A semana, que está repleta de indicadores importantes de atividade, se inicia com os índices futuros americanos e as bolsas europeias em forte queda após discurso duro do presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Jerome Powell, em Jackson Hole no final da semana passada.
Em fala curta e direta, Powell subiu o tom contra a alta de preços na última sexta-feira (26), e desiludiu os investidores ao indicar que os juros americanos ficarão em um patamar elevado por mais tempo para levar a inflação à meta de 2%.
Em resposta, as bolsas americanas tombaram mais de 3%, arrastando o Ibovespa, e o clima continua ruim na manhã desta segunda-feira (29). Por volta das 8h, os índices futuros americanos estavam no vermelho: o Dow Jones recuava 0,85%, o S&P 500 operava em queda de 0,94% e o Nasdaq caía 1,13%. No mesmo horário, o Euro Stoxx 50, principal índice europeu, caía 1,57%.
A volatilidade deve se manter elevada nos mercados globais nos próximos dias, e a expectativa é que as apostas para as próximas decisões do Fed só devem se ajustar um pouco mais na próxima sexta (2) às 9h30, quando a secretaria de estatísticas trabalhistas dos EUA (BLS) informar o payroll de agosto, com a criação de vagas entre os americanos e dados do ganho médio por hora.
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Choque de realidade: Powell fala em juros altos por mais tempo e derruba mercados
Um mercado de trabalho aquecido e salários em alta tendem a pressionar ainda mais os preços, e o banco central dos EUA vem deixando claro que sua prioridade é evitar a corrosão do poder de compra dos americanos.
Por que isso importa?
Juros altos por mais tempo, cenário indicado por Powell no discurso, são uma má notícia para os mercados de ações. Com taxas maiores, a renda fixa costuma ganhar apelo entre os investidores em detrimento da renda variável. O temor também é de que uma política monetária restritiva leve a economia americana e global a uma recessão.
No Brasil, eleições…
Por aqui, a um mês do primeiro turno, as atenções dos investidores estarão voltadas para novas pesquisas eleitorais que serão divulgadas ao longo da semana.
Na manhã desta segunda, pesquisa BTG Pactual/FSB, realizada por telefone entre 26 de agosto a 28 agosto, apontou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva possui 43% das intenções de voto (queda de dois pontos em relação à pesquisa anterior), contra 36% do atual presidente, Jair Bolsonaro (que se manteve no mesmo patamar).
Hoje a noite o Jornal Nacional divulga a nova pesquisa Ipec (antigo Ibope), realizada presencialmente entre 23 e 29 de agosto, e na quinta-feira será informada a pesquisa Datafolha.
…e PIB, emprego e indústria
Entre os dados mais aguardados da semana, está o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre, que será informado pelo IBGE na quinta-feira (1º) às 9h. A expectativa é de um avanço de 0,9%, na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters.
Na sexta-feira (2) às 9h, o IBGE divulga outro dado importante para medir a atividade econômica: a produção industrial de julho, com projeção de alta de 0,5%.
A semana ainda tem os dois dados mais importantes para se medir o comportamento do mercado de trabalho brasileiro, ambos referentes a julho: o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) será informado nesta segunda às 9h30 e a taxa de desemprego sai na quarta-feira às 9h, com divulgação pelo IBGE.
Veja abaixo a agenda completa:
Segunda-feira
Às 8h25, o Banco Central divulga o Boletim Focus, com as projeções de analistas para juros, inflação, câmbio e PIB.
Às 9h30, o Banco Central publica a nota de crédito, com dados de empréstimos, juros e inadimplência em junho.
Às 9h30, será publicado o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de julho.
Terça-feira
Às 8h, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulga o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de agosto.
Às 11h, a secretaria de estatísticas americana (BLS) informa a criação de empregos no setor privado nos EUA em julho.
Às 14h30, o Tesouro Nacional divulga o resultado primário de julho.
Quarta-feira
Às 6h, a Eurostat informa o CPI (índice de preços ao consumidor) de agosto.
Às 9h, o IBGE divulga a taxa de desemprego em julho.
Às 9h30, o Banco Central publica a nota fiscal, com o resultado primário do setor público em julho.
Quinta-feira
Às 6h,a Eurostat informa a taxa de desemprego da Zona do Euro em julho.
Às 9h, o IBGE publica o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil no segundo trimestre.
Às 15h, o Ministério da Economia informa a balança comercial de agosto.
Sexta-feira
Às 9h, o IBGE divulga a produção industrial de julho.
Às 9h30, a secretaria de estatísticas trabalhistas (BLS) informa a taxa de desemprego americana em agosto e dados do ganho médio por hora.