O mercado aguarda com ansiedade nesta terça-feira (14) o dado de inflação nos Estados Unidos em janeiro e reage à entrevista exibida na noite de ontem com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, ao programa Roda Viva.
Na conversa, ele negou que o Banco Central votará a favor de uma revisão para cima na meta de inflação de 2024 e 2025, mas ao mesmo tempo defendeu o “aprimoramento” do objetivo, sem detalhar qual seria a ideia.
“Em nenhum momento a gente defende simplesmente aumentar a meta, no sentido de ganhar flexibilidade, mesmo porque não é nossa crença. A gente acredita que, se faz uma mudança de meta no sentido de ganhar mais flexibilidade, o efeito prático vai ser perder flexibilidade”, afirmou o presidente do BC.
Ao mesmo tempo em que defendeu um “aprimoramento”, disse que achava melhor não comentar a fundo o tema, já que é “sensível, mexe com o mercado”. “Isso vai ser discutido no CMN [Conselho Monetário Nacional, que se reúne na próxima quinta], não é uma proposta do Banco Central.”
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Uma das possibilidades em estudo foi publicada ontem pelo Valor Econômico: uma meta de inflação de longo prazo que deveria ser cumprida em um horizonte mais longo, oq eu daria ao BC tempo para acomodar choques de oferta.
Campos Neto, que foi chamado por Lula de “esse cidadão”, declarou ainda que gostaria de conversar com o presidente da República para explicar sobre os juros altos e disse que nunca fez campanha para Jair Bolsonaro, apenas desenvolveu “proximidade” com membros do governo anterior.
“Precisa diferenciar proximidade com algumas pessoas de independência de atuação. Em termos de atuação, foi a maior subida de juros em um ano eleitoral na história do Brasil”, alegou.
Campos Neto volta a falar nesta terça, às 9h15, durante palestra no BTG Pactual CEO Conference 2023.
Além de reagirem ao recado do presidente do BC, os investidores ainda monitoram os balanços da Raízen (RAIZ4) e Totvs (TOTS3).
CPI nos EUA
Após mais de uma semana de mau humor com os dados do payroll – o dado de mercado de trabalho americano veio muito melhor do que o imaginado, prenunciando juros altos por mais tempo – os investidores voltam suas atenções nesta terça-feira (14) para o CPI (índice de preços ao consumidor) de janeiro.
O dado será informado às 10h30 pelo escritório de estatísticas trabalhistas americano (BLS), que na semana retrasada mostrou que a criação de vagas foi quase o triplo do que o esperado por analistas em dezembro.
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O mercado reage ainda aos dados do PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre da zona do Euro, que ajudará a determinar o quanto a economia europeia está desacelerando. A economia do bloco avançou 0,1% no período, dentro das expectativas.
Por volta das 8h40, os índices futuros americanos operavam em alta: o Dow Jones subia 0,13%, o S&P 500 avançava 0,24% e o Nasdaq operava em alta de 0,39%. O índice europeu EuroStoxx 50 subia 0,36%.