O Ibovespa opera em alta nesta quarta-feira (18), descolado do movimento dos pares no exterior,e com avanço dos papéis de siderúrgicas e mineradoras, construção civil e do petróleo.
Por volta de 13h35, o principal índice da B3 subia 1,15% e operava aos 112.715 pontos. A ação da Ecorodovias (ECOR3) liderava os ganhos, com uma alta de 6,16%.
A ação da EzTec (EZTC3) figurava entre os principais ganhos do índice com uma alta de 4,81%. Na semana passada, a empresa divulgou a prévia operacional do quarto trimestre de 2022, que mostrou números mistos, o que levou a uma das ações.
Entre outubro e dezembro, as vendas brutas registraram R$ 334 milhões, uma queda anual de 14,8%. No acumulado de 2022, a Eztec vendeu R$ 1,4 bilhão, alta de 14% ante o registrado em 2021.
Para Ygor Altero, analista do setor na XP, a construtora apresentou uma prévia operacional “neutra”, mas destacou como ponto positivo as vendas de estoque em construção de R$ 187 milhões, nível recorde para a empresa. Para ele, o número foi reflexo da estratégia da empresa em aumentar as vendas de estoque em sua Home Store.
Dentre as maiores altas, destaque ainda para CSN Mineração (CMIN3), que ganhava 5,29% e Cyrela (CYRE3), com alta de 3,78%.
A mineradora informou ao mercado na véspera que fechou um acordo com a trader suíça Glencore International para fornecimento de longo prazo de minério de ferro.
Nos termos da operação, a mineradora irá receber um pré-pagamento de US$ 500 milhões e fornecerá aproximadamente 13 milhões de toneladas da commodity nos próximos quatro anos. Além disso, a alta da empresa acompanha uma valorização do minério no mercado externo.
Na China, a tonelada do minério de ferro negociada na bolsa de Dalian teve alta de 0,90%, cotada a US$ 124,43. O movimento também animou outros pares do setor, e a Vale (VALE3) ganhava 1,45%, por exemplo.
As siderúrgicas também avançavam na Bolsa. Gerdau (GGBR4) subia 2,72%, CSN (CSNA3) tinha valorização de 2,62% e a Usiminas (USIM5) apontava em 2,52% para cima.
Construção civil em alta
Além da EzTec, o setor de construção civil sobe em bloco nesta quarta. Nos últimos dias, uma série de incorporadoras e construtoras tem divulgado prévias operacionais do quarto trimestre. A julgar pela reação do mercado, os números têm agradado.
Fora do Ibovespa, a ação da Tenda (TEND3) disparava 15,19% e liderava os ganhos do setor. A companhia informou que lançou nove empreendimentos no quarto trimestre de 2022, com um valor geral de venda (VGV) de R$ 704,2 milhões.
Em comentário enviado ao mercado, a Genial Investimentos avaliou que a parte operacional foi positiva para a empresa, mas ainda possui um pé atrás com a margem e a liquidez da Tenda.
A XP Investimentos, por sua vez, também considerou os dados operacionais como positivos, e destacou a estratégia da empresa em focar em rentabilidade e reduzir lançamentos.
Petróleo impulsiona as empresas do setor
A perspectiva de que a demanda mundial por petróleo vai atingir um nível recorde em 2023 faz o preço do óleo tipo Brent operar em alta nesta quarta. No mercado futuro da ICE, commodity subia 2%, a US$ 87 o barril, voltando a um patamar visto pela última vez em novembro do ano passado.
Em um relatório mensal, a AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou que a demanda global por petróleo deve crescer em 2023 em 1,9 milhão de bpd (barris por dia), para 101,7 milhões de bpd, o maior nível já registrado.
O órgão acredita que a recuperação da demanda será mais lenta no primeiro semestre e que, ao longo desse período, é provável que os estoques de petróleo continuem aumentando. Na segunda metade do ano, porém, o cenário pode ser outro, segundo a AIE.
A AIE também prevê que a China deve responder por metade do crescimento previsto para a demanda mundial por petróleo neste ano, “mesmo que a forma e a velocidade da reabertura econômica continuem incertas”.
Com isso, as petrolíferas brasileiras sobem, com destaque para a 3R Petroleum (RRRP3), que sobe 4,79%, a Prio (PRIO3) avançava 1,47% e Petrobras (PETR4) ganhava 0,27%.
Baixas da Bolsa
Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Magazine Luiza (MGLU), que cai 4,22%, Via (VIIA), com queda de 3,53% e Americanas (AMER3), que operava em baixa de 3,68%.
Desde que a Americanas reportou que descobriu o rombo de R$ 20 bilhões (que na verdade era de R$ 40 bilhões) na quinta, o papel acumula uma baixa de mais de 80%. O caos visto com a varejista colocou em cheque a posição das concorrentes no setor.
Contudo, a ação do Magalu conseguiu se descolar do movimento, e teve avanço de mais de 40% de quinta até ontem.
Além disso, o papel da Suzano (SUZB3) recuava 2,79% e acompanhava o movimento de desvalorização do dólar, moeda que a receita da empresa está exposta, frente ao real. Nesta tarde, o dólar futuro recuava 0,21%, cotado a R$ 5,09, segundo dados da plataforma do TradeMap.
Mercados internacionais
Nos EUA, o mercado repercute dados de inflação divulgados mais cedo.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do país caiu 0,5% em dezembro ante novembro, segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho. O resultado pode indicar uma desaceleração da economia do país.
Os investidores americanos seguem de olho ainda na temporada de balanços das empresas do quarto trimestre.
Na véspera, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley reportaram seus números. Para Jennie Li, estrategista de ações da XP, o primeiro desapontou o mercado com o pior lucro por ação da última década, quase 40% abaixo das expectativas.
“Por outro lado, o Morgan Stanley superou expectativas com um resultado impulsionado pelo segmento de Wealth Management“, completou a estrategista. Na quinta-feira (19), a Netflix divulgará seus números e dará início aos balanços das big techs. Na próxima semana, Microsoft e Tesla reportarão os resultados.
Na Europa, a inflação ao consumidor (CPI) da Zona do Euro registrou uma queda na variação anual para 9,2%, em linha com o esperado pelo mercado. O núcleo do indicador, que desconsidera preços de energia e alimentos, também mostrou retração.
Veja como estavam os principais mercados externos nesta quarta: