Ação da Rumo (RAIL3) cai 7% após elevar expectativa de desembolso com investimentos

O anúncio de início de construção da primeira fase do terminal de carga no Mato Grosso pela Rumo (RAIL3), empresa de logística do conglomerado Cosan (CSAN3), traz mais visibilidade sobre um projeto com potencial de aumentar significativamente os volumes transportados pela companhia, além de poder elevar as tarifas cobradas.

No entanto, além de comunicar que daria início às obras, a companhia também informou que espera gastar entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões nesta fase do projeto, e elevou sua projeção de investimentos (Capex) para o projeto completo do intervalo entre R$ 9 e R$ 11 bilhões para entre R$ 14 bilhões e R$ 15 bilhões.

“Acreditamos que, apesar da maior visibilidade, os investidores podem olhar para o maior guidance de Capex com preocupação”, afirmam Daniel Sasson e Larissa Pérez, analistas do Itaú BBA, em relatório distribuído nesta sexta-feira (4).

Veja:
Rumo (RAIL3) anuncia investimento de até R$ 4,5 bilhões em terminal no Mato Grosso

Neste contexto, as ações da Rumo figuravam entre as maiores quedas do Ibovespa por volta das 16h desta sexta, recuando 7,01%, a R$ 20,29.

Além disso, os analistas do BBA mencionam temores de potenciais novos aumentos nas projeções de investimento, causadas por razões como inflação nos custos, como fatores por trás da reação negativa do mercado ao anúncio.

A primeira fase da extensão, que tem como destino final o município de Lucas do Rio Verde, consiste em uma faixa de cerca de 211 quilômetros entre as cidades de Rondonópolis e Campo Verde.

A expectativa da Rumo é que as obras levem três anos, de modo que o trecho deve entrar em operação no primeiro trimestre de 2026. Além disso, a companhia informou que pretende financiar o projeto por meio de sua posição de caixa atual, da geração de caixa futura e de linhas de crédito de longo prazo.

Pontos positivos

O pessimismo do mercado pareceu ignorar declarações feitas pela companhia afirmando que esse aumento nos investimentos deve ser compensado por melhorias esperadas no rendimento, sustentando os retornos do projeto a níveis atrativos. Em outras palavras, a expectativa da empresa é que a construção do projeto aumente seu poder de barganha na região, o que elevaria seus rendimentos.

Alguns pontos positivos do anúncio, na avaliação do BBA, são a maior visibilidade sobre o cronograma de um projeto que, na visão dos analistas do banco, é “transformacional” para a Rumo, com potencial significativo de aumento de volumes e de fortalecer o posicionamento da companhia na negociação de tarifas.

O BBA também destaca a afirmação da companhia de que a primeira fase já oferece potencial positivo de retorno financeiro, com IRR (taxa interna de retorno, métrica utilizada para analisar o percentual de retorno financeiro de um projeto) entre 12% e 14%, a depender do volume transportado, que a empresa estima entre 10 milhões e 30 milhões de toneladas.

A expectativa de Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Martins, analistas do Goldman Sachs, é de um IRR de cerca de 16% para o projeto todo, segundo relatório da noite de ontem (3).

Por fim, o BBA considera positivo o fato de a Rumo ter encontrado um parceiro estratégico para a construção de um terminal com capacidade de 10 milhões de toneladas em Campo Verde, o que deve ajudar a reduzir riscos do projeto.

Riscos

Além de potenciais novos aumentos na projeção de investimentos, o BBA também alerta para a possibilidade de a companhia enfrentar algum cenário desafiador e não conseguir elevar seus rendimentos na região de maneira significativa, o que afetaria o retorno do projeto.

Já o Goldman aponta que os investimentos mais altos do que os inicialmente projetados criam riscos de que o projeto não alcance suas estimativas de retorno.

Por fim, os analistas do BBA afirmam ainda ser preciso entender se as próximas fases do processo serão executadas rapidamente ou não.

Ação

Depois do anúncio, os analistas do Itaú BBA e do Goldman Sachs reiteraram sua recomendação de compra para a ação, ambos com preço-alvo de R$ 24, o que representa alta de 10% em relação ao valor do papel no fechamento da última quinta-feira, de R$ 21,82.