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Bolsa cai 2,9% e perde os 100 mil pontos em dia de ressaca “atrasada” e crise na Petrobras (PETR4)

Principal índice da B3 fecha o dia aos 99.824 pontos após escalada nas tensões entre a estatal e o governo

Foto: Shutterstock

A Bolsa brasileira, que ficou fechada na quinta-feira (16) em razão do feriado de Corpus Christi, sentiu apenas nesta sexta-feira, com atraso de um dia, o estrago global causado pela aumento de juros anunciado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) na quarta-feira, marcada também por uma nova elevação da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, por parte do Banco Central (BC).

Não bastasse o alerta de recessão nos EUA que a decisão do Fed causou entre os investidores, os negócios na B3 também foram pautados por mais um episódio da crise institucional envolvendo a Petrobras e a classe política, após a estatal anunciar mais um reajuste de preços dos combustíveis, movimento que desagradou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Nesta sexta, o Ibovespa despencou 2,90%, aos 99.824 pontos e com R$ 34,21 bilhões em volume negociado, pressionado principalmente pela queda em bloco de empresas ligadas a commodities, como a própria Petrobras, que teve tombo de 6,09%, e também a Vale, com baixa de 5,22%.

Este foi a primeira vez que o Ibovespa fechou abaixo dos 100 mil pontos desde 5 de novembro de 2020 (100.751 pontos), conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap.

Com o desempenho, o indicador fecha a semana com queda de 2,70%, enquanto desde o início de junho a desvalorização é de 10,35%. Na parcial de 2022, o Ibovespa registra recuo de 4,77%.

O desempenho negativo ocorre a margem da recuperação da maior parte das bolsas globais após as fortes perdas na véspera, quando o pregão brasileiro ficou fechado por conta do ponto facultativo de Corpus Christi.

Petrobras eleva preços dos combustíveis

A Petrobras anunciou nesta manhã novo aumento no preço dos combustíveis vendido nas refinarias às distribuidoras. O litro da gasolina passou de R$ 3,86 para R$ 4,06, alta de 5,2%. A última mudança no preço havia sido feita em 11 de março.

Já o litro do diesel passará de R$ 4,91 para R$ 5,61, majoração de 14,3%. Esta foi a primeira mudança desde 10 de maio. Os novos preços começarão a ser cobrados a partir deste sábado (18).

Apesar da alta, o preço dos combustíveis ainda estará menor do praticado no mercado internacional. De acordo com a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), para manter a paridade com o mercado internacional, a gasolina teria que ser vendida no Brasil a R$ 4,19 o litro, e o diesel, a R$ 5,70 o litro.

O reajuste, que vinha sendo ventilado desde a véspera após uma reunião extraordinária do conselho de administração da Petrobras, deflagrou uma nova escalada nas tensões entre a estatal e o governo federal.

Antes mesmo do anúncio dos aumentos, Bolsonaro foi ao Twitter afirmar que novos aumentos poderiam “mergulhar o Brasil num caos”. “Seus presidente, diretores e conselheiros bem sabem do que aconteceu com a greve dos caminhoneiros em 2018, e as consequências nefastas para a economia do Brasil e a vida do nosso povo”, escreveu.

Após a divulgação do reajuste, Bolsonaro subiu o tom e afirmou que vai propor a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a estatal.

Também pelo Twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pediu a renúncia imediata do presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho. “Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo”, afirmou.

Por fim, o ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a estatal justifique o aumento dos preços. O magistrado deu prazo de cinco dias para a resposta da estatal.

Mendonça também determinou que os Estados unifiquem as alíquotas de ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) sobre combustíveis. A medida deve começar a valer a partir de 1º de julho.

Em comunicado, a Petrobras disse que “tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio”. Disse também que a prática é incomum entre outros fornecedores de combustíveis e empresas petrolíferas, “que ajustam seus preços com maior frequência”.

