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Com digitalização e pandemia, bancos fecham 16% das agências em 4 anos; movimento vai continuar

Enxugamento de estrutura também envolve corte de funcionários e gastos de R$ 35,5 bi em tecnologia em 2022

Foto: Shutterstock

Os grandes bancos aproveitaram a pandemia da Covid-19 para acelerar o processo de digitalização e redução de custos. O resultado é o enxugamento de 16,5%, ou 3.591, da rede de agências do país desde 2018, quando esse processo teve início. O Brasil conta atualmente com 18.158 agências bancárias, segundo dados do Banco Central referentes a março.

E esse movimento de enxugamento das estruturas e maior investimento em tecnologia vai continuar. Na avaliação de Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, mesmo que não ocorra na mesma velocidade, os bancos vão priorizar a maior eficiência e a digitalização de processos e serviços de atendimento.

“A tendência é que o movimento continue nos próximos anos. Os bancos estão buscando maior eficiência e a população, principalmente a mais jovem, quer mais soluções digitais”, avalia.

Para intensificar esse processo de digitalização, os bancos devem gastar neste ano R$ 35,5 bilhões na área de tecnologia, um crescimento de 18% em relação à 2021, segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). As prioridades dos bancos são segurança, inteligência artificial, uso do 5G, big data e uso de nuvens (cloud) públicas.

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O desafio é melhorar de forma contínua a experiência do usuário e garantir maior segurança, dado que o número de reclamações em relação a fraudes no ambiente digital tem crescido.

Na avaliação de Matheus Lima, analista da corretora Top Gain, as redes de agências bancárias devem continuar existindo por um longo tempo, mas mais voltadas para negociação do que para operações cotidianas.

Com esse novo foco, mesmo agências que não foram fechadas tiveram seu espaço reduzido – os bancos assim vão economizar com pessoal e despesa de manutenção.

“Os bancos vão continuar tendo agências, mas em menor número. Vão optar por ter pontos de atendimento chave”, diz, referindo-se aos pontos que podem gerar mais negócios. Nesse caso, vale manter agências em locais com alta demanda por crédito rural, por exemplo, mas com a presença de profissionais mais especializados.

A Febraban lembra que embora os bancos tenham fechado agências, mantiveram e em alguns casos ampliaram os chamados postos de atendimento bancário (PABs). Esses pontos em geral ficam dentro de empresas ou repartições públicas. Por não serem agências, não precisam ter caixas de atendimento, o que reduz os custos com segurança. 


Menos funcionários

Com mais negócios sendo feitos digitalmente e o fechamento de agências, as instituições financeiras também aproveitaram para reduzir o quadro de funcionários ou concentrar os esforços na contratação de profissionais na área de tecnologia.

O corte mais agressivo no quadro de funcionários ocorreu no Bradesco (BBDC3, BBDC4). Em quatro anos, o número foi reduzido em mais de dez mil, uma queda de 10,4% entre março de 2018 e março de 2022, chegando a 87.488 colaboradores na instituição, segundo o balanço da instituição.

A redução acompanha o processo de fechamento das agências iniciado em 2018. A rede de atendimento tradicional passou de 4.708 para 2.948.

Esse enxugamento no número de funcionários também ocorre no Banco do Brasil (BBAS3), que promoveu planos de demissão voluntária (PDVs) para facilitar esse processo. O número de funcionários caiu 11,8% desde 2018 e o total de agências foi reduzido em 16,1%.

Para Lima, analista da Top Gain, o surgimento dos bancos digitais, a partir de 2016, fez os bancos tradicionais de varejo repensarem o modelo de custos, uma vez que estavam concorrendo com instituições que não tinham custo de manutenção de espaço físico para atendimento e estrutura de funcionários mais enxutas.

“Essa redução de estrutura nos bancos tradicionais é  positiva quando mesmo assim eles conseguem aumentar o número de clientes e de ativos sob custódia”, diz.

Esse é o caso, por exemplo, do Bradesco. Nesse período de quatro anos, a instituição passou de 27,9 milhões contas correntes para 37 milhões. Já os ativos sob custódia subiram de R$ 1,57 trilhão para R$ 2,1 trilhões.

E para conquistar o público que prefere o atendimento exclusivamente digital, o banco também lançou o Next.

Para Gonçalvez, da Box Asset Management, a redução das estruturas garante uma melhora na gestão dos custos (menos gastos com manutenção, aluguel e segurança). Essa transformação foi acelerada pela pandemia, que levou os clientes a buscaram mais o atendimento digital.

É com foco no digital que o Itaú Unibanco (ITUB4) reduziu o número de agências e promoveu um PDV, mas ainda assim registrou uma pequena ampliação no número de funcionários, mas voltados para cargos de assessores de investimento e profissionais da área de tecnologia.

Esses investimentos em tecnologia têm mostrado resultado. No primeiro trimestre de 2022, o índice de eficiência das agências físicas era de 69% e o das agências digitais, de 25,1%. Esse número significa que o Itaú gasta menos para fazer a agência digital rodar do que uma física

 

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