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Banco Pan (BPAN4) vê inadimplência no pico e explica o que tem feito para controlá-la; ações caem 7%

Banco tem novo aumento na inadimplência e preocupa os investidores

Foto: Shutterstock

O Banco Pan (BPAN3), uma instituição financeira focada em classes mais baixas, não ficou imune aos problemas macroeconômicos e viu a inadimplência no primeiro trimestre aumentar novamente.

O índice para atrasos superiores a 90 dias atingiu 6,8%, crescimento de 0,9 ponto percentual em relação ao último trimestre de 2021 e acréscimo de 1,8 p.p. em comparação aos 5% do primeiro trimestre de 2021.

Após a divulgação dos resultados apresentados, os investidores não viram os números com bons olhos e,  por volta das 16h20, as ações do banco estavam entre as maiores quedas do dia, com tombo de 7,86% e cotadas a R$ 8,44.

A atual conjuntura macroeconômica — formada por uma taxa Selic de 12,75%, após nova alta anunciada pelo Banco Central (BC), e uma elevada taxa de desemprego no patamar de 13,8% — é a principal barreira que o Pan tem enfrentado.

Com a Selic alta, o crédito para o cliente se torna mais caro e menos atrativo, e a elevada taxa de desemprego faz com que os clientes tenham menos recursos para honrar seus compromissos financeiros. Os fatores combinados elevam o risco de crédito e aumentam a inadimplência do banco.

Além disso, o aumento contínuo do índice de inadimplência desde o primeiro trimestre de 2021 traz como consequencia a necessidade da empresa reforçar as provisões para devedores duvidosos (PDD).

No balanço do primeiro trimestre, a empresa estabeleceu como PDD um valor de R$ 506 milhões, 24% superior em relação ao quarto trimestre de 2021 e 177% superior aos R$ 233 milhões do primeiro trimestre de 2021.

O PDD funciona como uma reserva de recursos da qual o banco dispõe para possíveis calotes que a empresa pode enfrentar futuramente. Assim, a empresa fica protegida para suportar eventuais perdas financeiras de clientes não pagantes no período. Tal procedimento deve ser calculado minuciosamente para acertar uma taxa que não afete de forma negativa os resultados da empresa.

No primeiro trimestre, houve um aumento do PDD em relação ao tamanho da carteira média de crédito, que subiu de 4,8% no último trimestre do ano passado para 5,7%.

Porém, em teleconferência nesta quinta-feira (5), o CEO da empresa, Carlos Eduardo Guimarães, disse que a inadimplência já chegou ao pico e este patamar deve se manter durante o resto do ano. Segundo ele, a empresa conta com três pilares que embasam essa previsão.

O primeiro ponto, de acordo com ele, é que, durante os meses de março e abril, já houve uma melhora, com parte dos clientes pagando contas atrasadas, mas também contas que estavam dentro do prazo.

O segundo ponto é a maior rigidez nas cobranças desde o final do ano passado, e, por último, a adoção de uma postura restritiva quanto à originação dos créditos mais arriscados, como cartão de crédito e veículos.

Desde o último trimestre de 2021, a empresa tem reduzido a originação de crédito. O banco originou R$ 2,02 bilhões em novos financiamentos de veículos, redução de 14% em comparação com os R$ 2,3 bilhões do quarto trimestre de 2021 e de 24% em relação aos R$ 2,67 bilhões referentes ao primeiro trimestre de 2021.

Embora o cartão de crédito seja um instrumento importante para o engajamento dos clientes, a empresa se manteve cautelosa e continuou a controlar a emissão de novos cartões, e também impôs limites menores para os clientes.

A originação total de crédito do Pan, portanto, caiu 13% no primeiro trimestre de 2022 na comparação com o último trimestre anterior, de R$ 6,9 bilhões para R$ 6 bilhões.

Para maior proteção, a empresa conta com uma carteira conservadora, fortemente colateralizada. Do total de crédito, 88% são concedidos com garantias pré-aprovadas pelo banco, para amenizar possíveis calotes no futuro.

O crédito cedido que mais garante segurança para a empresa é o consignado e FGTS, pois a cobrança é feita direto da fonte. A carteira de crédito que tem o FGTS como garantia atingiu um total de R$ 16,25 bilhões no primeiro trimestre de 2022, crescimento de 5% em comparação com o último trimestre de 2021 e avanço de 10% em relação ao primeiro trimestre de 2021.

No entanto, a participação desse produto na carteira de crédito total caiu 4 pontos percentuais, para 45%, em comparação com os 49% do primeiro trimestre de 2021.

Outra parte importante da carteira de crédito, embora com maior risco de crédito, é o financiamento de veículo, que manteve a participação estável aos 42%. Este segmento atingiu R$ 15,2 bilhões e cresceu 2% em comparação com o último trimestre de 2021 e teve avanço de 21% em comparação aos R$ 12,5 bilhões do primeiro trimestre de 2021.

Já os cartões de créditos, embora com restrições impostas pelo banco, cresceram 3 p.p. em participação e chegaram a 11% do total da carteira de crédito. O segmento, que no primeiro trimestre de 2021 contava com R$ 2 bilhões financiados por cartões, passou a contar com R$ 3,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano, avanço de 85%.

Mesmo com os desafios macroeconômicos, a carteira de crédito do Pan atingiu R$ 36,2 bilhões e cresceu 4% em comparação aos R$ 34,9 bilhões do quarto trimestre de 2021 e teve avanço de 20% comparado com os R$ 30 bilhões do mesmo período em 2021.

Por outro lado, a margem líquida financeira no primeiro trimestre de 2022 teve uma redução de 0,9 p.p. e ficou em 17,5%, em comparação com o quarto trimestre de 2021. Apesar da queda, a margem se mantém robusta devido ao maior spread cobrado nas operações de crédito e à expansão de novas linhas de crédito com margens maiores.

No final das contas, o Banco Pan apresentou um lucro líquido de R$ 195 milhões, avanço de 3% em comparação com o primeiro e último trimestre de 2021.

Como os analistas veem o Pan?

Dos cinco analistas consultados pela Refinitiv e apresentados na plataforma do TradeMap, um recomenda forte compra, dois recomendam compra e os outros dois recomendam manutenção do papel. A mediana das estimativas para o preço-alvo é de R$ 18,00, uma valorização potencial de 111,76%.

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