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As três preocupações do UBS-BB com o investimento da Cosan (CSAN3) na Vale (VALE3)

Estratégia, complexidade e endividamento levantam questões entre investidores, segundo o banco

Foto: Divulgação

A participação de 4,9% na Vale (VALE3) atingida pela Cosan (CSAN3) na última sexta-feira (7), além da intenção de comprar mais uma fatia de 1,6%, diversifica os negócios da holding, diz o UBS-BB por meio da entrada em um ativo único, em uma indústria em que o Brasil tem vantagens competitivas.

“Vemos o movimento como outra diversificação para a holding, o que poderia ser positivo”, afirmam os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Andreas Bokkenheuser, em relatório distribuído nesta terça-feira (11). “Além disso, a aquisição faz parte da estratégia de longo prazo da Cosan em direção a descarbonização e transição energética”, completam.

A operação, no entanto, traz três preocupações centrais, segundo os analistas: a baixa visibilidade de como a Cosan pode somar aos negócios da Vale no curto prazo; o aumento na pressão financeira da holding; e a adição de uma nova camada de complexidade para a Cosan, o que já era uma das principais preocupações dos investidores em relação à empresa.

O primeiro questionamento, então, diz respeito aos objetivos da aquisição mencionados pela Cosan. De acordo com a holding, sua intenção é de dar suporte à gestão e à estratégia da Vale para ajudar a destravar valor na mineradora. A visão dos investidores, porém, é que há pouca visibilidade sobre como isso pode ser feito, dizem os analistas.

Ainda, o UBS-BB pontua que, no curto prazo, tem uma visão pessimista em relação à Vale, recomendando a venda da ação. Os principais motivos por trás da cautela, segundo os analistas, são a perspectiva de queda na demanda por minério de ferro; a continuidade na alta dos custos de matérias-primas; e o potencial de aumento de oferta global, com os principais players conduzindo ambiciosos planos de crescimento.

Neste ponto, porém, os analistas ressaltam que a estrutura da aquisição oferece limites de downside e upside para as ações da Vale, e permite que a Cosan deixe a companhia a qualquer momento caso não seja capaz de alcançar seus objetivos.

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A segunda preocupação levantada pelo UBS-BB é o endividamento da Cosan, considerando o custo de aquisição da fatia de 4,9%, estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 19 bilhões, ainda que a expectativa seja de um impacto pequeno na alavancagem (dívida líquida/Ebitda), diz o banco.

Um alívio nesta frente, na avaliação do UBS-BB, é a afirmação da Cosan de que esta operação não afeta os planos de investimento de suas subsidiárias e que não irá precisar emitir ações para financiar a transação. Além disso, a holding declarou que irá buscar ativos em seu portfólio que poderiam ser vendidos para gerar caixa.

Por fim, o banco também teme que a transação adicione uma nova camada de complexidade para a holding, especialmente considerando sua estratégia até então, que era de deter participações de controle em seus negócios, contribuindo para sua gestão e estratégia. “A aquisição de uma fatia minoritária na Vale levanta a questão, então, de como isso se encaixa na Cosan”, afirmam os analistas.

Apesar das preocupações, os analistas do UBS-BB reiteraram sua recomendação de compra para as ações da Cosan, com preço-alvo de R$ 26, o que representa alta de 69% em relação ao valor do papel no fechamento da última segunda-feira (10), de R$ 15,40.

Depois de fecharem o pregão de segunda em baixa de 7,5%, as ações subiam 2,73% por volta das 13h40 desta terça- a R$ 15,82.

A recomendação do banco também é de compra para as ações de suas duas subsidiárias listadas, a Raízen (RAIZ4) e a Rumo (RAIL3), com preços-alvo de R$ 7,50 e R$ 25,50, respectivamente (potencial de alta de 84% e 40%).

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