BC não tinha iniciado o ciclo de alta de juros e a Selic estava em 2%, havia papéis prefixados oferecendo taxas de 6,75% ao ano. Hoje esse investimento perde para a inflação, que acumula alta de 10,74% em 12 meses, até novembro.

Confira a seguir uma simulação do retorno desses papéis para o prazo de um ano de vencimento.

Retorno da aplicação Retorno bruto da aplicação – % ao ano
Fonte: Michael Viriato
115% do CDI para um ano 13,34%
120% do CDI para 6 meses 12,96%
14% no ano 14,00%

Já para o investimento de médio e longo prazos, acima de dois anos, faz mais sentido ter uma parcela atrelada ao IPCA para proteger o poder de compra, considerando que o investidor vai ficar com o papel até o vencimento.  “O ideal é montar uma carteira diversificada”, diz Camargo.

Outro fator que o investidor deve levar em conta para a aplicação em títulos de renda fixa como o CDB é a alíquota do Imposto de Renda sobre os rendimentos. Veja a tabela abaixo.

Fonte: Receita Federal 
Prazo de permanência Alíquota de imposto
até 180 dias 22,50%
de 180 a 360 dias 20%
de 361 a 720 dias 17,50%
acima de 720 dias 15%

Além do IR, se o investidor resgatar a aplicação em período inferior a 30 dias, ele ainda paga o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja alíquota varia de 96% a 0%.

Segundo Costa, o rendimento oferecido pela poupança, mesmo com a remuneração atual de cerca de 6,17% ao ano, continua perdendo para papéis como o CDB,considerando o desconto do Imposto de Renda.

Importante lembrar que os CDBs são um instrumento de captação de recursos emitidos por instituições financeiras. O produto conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por instituição, considerando os rendimentos do papel, com limite de pagamento de até R$ 1 milhão por CPF, a cada quatro anos.

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