Depois de lucrar R$ 241 milhões no terceiro trimestre de 2021, o resultado da Americanas (AMER3) inverteu de sinal e a varejista fechou o mesmo período deste ano com prejuízo de R$ 211,6 milhões, impactada principalmente pela redução nas vendas de produtos mais caros, como eletrônicos.
Este impacto, contudo, já estava no radar do mercado, com analistas prevendo que a empresa fecharia o trimestre no vermelho. A XP Investimentos esperava um prejuízo de R$ 344 milhões, enquanto o Itaú BBA projetava perdas de R$ 256 milhões e o Bank of America apostava em prejuízo de R$ 353 milhões.
“Uma desaceleração aguda na venda de eletrônicos e eletrodomésticos de ticket alto deve levar a uma queda no GMV no terceiro trimestre. A fraca alavancagem operacional pode pressionar ainda mais a margem Ebitda, enquanto despesas financeiras mais altas contribuem para um maior prejuízo líquido”, escreveram analistas do BofA, em relatório de prévia do balanço.
Além da desaceleração nas vendas de produtos de ticket mais alto, como os eletrônicos, o prejuízo também foi impactado por uma decisão estratégica da Americanas, que optou por “ser menos agressiva comercialmente para preservar a margem bruta em um cenário de baixa demanda e alta competição”, afirma a empresa, no relatório de balanço publicado na noite desta quinta-feira (10).
Com isso, a receita líquida apresentou contração de 13,4% entre o terceiro trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, para R$ 5,43 bilhões. A margem bruta, por sua vez, cresceu 0,5 p.p (ponto percentual) no período, para 31,9%.
Outro fator que afetou o resultado da varejista foi o resultado financeiro, que atingiu R$ 612,6 milhões negativos entre julho e setembro deste ano, piora de 113,9% em relação a igual período de 2021, refletindo a elevação da taxa Selic entre os períodos.
Na frente operacional, o valor geral dos produtos vendidos pela varejista, métrica conhecida como GMV, totalizou R$ 11,8 bilhões no trimestre, queda de 8,3% em relação ao mesmo período de 2021, devido principalmente ao valor vendido no e-commerce, que caiu 14,4%, para R$ 8,5 bilhões.
Por outro lado, o GMV das lojas físicas anotou expansão de 12,4% na base anual, fechando o trimestre em R$ 3,3 bilhões.
Diante da desaceleração da receita, a companhia adotou medidas de ajustes de despesas, mas que ainda não surtiram efeito. “O impacto destes ajustes ocorridos ao longo do trimestre só deve se refletir totalmente no quarto trimestre e, por conta desse descasamento, a margem Ebitda foi impactada negativamente no terceiro trimestre”, explica a Americanas.
A companhia fechou o período com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 582,3 milhões, 21,6% menor do que o anotado nos mesmos três meses de 2021, enquanto a margem Ebitda caiu 1,1 p.p., para 10,7%.