China e alívio com Ômicron ajudam Ibovespa a subir pelo 4º pregão seguido

Incerteza com PEC dos Precatórios ainda está no radar, mas preocupa menos

O Ibovespa subiu pelo quarto pregão consecutivo, terminando o dia em alta de 0,65%, a 107.558 pontos. O índice refletiu o otimismo do mercado com um aumento inesperado nas importações da China em novembro.

Dados do governo chinês mostraram que as exportações do país subiram 22% no mês passado em base anual, avanço menos intenso que o observado em outubro, de 27,1%. O ritmo de alta das importações, porém, acelerou de 19,8% para 31,7%, puxado por commodities como carvão e cobre.

Leonardo Ramos, sócio da DNA Invest, afirma que esta notícia, aliada a outras medidas adotadas pelos chineses recentemente para baratear o crédito, favorecem amplamente o Brasil. “O otimismo foi generalizado desde a manhã.”

Anúncios que ajudaram a diminuir a preocupação dos investidores com uma nova onda de Covid-19 também contribuíram para a alta do Ibovespa e das bolsas americanas.

Em Wall Street, o índice Dow Jones avançou 1,40%, o S&P 500 teve alta de 2,07% e o Nasdaq, de 3,03%.

A farmacêutica britânica GSK afirmou que o tratamento contra a doença desenvolvido pela companhia também combate a variante Ômicron do coronavírus, enquanto o presidente da Sinovac afirmou que a vacina contra a Covid do laboratório mostra bons resultados na proteção contra a nova cepa.

Esses elementos, segundo Ramos, estão ajudando a mudar o tom do mercado e abrem espaço para uma recuperação do Ibovespa no fim do ano, apesar de ainda haver cautela em relação à tramitação da PEC dos Precatórios.

A proposta abre espaço no orçamento de 2022 para gastos com o Auxílio Brasil, programa social que substituiu o Bolsa Família. A expectativa é de que, uma vez promulgada, a PEC permita ao governo gastar cerca de R$ 100 bilhões adicionais no ano que vem via parcelamento dos precatórios e mudanças no cálculo do teto de gastos — a regra que limita o crescimento das despesas públicas à inflação.

A PEC recebeu sinal verde do Senado e aguarda votação da Câmara dos Deputados, onde seu destino ainda é incerto. Ramos aponta que, mesmo diante das críticas ao projeto e de dúvidas a respeito de se e como ele será aprovado, está mais claro que “não vai ter esse descontrole todo” do lado fiscal no ano que vem, o que abre espaço para a recuperação do Ibovespa.

“O mercado trabalhava sob tensão máxima, juros a 12,0%, 12,5%, dólar beirando os R$ 5,70. Tudo isso começa a tirar prêmio de novo, e a Bolsa pode surfar essa onda, já que estava amplamente — e ainda está — deprimida”, afirmou Ramos.

Destaques da sessão

Na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deve elevar a taxa Selic mais uma vez em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano, chamou atenção a forte alta de ações ligadas à tecnologia. Destaque para os papéis da Méliuz (CASH3), com avanço de 13,58%, e do Banco Inter (BIDI11), com valorização de 13,36%.

As ações de Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VIIA3) subiram 4,38% e 3,39%, respectivamente, depois de o BTG reiterar a recomendação de compra dos papéis, mas reduzir o preço-alvo — de R$ 21 para R$ 8, no caso da Via, e de R$ 26 para R$ 16, no caso da Magalu.

O setor de siderurgia também teve um dia positivo, impulsionado pela aceleração inesperada nas importações da China. Destaque para CSN (CSNA3 +1,16%) e Ferbasa (FESA4 +4,95%).

Além disso, as ações da Comgás (CGAS5) ainda subiram 13,14% depois de a empresa anunciar que pagará dividendo de quase R$ 12 por ação preferencial.

Já no campo negativo, as ações de construtoras lideraram as baixas do Ibovespa. EZTC3 caiu 4,35% e MRVE3 cedeu 3,02%.

brMalls (BRML3) ainda fechou em baixa de 1,98% depois de relatar vendas “mornas” em seus shoppings na Black Friday. A empresa, porém, disse estar confiante de que continuará se recuperando nos próximos meses.

Agenda de quarta-feira

O principal evento desta quarta será a decisão do Copom respeito da taxa básica de juros. A Selic, como é conhecida, serve como referência para o custo das linhas de crédito em toda a economia e a expectativa é de que ela suba.

A probabilidade maior é de que o avanço seja de 1,5 ponto porcentual (pp), para 9,25% ao ano, conforme já havia sido sinalizado pelo próprio Copom em outubro. Os investidores chegaram a esperar um aumento mais intenso há algumas semanas, mas abandonaram a tese diante da fraqueza da economia e de uma perspectiva mais clara para os gastos públicos em 2022.

Outro destaque será a divulgação, às 9h, de dados sobre as vendas do setor varejista em outubro. Eles oferecerão ao mercado um retrato de como estava o segmento antes dos últimos dois meses do ano, quando as companhias em geral são beneficiadas pelas vendas da Black Friday e do Natal. As estimativas de analistas apontam leve queda ou estabilidade em relação a setembro.

No exterior, saem dados às 12h sobre a a criação de empregos nos Estados Unidos em outubro e, às 12h30, a respeito dos estoques de petróleo e derivados no país. Às 22h30, está prevista a publicação do índice de preços ao consumidor da China referente a novembro.

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