O Ibovespa opera em baixa no pregão desta quarta-feira (23), com o mercado aguardando mais detalhes sobre a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição e os movimentos de contestação do resultado da eleição feitos pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro.
Os imbróglios políticos estressaram a curva de juros desde ontem, quando o PL se pronunciou sobre o tema, o que acabou pressionando os ativos ligados à economia doméstica na Bolsa.
Com isso, os juros futuros com contratos para 2024, 2026 e 2028 avançavam 0,18 p.p (ponto-percentual), 0,29 p.p. e 0,32 p.p., cotados a 14,54%, 13,80% e 13,68%, respectivamente, de acordo com dados disponíveis na plataforma do TradeMap.
Na Bolsa, dentre as principais baixas, Cielo (CIEL3) perdia 6%, CVC (CVCB3) recuava 5,60%, Americanas (AMER3) caía 4% e Grupo Soma (SOMA3) apontava em 3,61% para baixo. No mesmo sentido, o Ibovespa tinha uma perda de 0,65% e operava aos 108.294 pontos.
Para os analistas Régis Chinchila e Luis Novaes, da Terra Investimentos, essa projeção de alta dos juros pode “exercer ainda mais pressão sobre as margens dessas companhias do setor doméstico”.
Somado a isso, o operador de renda variável da B.Side Investimentos, Lucas Mastromonico, acredita que o momento do mercado é de espera. De acordo com ele, além das definições políticas, a semana de jogos da Copa do Mundo e do feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, nesta quinta (24), deixam o investidor menos propenso à investir em renda variável.
“O mercado prefere não tomar riscos nesse momento conturbado, preferindo alocar capital em um investimento de renda fixa e voltar para a Bolsa quando o cenário estiver mais claro”, acrescenta Mastromonico.
Ademais, outros papéis que recuavam com mais intensidade eram Dexco (DXCO3), que tinha queda de 2,21%, Copel (CPLE6), com baixa de 2,40% e São Martinho (SMTO3), que caía 2,19%.
Altas da Bolsa
As ações ligadas à commodities figuravam entre as principais altas do Ibovespa nesta quarta, com algumas recuperações de perdas recentes. A Marfrig (MRFG3), por exemplo, que recuou 6,5% nos três últimos pregões, subia 3,59% e liderava os ganhos do dia.
Na sequência, Prio (PRIO3) ganhava 1,38%, Braskem (BRKM5) subia 1,23%, Petrobras (PETR4) se valorizava 0,86% e Vale (VALE3) apontava em 0,45% para cima.
Na visão dos analistas da Terra Investimentos, as incertezas políticas impulsionam o dólar, fazendo com que os investidores busquem proteção na moeda estrangeira.
“Nesse contexto, as empresas com foco em exportação, sejam de commodities ou de produtos industrializados sobem no dia, em razão do favorecimento das receitas pela depreciação da moeda local”, avaliam Chinchila e Novaes.
Cenário Internacional
No exterior, o mercado opera em alta enquanto aguarda a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (o Fed, banco central americano), às 16h.
Isso porque, os investidores ficarão de olho no comunicado para tentar prever os próximos passos da política monetária americana, torcendo para uma diminuição no ritmo de altas nas próximas reuniões.
Na Europa, já perto do fechamento, a prévia do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da Zona do Euro surpreendeu o mercado após registrar 47,8 pontos em novembro, um avanço ante os 47,3 pontos de outubro.