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Analistas ignoram frustração com a XP (XPBR31) e seguem otimistas com BTG (BPAC11)

Diversificação de operações e de clientes impulsionam viés positivo; balanço do primeiro trimestre será divulgado na segunda-feira

Foto: Shutterstock

Após os resultados frustrantes da XP (XPBR31) no primeiro trimestre, que fizeram as ações do grupo derreterem na bolsa de Nova York, aumentam as expectativas para o balanço do BTG Pactual (BPAC11), que será divulgado nesta segunda-feira (9), antes da abertura do mercado.

Apesar de reconhecerem a pressão gerada pela desaceleração do mercado de capitais nos últimos meses em meio à escalada dos juros domésticos, analistas mantêm o viés positivo para o desempenho do banco de investimentos entre os meses de janeiro e março.

O tom otimista é pautado pela maior diversificação de operações do BTG e pelo perfil de clientes. Enquanto a XP é direcionada para os investidores pessoas físicas — mais sujeitos a fugir do mercado de ações e buscar segurança na renda fixa em momentos de turbulência —, o BTG mantém em sua carteira clientes institucionais e com maior poder aquisitivo.

Para Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research, este perfil deixa o banco de investimentos em uma posição de vantagem e faz com que a instituição gere lucro, a despeito da elevação da Selic ao patamar de dois dígitos.

“Se os juros vão a 2%, os investidores buscam uma forma de retorno em mercados de capitais. Se vai a 10%, procuram outra. Mas tudo isso é feito dentro das opções que o BTG oferece, eles não precisam tirar o dinheiro de dentro do banco”, explica em entrevista à Agência TradeMap.

Na terça-feira, a XP divulgou seu balanço do primeiro trimestre mostrou uma perda de fôlego na captação líquida com clientes, que somou R$ 46 bilhões, queda de 5% em relação a igual período do ano passado, em meio a um cenário de juros mais altos, que tira atratividade dos investimentos em renda variável; estagnação econômica, que restringe a possibilidade de poupança, e maior concorrência de outras plataformas voltadas para o varejo.

Além das questões estruturais, a queda da XP pode ter relação com a associação que o mercado internacional faz com demais companhias financeiras brasileiras pautadas na tecnologia, principalmente o Nubank (NUBR33), afirma a especialista.

A fintech passa por um momento de forte pressão e viu, nesta semana, as suas ações derreterem para a mínima desde a abertura do capital em Nova York, em dezembro do ano passado. Desde o IPO, realizado em dezembro, os papéis do banco digital acumulam queda de 49,37%, a US$ 5,23.

“O fluxo lá fora derrubou as ações [da XP e da Nubank] praticamente juntas”, diz. Já o BTG está associado aos bancos tradicionais — apesar de não ser necessariamente um —, que passam por um momento de estabilidade.

Em relatório divulgado na quarta-feira (4), a Eleven Financial manteve o BTG como a ação preferida do setor em 2022 e reiterou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 33 para o final de 2022 e alta de 50% em relação ao fechamento desta sexta-feira (5), de R$ 21,90. 

A casa reconheceu o atual clima de instabilidade no mercado, mas ponderou que o banco de investimentos está “bem posicionado” ao citar a não concentração de suas operações em classes mais baixas — as mais afetadas pela alta da inflação —, e a diversificação de receita.

Segundo Raul Grego, analista CNPI, e Carlos Daltozo, head de renda variável, a situação deixa o BTG “menos dependente de um só produto, conseguindo fazer um melhor controle de despesas e proteger melhor suas margens.” A Eleven estima que o banco de investimentos registrará lucro líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre, alta de 51% em comparação ao mesmo período do ano passado.

Os analistas afirmaram que esperam que algumas linhas de negócio ganhem mais destaque que outras “diante do cenário macroeconômico desafiador que estamos vivendo”. A parte de Investment Banking (operações financeiras para clientes institucionais ou de alto nível) deverá ser mais pressionadas pelo desaquecimento do mercado, além da volatilidade do cenário eleitoral e atividades mais fracas para a emissão de dívidas.

Já áreas de Asset (gestão de investimentos) e Wealth Management (gestão patrimonial), “têm maior recorrência e trazem mais resiliência para o resultado”. “Estimamos um trimestre positivo para a instituição, mas sem muita alteração em relação ao trimestre anterior”, afirmaram.

Os analistas do Itaú BBA também destacaram o potencial do BTG apresentar bons resultados no balanço com um relatório que traz o sugestivo título “Seus problemas não são meus”, em alusão ao resultado decepcionante de outros bancos.

O resultado positivo, mas não “brilhante”, é pela resiliência do BTG em atravessar o clima que pesou sobre o setor financeiro. “Estamos confiantes que os problemas micro que vêm afetando os bancos (crédito) ou outras plataformas de investimento (fracas taxas de retorno sobre ativos) não devem se materializar para o BTG”, escreveram.

O Itaú BBA segurou a projeção de R$ 1,7 bilhão em lucro líquido no primeiro trimestre, alta de 41% em paralelo a janeiro e março de 2021. Para os analistas, as ações do BTG estão baratas, gerando um bom ponto de entrada para investidores.

A entidade também reiterou que a ação do banco de investimentos é a favorita entre as empresas consideradas de crescimento. O preço-alvo dos papéis também foi fixado a R$ 33.

Com um tom mais cauteloso, o UBS-BB afirmou em relatório que o BTG deve apresentar resultados estáveis no primeiro trimestre. O banco projeta lucro líquido de R$ 1,7 bilhão, 2,2% abaixo do registrado no último trimestre de 2021, e alta de 45,6% ao registrado entre janeiro e março do ano passado.

“As primeiras linhas do balanço [com dados de receita] pode indicar um desempenho modesto do IB [Investment Banking], enquanto empréstimos, vendas e negociações podem apresentar expansão sequencial”, escreveu a equipe de análise, que estima um preço-alvo de R$ 31 para o BTG, com uma posição neutra.

Como fatores de risco, o UBS-BB citou as investigações que o BTG enfrentou nos últimos anos. Em 2015, o presidente do Conselho, André Esteves, foi afastado após ter sido acusado de obstrução de justiça. O banqueiro foi absolvido em 2018 e oficializou o seu retorno ao comando da instituição neste ano.

A equipe de análise ainda apontou o cenário macro e o quadro político brasileiro como fontes de pressão ao mercado de capitais nos próximos meses.

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