Depois de mais uma semana negativa para as bolsas dos Estados Unidos, os contratos futuros dos principais índices de ações do país indicam abertura em alta nesta segunda-feira (23), mas parte do mercado está convencida de que a perspectiva para a renda variável americana ainda é negativa.
Na última sexta-feira (20), o S&P 500, um dos três principais índices acionários dos EUA, registrou sua sétima queda semanal consecutiva. Além disso, em dado momento do pregão, chegou a ficar 20% abaixo da máxima mais recente – movimento associado ao início de uma tendência de baixa.
“O foco para muitos no mercado hoje é se o S&P vai realmente cair num ‘mercado de baixa'”, disse o Rabobank em um relatório, acrescentando que outro índice de referência do mercado acionário americano, o Nasdaq Composto, já está nesta situação há algum tempo.
“O que não está chamando tanta atenção é que as ações dos EUA estão passando pelo pior início de ano em 99 anos”, acrescentou o banco, citando uma pesquisa da Bloomberg segundo a qual a expectativa geral dos investidores é de que o S&P 500 caia mais 10% em relação aos níveis atuais.
Os mesmos dados mostraram que apenas 4% dos cerca de 1.000 pesquisados acham que o índice chegou ao fundo do poço, enquanto a maioria acha que este fundo só será atingido quando o índice cair para 3.500 pontos.
O pessimismo, segundo a corretora americana Schwab, é resultado de uma série de pressões negativas sobre o mercado. Os investidores estão preocupados principalmente com a inflação, que está elevada por restrições ainda não resolvidas na oferta de alguns produtos, e com o aumento dos juros, que é a resposta dos bancos centrais à alta acelerada nos preços.
“O ceticismo em relação ao mercado foi exacerbado por uma série de resultados decepcionantes, liderados pela Walmart e a Target, que aparentemente fortaleceram os receios em torno da saúde do setor de consumo dos EUA e expuseram os desafios que as redes de varejo enfrentam no gerenciamento de estoques com o consumo migrando dos bens para os serviços”, disse a Schwab em relatório.
Michael Hewson, analista-chefe de mercado da corretora britânica CMC Markets, ressalta que a perspectiva de uma recessão nos EUA é outro fator que contribui para o sentimento mais negativo em relação às ações do país.
“Há evidência crescente de que a combinação de inflação e juros em alta e receios com o enfraquecimento da economia americana podem levar a uma recessão no final do ano. Consequentemente, a onda de vendas que começou nas ações de tecnologia se espalhou para o mercado em geral”, já que os preços atuais não se justificariam num cenário econômico negativo, afirmou.
Por volta das 10h (de Brasília), os contratos futuros do índice S&P 500 subiam 0,88%, para 3.933 pontos, enquanto os do índice Dow Jones tinham alta de 0,97%, a 31.517 pontos. Os contratos futuros do Nasdaq avançavam 0,52%, para 11.900.