Após críticas de Bolsonaro, Petrobras (PETR4) promete medidas para garantir fornecimento de gás da Bolívia

Quebra de contrato de empresa boliviana pode ter contribuído para troca no comando da Petrobras, diz jornal

Foto: Shutterstock

Depois de ser comunicada que a YFPB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), com quem tem um contrato de compra e venda de gás natural desde 1996, reduziu o fornecimento da commodity, a Petrobras (PETR4) informou, em comunicado ao mercado na noite desta terça-feira (24), que irá tomar providências para que a boliviana cumpra sua parte no acordo.

Apesar dos contratempos na parceria, com a boliviana passando a entregar menos gás natural do que o previsto no acordo entre as companhias, a Petrobras garantiu que irá cumprir seus contratos com clientes.

Segundo a petroleira, os contratos de venda de gás pela Petrobras possuem preço previamente estabelecido, e os acordos com clientes não são afetados por situações pontuais de falhas com fornecedores.

O contrato entre a Petrobras e a YPFB prevê consequências ao fornecedor em caso de falha de fornecimento, e a Petrobras irá aplicá-las contra a YPFB.

“A Petrobras reafirma o seu compromisso com os seus clientes e com o cumprimento das condições estabelecidas contratualmente, assim como o seu comprometimento com o desenvolvimento de um mercado de gás aberto, competitivo e sustentável no país”, diz o comunicado.

Entenda o negócio

O contrato assinado entre a Petrobras e a YPFB em 1996 era de 30 milhões de m³ de gás natural por dia.

Mais tarde, em 2019, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) estabeleceu uma resolução recomendando a criação de condições para facilitar a participação de empresas privadas na oferta de gás natural importado, em especial o gás boliviano.

No mesmo ano, a Petrobras celebrou um termo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) prevendo alguns compromissos com o objetivo de abrir o mercado de gás. Nesse contexto, em 2020, a Petrobras reduziu os volumes contratados da YPFB para 20 milhões de m³ por dia.

Porém, em abril deste ano, a YPFB divulgou que assinou um contrato de venda de volumes adicionais de gás para a Argentina durante o inverno a preços mais elevados – e, com isso, informou a Petrobras que, a partir de maio, reduziria em 4 milhões de m³ por dia as entregas para a brasileira.

Troca no comando da estatal

O corte no fornecimento de gás natural da Bolívia pode ter contribuído para a queda de José Mauro Coelho Ferreira da presidência da Petrobras, decisão anunciada pelo Ministério de Minas e Energia na noite de segunda-feira (23), de acordo com reportagem do jornal O Globo.

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A decisão de corte de fornecimento pela Bolívia desagradou o presidente Jair Bolsonaro, segundo vídeo compartilhado pelo próprio presidente em sua conta no Twitter na noite de ontem.

No vídeo, Bolsonaro afirma: “A Bolívia cortou 30% do nosso gás para entregar para a Argentina. Como agiu a Petrobras nessa questão também? O gás, se tiver que comprar de outro local, é cinco vezes mais caro. Quem vai pagar a conta? E quem vai ser o responsável? É um negócio que parece orquestrado para exatamente favorecer vocês sabem quem.”

Em meio a este imbróglio, as ações da Petrobras tiveram um dia de queda nesta terça-feira. Os papéis ordinários da estatal (PETR3) fecharam em baixa de 2,83%, a R$ 34,40, enquanto os preferenciais (PETR4) recuaram 2,89%, a R$ 31,60.

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