Depois de muita negociação e polêmica envolvendo os acionistas minoritários, o empresário Nelson Tanure assumiu o controle da Alliar (AALR3), com uma participação de 63,28%. Do total, cerca de 38%, ou 44.915.088 ações, foram adquiridas do bloco de controle. A operação de compra e venda de ações da companhia para o Fonte de Saúde Fundo de Investimento foi concluída na quinta-feira (14).
No total, Tanure pagou R$ 1,25 bilhão pela fatia, e com a nova participação na empresa, ele será obrigado a realizar uma oferta pública de ações (OPA) aos minoritários nas mesmas condições pagas aos antigos controladores. Cada papel foi avaliado a R$ 20,71, um valor 9,29% maior que o preço do fechamento do pregão de quarta-feira (13).
Além disso, a Alliar comunicou que o conselho de administração terá mudanças. Nos lugares de Roberto Kalil Issa, Sergio Tufik, Ana Teresa do Amaral Meirelles e Ana Paula Alves, que renunciaram seus postos, entrarão para um mandato de dois anos — Nelson Tanure, como presidente do conselho de administração; Isabella Tanure Correa, João Pedro Martins do Couto de Figueiredo, José Carlos de Araújo Pedrosa, Guilherme Luis Pesenti e Silva.
Entenda a movimentação
Desde o ano passado, a Alliar tem sido alvo de tentativas de aquisição. A Rede D’Or fez a primeira oferta, o Fleury indicou que teria interesse, mas quem levou foi Tanure. Ele comprou pouco mais de um quarto da companhia em agosto de 2021, o que lhe conferiu o status de maior acionista individual da empresa.
A iniciativa fez outros acionistas se mexerem. Os dois médicos fundadores da companhia, Roberto Kalil e Sergio Tufik, se juntaram a 48 acionistas minoritários e fizeram um acordo para formar um bloco representando uma participação de 50,2% da Alliar, garantindo o controle do negócio.
O bloco, então, deu início a uma negociação com Tanure, que culminou com o anúncio de um acordo em dezembro: o empresário compraria a fatia deste bloco pagando R$ 20,50 por ação – quase o dobro dos R$ 11,50 que a Rede D’Or havia proposto, e o equivalente a R$ 1,27 bilhão.
No entanto, o acordo previa que a compra poderia ser parcelada – uma parte agora e o restante num período de até dois anos.
O formato da proposta desagradou os minoritários da Alliar que ficaram fora do bloco de controle, porque eles viram o acordo como uma tentativa de burlar uma regra que obrigaria Tanure a comprar a empresa inteira pelo mesmo valor proposto aos 50 acionistas.
Não por acaso, no dia seguinte ao anúncio do acordo, em dezembro, a ação da companhia caiu 20,4%, refletindo a venda do papel por investidores que tinham comprado a ação esperando que a empresa fosse adquirida na íntegra pelo empresário.
Diante da repercussão negativa, a MAM Asset Management, gestora que representa Tanure na operação, chegou a divulgar um comunicado rebatendo a acusação.
Na ocasião, a gestora disse que o acordo prevê a possibilidade de o empresário assumir o controle da empresa de imediato, mas incluiu a hipótese de parcelamento apenas para permitir a permanência dos acionistas do atual bloco de controle, “haja vista a sua importância para o desenvolvimento da companhia e a crença no seu potencial de crescimento”.