O mercado de ações brasileiro avançou 286,6% ao longo dos três últimos booms de commodities, acima da performance das bolsas da América Latina (+203%) e muito melhor que o desempenho de mercados de países desenvolvidos da Ásia Pacífico (+44%).
A informação consta de relatório do Bank of America sobre commodities e América Latina, publicado nesta quarta-feira (23). Para o banco, essa é uma das razões pelas quais os países da América Latina e particularmente o Brasil tendem a se beneficiar dos preços mais elevados das matérias-primas como consequência da guerra entre Ucrânia e Rússia.
“O Brasil se beneficia de uma confluência de fatores: quase nenhuma exposição direta à Rússia em termos de comércio, preços elevados de commodities direcionando termos positivos para o comércio, taxa básica de juros perto do pico e substancial exposição às commodities“, afirmou a instituição financeira em relatório a clientes.
Sintonia com ciclos de commodities
De acordo com o texto, historicamente a economia latino-americana se move em sintonia com o ciclo global de commodities, mas a pandemia de coronavírus e incertezas políticas restringiram o crescimento desses países no atual boom de matérias-primas.
“Uma lacuna se abriu recentemente. Recessões, incerteza política e ondas devastadoras de Covid-19 restringiram o PIB da região abaixo dos níveis pré-pandemia”, diz o BofA em relatório a clientes.
Para o banco, o impacto econômico do avanço da infecção se refletiu no mercado acionário da América Latina, que vem se comportando pior do que poderia, mas a região pode embarcar em novo ciclo de crescimento no momento em que as incertezas com a pandemia se reduzirem.
No Brasil, o aumento da taxa básica de juros, a Selic, que começou em março do ano passado e já está em 11,75% ao ano, foi citado pelo Bank of America como uma das razões de atratividade de recursos para o país.
O relatório também apontou os riscos no caminho dos países da região: a disparada da inflação, que aumentará ainda mais os preços exatamente por causa da alta das commodities, e as eleições presidenciais.
Veja abaixo o comportamento dos mercados de ações ao longo dos booms de commodities:

Abaixo, estão os países cujas bolsas são mais sensíveis às cotações de commodities:
