Em linha com a direção tomada pelos mercados no exterior, a Bolsa opera em alta pelo terceiro dia seguido, nesta quinta-feira, dia 20. Às 13h40, o principal índice da B3 apresentava valorização de 1,31%, aos 109.432 pontos.
O principal avanço do dia é o Banco Inter (BIDI11), com alta de 13,24%. O papel tem apresentado uma volatilidade acima da média nas últimas semanas. Se não está entre as maiores altas do pregão, está entre as maiores baixas.
Nos últimos 30 dias, o banco teve uma volatilidade anualizada (desvio-padrão) de 105%, contra 81% para os últimos 12 meses. O vaivém ocorre em meio a um movimento de saída feito por um dos principais acionistas da companhias, a gestora carioca Ponta Sul, de Flávio Calp Gondim.
Desde o início do ano, a participação do fundo na empresa já caiu de 11,79% para 3,94%, segundo comunicados oficiais. A cada vez que uma redução é anunciada, o mercado “acompanha” o movimento e a ação despenca. No entanto, não é incomum que uma nova alta ocorra no dia seguinte, puxada por investidores que entendem que o papel ficou barato, o que aumenta a volatilidade.
Diante desse contexto, o BTG Pactual publicou um relatório nesta quinta-feira, no qual avalia uma oportunidade para a compra das ações do Inter. A instituição vê potencial para que o preço por ação alcance R$ 36 nos próximos 12 meses, de R$ 25 na cotação atual, e reitera a recomendação de compra para o papel.
Além da instituição financeira, os destaques positivos do Ibovespa ficam por conta das empresas do ramo de varejo e consumo. “Os setores que apanharam muito por conta do cenário de alta de juros, não só no Brasil, têm se recuperados nos últimos dias”, afirma o sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, Armstrong Hashimoto.
Em mais um dia de alta, as empresas direcionadas ao consumidor final apresentavam bons resultados:

A alta global no preço das commodities também ajuda a puxar o Ibovespa, devido ao peso que algumas empresas têm no volume negociado. “Esse cenário de alta nas commodities aumenta a exportação e receita, favorecendo as companhias. A Petrobras (PETR4), por exemplo, vem num movimento bom e muitas casas ainda acreditam que o papel pode continuar subindo pelas políticas da empresa e últimos resultados, além da forte distribuição de dividendos”, comenta Hashimoto.
As ações da estatal subiam 0,79% nesta quinta. O preço do barril do Brent é negociado a US$ 87,63, enquanto o minério de ferro é negociado próximo a US$ 130.
Essas altas se devem principalmente à China, que reduziu novamente suas taxas de juros, na contramão dos EUA. O país asiático está aumentando a demanda por matérias-primas para estimular a economia e produção, o que acaba subindo o preço das commodities e favorecendo ações de companhias do setor.
O que ainda pode mexer com os mercados
Nesta manhã houve a divulgação dos números de pedidos de seguro-desemprego nos EUA. O resultado veio um pouco abaixo da expectativa, porém, pode ser positivo para o mercado brasileiro.
“Quando saem notícias de que economia dos EUA está se acomodado, como é o caso dos dados de hoje e do payroll (relatório de emprego dos EUA) no começo de janeiro, causa um efeito positivo na renda variável”, afirma Hashimoto, da Venice Investimentos.
A temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos continua a todo vapor. Nesta quinta, a Netflix divulga seus números. Mais cedo, a American Airlines teve queda de 57,2% no prejuízo líquido do quarto trimestre, de US$ 931 milhões. O número se deve, principalmente, ao aumento dos casos de Covid-19 pelo mundo no final do ano passado.
Em Wall Street, todos os índices cresciam mais de 1%. Dow Jones tinha alta de 1,25%, enquanto Nasdaq apontava para cima em 1,81% e o S&P 500, 1,39%. Na Europa, o movimento era semelhante. Das principais bolsas do continente, apenas o FTSE 100, de Londres, tinha queda, de 0,24%. O DAX, da Alemanha, subia 0,49% e o Euro Stox 50 tinha aumento de 0,39%.
No Brasil, às 15h ocorrerá um evento com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Os investidores acompanham atentos se haverá alguma sinalização sobre aumento de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).