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Biden anuncia sanções à Rússia para travar financiamento ao país; entenda

Medidas foram anunciadas depois que Rússia decidiu enviar tropas a partes da Ucrânia

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Shutterstock

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou sanções para cortar o financiamento americano e de países da Europa ao governo da Rússia, depois de o presidente do país, Vladimir Putin, ordenar o envio de tropas à Ucrânia.

“Eu disse para Putin, na cara dele, que agiríamos juntos no momento em que a Rússia se movesse contra a Ucrânia”, disse Biden em um pronunciamento. “Isto é o início de uma invasão da Rússia à Ucrânia”, afirmou.

As sanções anunciadas por Biden incluem bloqueios em operações financeiras envolvendo o VEB, banco de desenvolvimento da Rússia, e impedem o governo russo de emitir novos títulos de dívida nos mercados americano e europeu. As medidas também incluem a suspensão do gasoduto Nord Stream 2, que conectaria a Rússia à Alemanha.

No pronunciamento, Biden também disse que se a Rússia aumentar sua presença em território ucraniano, outras sanções mais duras serão anunciadas pelos Estados Unidos e pelos países da Europa. “Se a Rússia avançar com a invasão, estamos preparados para avançar com sanções.”

Ao mesmo tempo em que defendeu respostas duras às atitudes da Rússia, Biden ressaltou que a intenção dos Estados Unidos é evitar um agravamento do conflito.

“Espero que a diplomacia ainda esteja disponível”, disse ele, ressaltando, no entanto, que os Estados Unidos vão deslocar tropas na Europa para países aliados no Báltico a fim de defender o território dos países da aliança militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de eventuais ataques.

“Estas medidas são totalmente defensivas. Não temos intenção de lutar contra a Rússia, mas queremos mandar uma mensagem inequívoca de que EUA e aliados vão defender cada polegada de território da Otan. Ainda achamos que a Rússia está preparada para avançar mais. Espero que estejamos errados”, afirmou.

Entenda o conflito

Desde abril do ano passado a Rússia vinha aumentando o número de tropas na fronteira com a Ucrânia, alimentando receios de que eventualmente invadiria o país vizinho.

Estas preocupações cresceram no final de 2021, quando imagens de satélite mostraram que a Rússia posicionou armamentos pesados na fronteira e após vir à tona que havia mais de cem mil soldados russos às portas da Ucrânia.

Há pouco mais de uma semana, a tensão na região aumentou de novo depois de os Estados Unidos alertarem que a Rússia poderia invadir o país vizinho a qualquer momento.

A Europa e os Estados Unidos chegaram a negociar com o governo russo as condições para que a invasão não fosse adiante, mas a tentativa de acordo fracassou. A Rússia queria proibir a Ucrânia de participar da Otan e buscava uma redução das forças do grupo no Leste Europeu, pedidos rejeitados por Washington e Bruxelas.

Na segunda-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou num pronunciamento que reconheceria a independência de duas regiões separatistas da Ucrânia, Donetsk e Luhansk, e nesta terça-feira (22) recebeu autorização de congressistas para enviar tropas russas a ambos os locais, sob a justificativa de manter a ordem.

Esta não seria a primeira vez em que a Rússia assumiria o controle de partes da Ucrânia sob este tipo de estratégia. Em 2014, a Crimeia, até então parte da Ucrânia, declarou independência unilateralmente e foi anexada pela Rússia, que na época também enviou tropas à região.

Qual o efeito sobre o mercado

O efeito mais visível do conflito é sobre os preços do petróleo. O valor do barril está subindo há meses diante da hipótese de um conflito na região da Ucrânia interferir na oferta da commodity produzida na Rússia. O país é um grande produtor, faz parte dos países aliados à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e é um grande exportador de gás à Europa.

O preço do petróleo tipo Brent, que serve como referência internacional para a commodity, terminou o ano passado perto dos US$ 77 por barril, e nesta terça-feira estava perto de US$ 96, alta de 24,7%, o que coloca a commodity no maior nível desde o final de 2014.

Há, no entanto, outros efeitos colaterais do conflito. O ouro, que tende a se valorizar em momentos de instabilidade global porque é considerado uma reserva de valor, passou de US$ 1.900 por onça, o maior preço desde junho do ano passado.

Além disso, as taxas de juros dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos passaram a cair após a notícia sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia. Isso depois de passarem três meses em alta diante da perspectiva de elevação nos juros americanos.

As taxas dos papéis com vencimento em dez anos chegaram a superar 2% ao ano pela primeira vez desde 2019 neste mês, mas desde então caíram para perto de 1,92%.

Os títulos da dívida dos Estados Unidos, também conhecidos como Treasuries, são considerados investimentos seguros e tendem a subir de preço em momentos de aversão ao risco. Os juros destes papéis se movem na direção contrária à dos preços, caindo quando o mercado busca proteção.

O que fazer para proteger seus investimentos

Em um cenário em que a crise ainda pode durar meses, analistas e gestores recomendam ter uma posição mais defensiva na carteira. A principal preocupação é com um cenário de inflação maior, com os preços de commodities mais elevados. A lista de ativos recomendados varia de títulos de dívida corrigidos pela inflação até ativos no exterior.

Isso poderia levar o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, a ter que intensificar mais a alta da taxa de juros, com impacto para crescimento e para o fluxo de recursos para países emergentes como o Brasil conforme ocorrer o aperto monetário no mercado americano.

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