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Ambev (ABEV3): Receita será maior no segundo trimestre e há melhoras à frente, veem analistas

Fatores macroeconômicos podem impactar a situação momentânea, mas o final de ano deve ser muito positivo para a companhia

Fábrica da Ambev em Camaçari, na Bahia. Foto: Shutterstock

A Ambev (ABEV3), uma das maiores empresas de bebidas do mundo, deve ter um segundo trimestre de melhoras na operação, mas o avanço maior está por vir nos próximos meses. É o que projetam analistas sobre o balanço da companhia que será divulgado na próxima quinta-feira (28), antes da abertura do mercado.

De acordo com eles, alguns fatores macroeconômicos podem afetar de forma negativa a fabricante de bebidas momentaneamente, mas o segundo semestre deste ano deve ser mais favorável, levando em conta o período agitado com as eleições brasileiras e Copa do Mundo.

“A companhia deve mostrar margens mais comprimidas no segundo trimestre de 2022, mas com uma receita melhor do que um  ano atrás”, diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

De abril a junho do ano passado, a Ambev registrou R$ 15,71 bilhões em receita líquida, um avanço de 35,3% em relação ao mesmo período de 2020. 

Quem também espera um aumento da receita da companhia no segundo trimestre deste ano é Leonardo Alencar, analista dos setores de agro, alimentos e bebidas da XP. Em relatório publicado neste mês, ele projetou que a Ambev apresente uma receita líquida de R$ 17,46 bilhões no período, o que representaria um avanço de 10,76% na comparação anual.

Ao mesmo tempo, Alencar projeta que a margem bruta atinja 46,6%, sendo menor que os 49,3% anotados entre abril e junho de 2021.

“O segundo trimestre de 2022 não deve animar os investidores. Mesmo com um possível crescimento na receita líquida, os custos ainda serão um vento contrário, ainda com um aumento nas despesas administrativas e com vendas pressionando o resultado final”, afirmou o analista da XP.

Cruz, da RB Investimentos, vê a receita da empresa aumentar no segundo trimestre por conta de uma normalização no calendário de eventos pelo Brasil, que haviam sido prejudicados desde 2020 devido à pandemia de Covid-19.

“Não tivemos o Carnaval em fevereiro, mas houve comemorações em abril, as festas de São João no Nordeste e vários shows, além de mais confraternizações entre famílias e idas a bares. Mesmo com novas variantes da doença, as pessoas não deixaram de circular como em outros momentos da pandemia”, destaca Cruz.

Segundo o Bank of America (BofA), a receita da Ambev deve subir 8% no segundo trimestre impulsionada pelo consumo de bebidas no mercado brasileiro e na América Latina. O banco espera um crescimento no volume de cervejas no Brasil semelhante ao registrado no primeiro trimestre — de 2,6%, na comparação anual.

O Itaú BBA, por sua vez, vê a empresa tendo receita líquida 14,3% maior em relação a igual período anterior, atingindo R$ 17,95 bilhões. 

Embora projete um aumento no volume e ganhos na participação de mercado, a instituição afirma que a companhia ainda enfrenta um ambiente de consumo difícil. “Nesse sentido, esperamos que os volumes de cerveja no mercado brasileiro da Ambev aumentem 5% na comparação anual”, diz o analista Gustavo Troyano.

Receita “resiliente”

A pandemia de Covid-19 afetou a receita de diversas empresas. Contudo, a Ambev conseguiu se mostrar resiliente durante o período, apontam analistas. Uma das estratégias da empresa foi diversificar sua atuação, com destaque para a operação do Zé Delivery, aplicativo de entrega de bebidas lançado pela Ambev em 2016.

Sérgio Castro, analista CNPI da Agência TradeMap destaca que, mesmo com seis anos de existência, o app cresceu com mais força durante a pandemia, “quando as pessoas passaram mais tempo em casa e usaram esse meio de compra com mais recorrência”.

Isso pode ser visto nos balanços da empresa de 2020 para cá. No segundo trimestre de 2019, por exemplo, antes da pandemia, a Ambev anotou R$ 12,14 bilhões em receita líquida.

No ano seguinte, o montante recuou de forma leve, para R$ 11,61 bilhões. E, no segundo trimestre de 2021, atingiu R$ 15,71 bilhões, valor até maior queo registrado no período anterior à pandemia.

Receita da Ambev ao longo dos últimos anos

Em evento com investidores realizado em abril, a Ambev informou que o volume de pedidos no Zé Delivery representava 6% do total e que o aplicativo já está presente em cerca de 300 cidades, cem a mais do que em 2020.

Régis Chinchilla e Luis Novaes, analistas da Terra Investimentos, avaliam que a estabilização do preço de algumas commodities e um “alívio inflacionário” no cenário nacional podem trazer boas perspectivas para as margens da companhia no futuro. “Os custos devem ser menores e a receita deve continuar crescendo”, avaliam.

Competição com Heineken

Mas é fato que, nos últimos anos, a fabricante de bebidas tem encarado a atuação de um grande competidor: a Heineken. Sobre isso, o Itaú BBA acredita que os aumentos de preços da concorrente podem ter gerado algum ganho de participação de mercado pela Ambev no segundo trimestre.

Apesar das piores condições climáticas e base de comparação mais dura, os volumes continuaram se recuperando.”, destacaram Isabella Simonato, Guilherme Palhares e Fernando Olvera, analistas do BofA, em relatório.

Gustavo Cruz, da RB, vê a competição acirrada no segundo e nos próximos trimestres. Para ele, a Ambev pode ganhar participação em cima da concorrente com um crescimento no ramo de bebidas não alcoólicas.

Expectativa alta para último trimestre

A aposta do mercado é que o fim do ano seja muito positivo para a empresa, devido ao calendário de eventos com eleições da Copa do Mundo de futebol, além de Natal e Réveilloin.

“É possível que o desempenho da companhia melhore mais no segundo semestre com a inflação se mantendo em níveis menores e uma demanda maior ocasionada pelo esperado fim completo da pandemia”, avaliam Régis Chinchilla e Luis Novaes, analistas da Terra Investimentos.

“Quando conversei recentemente com representantes da empresa, eles disseram que esperam que seja um estímulo extra para as vendas ter a Copa no verão, seguida de Ano-Novo e Carnaval em fevereiro de 2021. Com tudo isso, dando certo, a Ambev deve ter um final de ano bem positivo”, avalia Cruz, da RB Investimentos.

Projeções refinitiv AMbev
Arte: Rachel Santos/TradeMap

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