A WEG (WEGE3) — empresa que atua no setor de bens de capital, com soluções em máquinas elétricas, automação e tintas — é uma das companhias brasileiras com mais presença no exterior.
No ano passado, por exemplo, a empresa vendeu para 135 países, incluindo a Rússia, que tem sido alvo de severas sanções econômicas internacionais desde que deu início a uma guerra contra a Ucrânia, com quem faz fronteira.
A companhia, contudo, deve atravessar essa crise na Europa sem sustos, avaliam analistas ouvidos pela Agência TradeMap. O principal motivo é que a subsidiária da WEG no mercado russo, chamada de WRU, tem uma participação pequena no lucro da companhia, de apenas 0,3% em 2021.
Devido ao início da guerra na Ucrânia e às sanções econômicas anunciadas contra a Rússia, várias empresas anunciaram a suspensão ou o fim dos negócios em território russo. A WEG, seguindo a mesma linha, suspendeu suas atividades no país, até o fim do conflito e das sanções internacionais.
“A WEG apoia todos os movimentos que pregam a paz e buscam soluções pacíficas para o conflito”, disse a empresa, em nota enviada no dia 2 de março ao jornal Folha de São Paulo.
Para Heloise Sanchez, analista da Terra Investimentos, ao assumir tal postura, WEG preferiu se manter como uma empresa que é referência no ESG (sigla em inglês para “environmental, social and governance”, ou seja, práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) em diversos índices e carteiras, abrindo mão de parte pouco relevante para o seu negócio dentro do mercado externo.
“Por isso, considero o impacto irrelevante na empresa”, afirma a analista.
Segundo o balanço do quarto trimestre da empresa, principal mercado consumidor em 2021, é claro, foi o Brasil, com 46% das receitas, seguido por América do Norte com 23%, Europa 14%, América do Sul 7%, Ásia com 6% e África com 4%.
Histórico no país
A WEG começou com seus negócios na Rússia em 2008 na cidade de Nizhny Novgorov, focada na comercialização, distribuição e assistência técnica de produtos e sistemas. De lá para cá, os negócios se expandiram também para a Sibéria e para os países vizinhos que antes formavam a União Soviética.
No ano de 2021, a WEG registrou um lucro líquido total de R$ 3,58 bilhões, enquanto sua controlada russa apresentou um resultado positivo de R$ 11,5 milhões.
“O número não é muito relevante quando comparado com as demais controladas em outros países como México, Estados Unidos e alguns países da Europa”, comenta Heloise Sanchez.
No quarto trimestre de 2021, por exemplo, o mercado externo que mais consumiu foi o da América do Norte, que gerou uma receita de US$ 653 milhões para a empresa no período.

Ações na Bolsa
Em relatório que analisa os impactos do conflito na Ucrânia para empresas brasileiras, a XP Investimentos afirma que vê os papéis da WEG como defensivos, ou seja, que apresentam um grau de variação de cotação menor que o conjunto do mercado no momento, apesar de uma possível redução da demanda causada pela inflação.
Segundo o estrategista-chefe da corretora, Fernando Ferreira, que assina o relatório, a empresa se beneficia da desvalorização do real, dado o “perfil exportador de receita e o descasamento de receitas, com seus custos e passivos dolarizados”.
Desde que o conflito se iniciou, os papéis da WEG têm apresentado valorização no Ibovespa. No dia 24 de fevereiro, data em que a Rússia invadiu a Ucrânia, as ações da empresa eram avaliadas em R$ 27,74 no início do pregão. Atualmente, segundo fechamento de quint-feira (9), cada papel vale R$ 32,67, um crescimento de 14,35%.