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FGTS vira maior “fonte” de crédito do Banco Pan (BPAN4), mas não impede alta da inadimplência

No quarto trimestre, o índice de clientes com atrasos superiores a 90 dias subiu 0,8 ponto percentual, para 6,3%

Foto: Shutterstock

O cenário macroeconômico em 2022 tem representado um obstáculo e tanto para o Banco Pan (BPAN4), uma instituição financeira voltada para os públicos C, D e E. Juros de dois dígitos, inflação crescente e alta taxa de desemprego corroem a renda das classes mais baixas e desafiam o banco a criar alternativas para manter-se competitivo.

O aumento da Selic, que saltou de 2% para 11,75% ao ano nos últimos 12 meses, deixa o crédito mais caro e afasta o cliente que poderia estar disposto a tomar um empréstimo ou fazer um financiamento.

Em um esforço para se proteger em momentos de oscilação econômica, o Banco Pan tem uma estratégia focada em crédito com garantia, concentrada em consignado e financiamento de veículos, que dominam 88% da carteira da instituição.

Ainda assim, o banco não consegue ficar imune. No quarto trimestre do ano passado, os dois principais produtos de crédito da instituição tiveram queda na receita. Enquanto o crédito consignado teve baixa de 27%, o financiamento de veículos recuou 13%, ambos em relação ao quarto trimestre do ano anterior.

E as perspectivas, pelo menos para o curto prazo, são de piora do cenário. O boletim Focus, pesquisa do Banco Central (BC) que reúne as estimativas de economistas do mercado, aponta que o Brasil terá um PIB praticamente estagnado em 2022 e novos aumentos na Selic, que devem terminar o ano a 13%.

Segundo as projeções, os juros só devem voltar a cair a partir de 2023, encerrando o ano que vem a 9%.

A empresa, porém, tem buscado novos caminhos para driblar as adversidades. Em junho do ano passado, a companhia lançou um produto de crédito que, na prática, permite que o cliente faça o resgate antecipado do saque-aniversário do FGTS.

O produto, além de ter o próprio FGTS do cliente como garantia, tem taxas de juros inferiores a outros produtos financeiros, o que gerou uma demanda interessante para o banco.

No quarto trimestre, o crédito com o FGTS como garantia foi o produto do banco que gerou a maior originação para o varejo, com R$ 2,3 bilhões. Desde o lançamento, em junho de 2021, foram R$ 3,8 bilhões em novos créditos para 2,2 milhões de clientes.

Além de ampliar a carteira de crédito, o banco também tem usado o produto de FGTS para aumentar o engajamento dos clientes. Desde o lançamento, de todos os clientes que recorreram a esse tipo de crédito, 66% foram convertidos em usuários ativos de serviços bancários. Isso resulta em margens maiores devido à redução no custo de aquisição de clientes (CAC).

Apesar disso, o Banco Pan tem visto a taxa de inadimplência crescer. No quarto trimestre, o índice de clientes com atrasos superiores a 90 dias subiu 0,8 ponto percentual em um ano, para 6,3%.

Trata-se, porém, de um movimento do sistema financeiro como um todo. Segundo dados do BC, a taxa de inadimplência para pessoa física no Brasil subiu para 3,22% em janeiro de 2022, de 2,89% em janeiro de 2021.

Os principais bancos privados do Brasil também não ficaram imunes. O Bradesco saltou de 2,2% para 2,8%, no quarto trimestre de 2021, ante o quarto trimestre de 2020. E o Itaú Unibanco subiu de 2,3% para 2,5%.

Apesar do aumento da inadimplência, o Banco Pan registrou aumento de 11% no lucro líquido no último trimestre de 2021, para R$ 190 milhões, em relação a igual período do ano anterior, com expansão de 21% no saldo da carteira de crédito, para R$ 34,9 bilhões.

Leia mais:
Banco Pan (BPAN4): Lucro sobe 11% no 4º trimestre de 2021 com aumento de clientes e da carteira de crédito

O Pan também tem buscado aumentar o engajamento dos clientes por outros caminhos. Com a incorporação da Mosaico, empresa dona dos buscadores de preço Zoom, Buscapé e Bondfaro, o banco pretende acelerar o processo de criação do próprio marketplace.

Após dez meses em desenvolvimento, a nova versão do aplicativo do banco está disponível e possui interação com as plataformas da Mosaico, que oferecem financiamentos para os clientes realizarem compras, com objetivo de ampliar as vendas cruzadas.

Como o mercado vê o Banco Pan?

Dos quatro analistas consultados pela Refinitiv e apresentados na plataforma do TradeMap, dois recomendam compra e os outros dois recomendam manutenção do papel. A mediana das estimativas para o preço-alvo é de R$ 17,00, uma valorização potencial de 56,25%. Na terça-feira (5), o preço do ativo fechou em R$ 10,88, queda de 1,63%.

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