O novo capítulo da crise institucional derrubou as ações da Petrobras e contribuiu para afundar o Ibovespa nesta sexta-feira. As ações ordinárias (PETR3) recuaram 7,25%, enquanto as preferenciais (PETR4) desabaram 6,09%.

Outras petroleiras também registraram queda em um dia de desvalorização de 5,48% no barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, cotado a US$ 113,25. Os papéis da 3R Petroleum (RRRP3) caíram 9,51%, enquanto PetroRio (PRIO3) desvalorizou 8,79%.

Minério desaba e derruba siderúrgicas e mineradoras

O dia também foi negativo para as siderúrgicas e as mineradoras após forte queda do minério de ferro no mercado internacional com as medidas de restrições impostas pela China para combater a Covid-19.

Na bolsa de commodities de Dalian, na China, o preço da tonelada do produto caiu 5,90%, passando a ser negociado a 821,50 iuanes, o equivalente a US$ 122,64.

Seguindo o mau humor, os papéis da Gerdau (GGBR4) caíram 7,89%, enquanto o  braço metalúrgico da Gerdau (GOAU4) caiu 8,51%. A CSN (CSNA3) perdeu 5,13% e a Usiminas (USIM5) caiu 6%. Já a Vale (VALE3) perdeu 5,22%.

CVC puxa altas do dia

No lado verde da tela, a alta foi puxada pela CVC (CVCB3), com alta de 11,19%. Qualicorp (QUAL3), Alpargatas (ALPA4) e Energisa (ENGI11), e  também fecharam no campo positivo, com alta de 4,56%, 4,10% e 3,25%, respectivamente.

Recuperação global após alta dos juros

As principais bolsas internacionais tiveram um dia de recuperação após as fortes quedas na véspera causadas pelo temor da desaceleração da economia global com o aumento dos juros de forma generalizada em diversos países.

A alta de 0,75 ponto percentual (pp) pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), na quarta-feira, 15, foi o catalisador de todo o sentimento negativo.

O resultado já era esperado pelos mercados após dados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) virem acima do esperado para o mês maio. O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que prevê novos aumentos de 0,50 pp a 0,75 pp na próxima reunião do colegiado.

Na quinta, foi a vez da Suíça anunciar aumento de 0,50 pp na sua taxa, que ainda permence negativa, em 0,25%.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic em 0,50 pontos, atingindo 13,25% ao ano. No comunicado pós-reunião, a instituição indicou outro aumento “de igual ou menor magnitude” na próxima reunião, em agosto.

“Acreditamos que o BC acabará fazendo mais um aumento de 0,5 ponto, uma vez que as atuais pressões inflacionárias não devem diminuir o suficiente até lá”, destacou a XP Investimentos, em morning call. A expectativa da corretora é que a taxa básica de juros termine o ano em 13,75%.

Em nova York, o Dow Jones teve queda de 0,13%, enquanto o S&P 500 valorizou 0,22% e a Nasdaq teve alta de 1,43%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 avançou 0,32%, enquanto o alemão DAX valorizou 0,67% e o britânico FTSE 100 apontou em 0,41% para baixo.

Bitcoin

Pressionado temor dos investidores em relação à desaceleração da economia global e por pressões internas no universo cripto, com o risco de insolvência de grandes nomes do mercado, os criptoativos operam em queda.

O Bitcoin (BTC) caminha para encerrar com a maior desvalorização semanal desde maio de 2021 e luta para manter a resistência dos US$ 20 mil.

Por volta das 17h10, o maior ativo cripto registrava queda de 2,1% em 24 horas, cotado a US$ 20.562 segundo dados da CoinGecko. Em sete dias, o BTC acumula queda de 31,7%.

O quadro também derruba as altcoins, como são chamados os ativos além do BTC. O Ethereum tinha queda de 2,1%, enquanto a Cardano (ADA) caia 0,4%. Em sete dias, os ativos registravam perdas de 39,4% e 22,8%, respectivamente.

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