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As aquisições da Arezzo (ARZZ3) e os efeitos sobre os resultados da companhia; confira análise

AR&CO supera Schutz e se torna a segunda colocada em participação na receita bruta da Arezzo

Foto: divulgação

Quem se arrisca a ter uma empresa do varejo não demora a descobrir que vai se deparar, no dia a dia, com uma dura competição, em um setor conhecido pela alta fragmentação de mercado.

Embora haja diversas maneiras de se diferenciar dos concorrentes, as vantagens acabam não sendo tão expressivas, o que se torna um desafio para as margens de lucro dos negócios.

Uma das alternativas para driblar isso é comprar o colega do lado. Assim, um concorrente é “eliminado” e a companhia passa a ter uma participação maior no mercado, tendo mais liberdade para mexer nos preços.

A Arezzo&Co, um dos principais nomes do varejo de roupas e calçados do Brasil, tem seguido essa estratégia com força nos últimos anos.

As aquisições feitas não só aumentaram o tamanho da companhia, como também deixaram o portfólio mais diversificado, reforçando a intenção da empresa de ser uma “casa de marcas”.

Confira os movimentos feitos desde 2019:

2019 – Licenciamento da marca Vans no Brasil;

2020 – Incorporação do Grupo Reserva e aquisição de 75% do brechó online Troc;

2021 – Aquisição de Baw Clothing, MyShoes e Carol Bassi

Leia Mais: Arezzo (ARZZ3) compra marca Carol Bassi por R$ 180 mi

Por meio do balanço do quarto trimestre, é possível ter uma noção do efeito das aquisições no números da Arezzo&Co, com exceção da Carol Bassi, de roupas femininas, cuja compra foi anunciada em novembro.

O impacto mais claro é na receita bruta do grupo, que mais do que dobrou em três anos. Nos últimos três meses de 2021, atingiu o montante de R$ 1,32 bilhão, alta de 167% em relação a igual período de 2018, o último balanço antes do início das aquisições.

Trata-se de um crescimento médio ao ano (CAGR) de 27,89%. Nos três anos anteriores, entre 2015 e 2018, a receita bruta teve uma expansão média ao ano de 8,04%.

 

 

A margem líquida, porém, enfrentou dificuldades nos últimos dois anos, em razão do aumento das despesas financeiras da companhia, uma vez que as aquisições geraram um maior endividamento. No quarto trimestre de 2021, a margem líquida era de 8,39%, abaixo dos 12,54% do quarto trimestre de 2019.

Por outro lado, a margem bruta cresceu no período, de 46,66% para 54%, graças a uma melhora na operação internacional, mas também com uma contribuição das adquiridas, com maior participação do e-commerce.

Outro efeito interessante é o crescimento do ativo intangível, como são chamados os ativos não físicos por natureza, mas que agregam valor à empresa, como softwares, marcas e patentes, direitos autorais, entre outros.

A empresa teve um aumento de 1.252,4% no seu ativo intangível, saindo de R$ 75,04 milhões para um valor de R$ 1,01 bilhão. Isso afeta diretamente o preço sobre valor patrimonial da empresa, uma redução de 38,06%, obtendo um múltiplo de 4,8 vezes para o ano de 2021 e tornado-a mais atrativa para os investidores.

Quem ajudou mais?

De acordo com os números do balanço da Arezzo&Co, as maiores contribuições para os resultado do quarto trimestre, entre as adquiridas, vieram da Reserva, que virou AR&CO, e da Baw Clothing, que passou a ser controlada pela AR&CO.

No ano de 2021, que marcou o primeiro ciclo de 12 meses do novo negócio, a receita bruta atingiu R$ 758,8 milhões. No quarto trimestre, foram R$ 342,7 milhões, expansão de 87% em comparação ao quarto trimestre do ano anterior.

Com o desempenho, a participação da AR&CO na receita bruta total do grupo saltou para 23,3% no quarto trimestre, superando a marca Shutz e se tornando a segunda maior marca do portfólio, atrás apenas da marca Arezzo.

No último trimestre de 2020, a participação da AR&CO era de um pouco mais da metade, de 12,5%, à frente apenas da marca Anacapri.

Além de contribuir com as lojas que já tinha, a AR&CO ainda inaugurou 14 novas unidades próprias em 2021, passando a ter uma rede de 89 pontos. As franquias cresceram 54% e agora são 57 unidades. O grupo, portanto, tem uma rede total de 146 lojas.

Com o aumento da rede, a AR&CO teve, no quarto trimestre, uma expansão anual de 90% nas vendas diretas ao consumidor, uma métrica na qual são removidos os intermediários da cadeia de produção e distribuição (atacado e varejo), com as vendas partindo diretamente do e-commerce ou de lojas próprias para o cliente final.

Competição

Em relação aos concorrentes, é possível situar a Arezzo&Co em uma comparação de indicadores de rentabilidade, endividamento e eficiência.

Indicadores Arezzo Grendene Alpargatas
ROIC 19,20% 8,09% 15,86%
M. Ebitda 19,64% 20,69% 18,72%
Dív. Liq./Ebitda 0,47 -2,31 -0,64
CAGR Rec. 5a 18,73% 2,75% -0,53%

No caso da rentabilidade, a companhia tem um retorno sobre capital investido (ROIC)  de 19,2%, o que mostra que a empresa tem boa capacidade de gerar rentabilidade através do capital próprio e de terceiros, se destacando entre as concorrentes Grendene e Alpargatas.

No indicador de dívida líquida sobre Ebitda, a empresa apresenta um grau de endividamento saudável no qual demonstra sua capacidade de arcar com a dívida líquida através das receitas operacionais em um curto período, embora as concorrentes apresentem dados melhores.

Na eficiência, nota-se uma margem Ebitda bastante competitiva, em comparação com as outras empresas, apesar do varejo estar passando por períodos turbulentos quanto às margens.

Já o indicador de crescimento ressalta a fase da Arezzo&Co como uma empresa de forte crescimento no setor, sendo a melhor colocada com ampla diferença entre as concorrentes apresentando uma expansão médio anual da receita de 18,73% nos últimos cinco anos, principalmente em razão das aquisições.

Apesar de uma perspectiva difícil para o varejo em 2022, em razão do aumento da taxa de juros, a Arezzo apresenta um alto potencial de crescimento através das diversificações de produtos e aquisições de novas marcas no setor de moda.

Por meio de dados compilados pelo Refinitiv, retirados da plataforma TradeMap, 11 de 12 analistas recomendam compra do papel, sendo que apenas um recomenda manutenção. A mediana das estimativas aponta para um preço-alvo de R$ 104, uma valorização potencial de 16,24%.

Por volta das 16h30, o papel era cotado a R$ 89,47, em alta de 0,39%.

 

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