Depois de permanecerem fechadas na segunda-feira, as bolsas dos Estados Unidos tomaram um tombo ontem e devem exercer pressão negativa sobre a Bolsa brasileira, que reabre nesta quarta-feira (22) às 13h após o feriado de Carnaval.
Na terça-feira (21), os índices de ações dos EUA fecharam em baixa de 2% ou mais, diante da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode aumentar os juros por mais tempo do que se previa.
Segundo a gestora Capitol Securities, o que aconteceu foi que o mercado começou a se ajustar à possibilidade de os juros dos EUA terminarem o ano num nível maior que o atual, após dados reforçarem que a economia do país segue aquecida.
“Em cerca de duas semanas, as expectativas em relação à política monetária variaram em 0,50 ponto porcentual”, disse a gestora, referindo-se ao quanto aumentaram as previsões para o nível dos juros americanos ao fim de 2023.
“A maioria das pessoas concorda que a recuperação [das Bolsas americanas] em relação às mínimas de outubro foi resultado da crença de que o Fed iria mudar de postura em junho e que as taxas chegariam a dezembro em níveis menores do que os atuais”, acrescentou.
Esse ajuste nas expectativas do mercado também tem outro catalisador. Hoje, às 16h, o Fed divulga a ata de sua reunião de política monetária mais recente. No encontro, o banco central decidiu aumentar os juros em 0,25 ponto porcentual, mas recentemente várias autoridades disseram ter sido favoráveis a uma alta mais intensa.
A ata vai trazer a discussão detalhada das autoridades do Fomc, o comitê de política monetária do Fed, a respeito da decisão, e há expectativa de que o documento indique chances de os juros permanecerem mais altos por mais tempo do que se previa.
Isso mexe com as bolsas porque juros em alta tendem a ser prejudiciais para os preços das ações. Além de desacelerarem a atividade econômica e diminuírem a chance de aumento no lucro das empresas, também ativos de renda fixa mais atraentes, incentivando investidores a migrarem da renda variável para títulos de dívida em busca de retornos mais altos.
No Brasil, o que deve mexer com o mercado nos próximos dias será a prévia da inflação de fevereiro, que será divulgada na sexta-feira (24). A expectativa é de que os dados mostrem uma aceleração da alta de preços em relação a janeiro, principalmente por causa de reajustes em mensalidades escolares e em outros serviços.
O Itaú BBA prevê que o IPCA-15, índice que mede a prévia da inflação, suba 0,73% em fevereiro em base mensal. Em janeiro, a inflação oficial foi de 0,53%.
Confira a agenda da semana:
Quarta-feira
Às 14h, o Banco Central divulga o Boletim Focus, com as projeções de analistas para juros, dólar, câmbio e juros.
Às 16h, o Federal Reserve divulga a ata da última reunião do Fomc (comitê de política monetária).
Quinta-feira
Às 7h, a Zona do Euro divulga o CPI (índice de preços ao consumidor) do bloco comercial em janeiro.
Às 10h30, os Estados Unidos informam a segunda revisão do PIB americano do quarto trimestre.
Sexta-feira
Às 9h, o IBGE informa o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro.
Às 9h30, o Banco Central publica a nota do setor externo, com informações das transações do Brasil com outros países em janeiro.
Às 10h30, os Estados Unidos informam o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal) de janeiro.