Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

4 small caps do agronegócio para ficar de olho em 2022

Empresas do agronegócio apresentam alto potencial de crescimento e podem ser boas oportunidades para 2022

Foto: Shutterstock

O ano de 2021 foi um período de amadurecimento do agronegócio no Brasil.

Um sinal claro disso é que, das 45 empresas que entraram na Bolsa no ano passado, seis eram do agronegócio. Para se ter uma ideia do avanço, entre 2017 e 2020, apenas uma empresa do setor abriu capital.

O aumento reflete uma maior preocupação do setor em se adaptar cada vez mais a modelos empresariais modernos, com investimentos em práticas ESG, contabilidade e principalmente em novas tecnologias.

Afinal de contas, estar na Bolsa representa a possibilidade de captar recursos para investir e atender às mais rígidas regras de governança do mercado de capitais.

Na Bolsa, as companhias também conseguem diversificar as fontes de financiamento, uma vez que os juros estão mais altos e há uma redução da oferta de crédito público.

O aumento de juros encarece o custo de crédito para o produtor. Além disso, os títulos públicos passaram a ser preferência para os poupadores, pois a rentabilidade está mais atrativa do que investimentos no setor produtivo.

No entanto, o setor segue pujante no Brasil. Em 2021, o PIB do agronegócio cresceu 8,36%, enquanto o PIB da economia como um todo avançou 4,6%.

A receita do agronegócio foi impulsionada pelo aumento dos preços das commodities e pela valorização do dólar frente ao real.

Riscos e vantagens do agronegócio

São muitos os desafios e variáveis que influenciam o setor de commodities agrícolas. Há particularidades no setor que podem causar receio para investidores que não estão acostumados com o processo produtivos dessas empresas. As mais comuns são:

  • Risco climático: a produção agrícola depende de fatores naturais, como sol, chuva, qualidade do solo, entre outros. Desastres como fortes chuvas, geadas e secas podem gerar perdas de produção no período.
  • Competitividade: a padronização de insumos resulta em produtos com baixo potencial de diferenciação entre concorrentes.
  • Margens curtas: o setor de commodities tem precificação determinada em operações de bolsa, por oferta e demanda, o que faz com que o produtor fique refém do mercado.

Por um outro lado, o setor é resistente às crises nacionais. Como o produto final é um bem essencial, o setor se blinda contra inflações altas, pandemias, crises financeiras, entre outros. Além disso, como parte da receita é resultado de exportações, o agro se protege também da desvalorização da moeda nacional.

Diariamente, empresas fazem pesquisas e investimentos em tecnologias que visam minimizar os riscos climáticos e maximizar as margens por meio da redução dos custos operacionais e agregação de valor nos produtos oferecidos. Com isso, passam a ser mais competitivas perante aquelas que não se adaptaram ao atual modelo de negócio.

O que esperar para 2022

O cenário para o setor em 2022 continua otimista. Os preços das commodities neste ano tendem a continuar altos e o dólar é outro ponto forte. Mesmo com as recentes quedas, a moeda americana segue valorizada. Ambos os fatores podem manter a receita em níveis elevados mesmo que haja uma queda na produção.

Para o agro, o dólar é um grande aliado, uma vez que o país, por ser um dos maiores exportadores de commodities agrícolas, tem grande parte da receita convertida por vendas atreladas à moeda estrangeira.

 

Por um outro lado, há a escassez de fertilizantes, que afeta diretamente a produção agrícola. A maior parte dos insumos é importado da Rússia e Bielorrússia, que estão envolvidas em um conflito no leste europeu. Diante disso, o cenário agro enfrenta dificuldades para importação do produto.

Especialistas do setor dizem que a safra 2021/2022 não será afetada, pois os insumos utilizados para o período foram adquiridos antecipadamente. Já o ano de 2023 promete ser um período de desafios para o setor, que é dependente dos insumos para maior produtividade.

Já a estiagem no Sul do país pode ser responsável por grandes perdas produtivas no período, uma vez que os estados do Rio grande do Sul e Paraná são duas grandes potências agrícolas.

Por meio de projeções realizadas pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a receita do setor agro em 2022 deverá ser 5% maior. Também esperam um crescimento de 14% para o volume da safra de grãos, com estimativa de 289 milhões de toneladas no ano.

O estudo apresenta também um crescimento no faturamento anual para a pecuária. O gado de corte deve ter avanço de 22%, enquanto a avicultura tende a crescer 47% e os suínos, 20%. São números que apontam para um ano promissor para o setor.

Small caps do setor

A maioria das empresas de commodities agrícolas listadas na B3 ainda tem baixa capitalização de mercado, em comparação aos principais papéis da bolsa. Não há uma regra exata, mas empresas com valor de mercado abaixo de US$ 2 bilhões podem ser classificadas como small caps.

Diferentemente das empresas mais maduras, que costumam pagar dividendos aos acionistas, as small caps apresentam maior potencial de crescimento e geração de valor. São as “queridinhas” dos investidores que suportam maior volatilidade do papel em busca de maior retorno.

As small caps do setor agro podem cair como uma luva para carteira do investidor que deseja diversificar seu portfólio. Além de atuar em um segmento distinto das ações já existentes em carteira, o investidor pode se proteger, também, da desvalorização cambial.

Confira abaixo algumas small caps agrícolas para ficar de olho em 2022 e a respectiva data de abertura de capital:

Boa Safra (SOJA3) – 28/04/2021

A Boa Safra é uma empresa familiar cuja principal atividade é o beneficiamento de sementes de soja, um processo que abrange a limpeza, secagem, padronização e separação das sementes. A empresa tem cinco unidades de beneficiamento de sementes (UBS). Após passarem pelo processo de beneficiamento, as sementes são comercializadas para os produtores.

Em 2021, a empresa atingiu 138,1 milhões de toneladas produzidas, número 10,47% maior que em 2020. A expectativa para 2022, porém, é de redução na produção. A empresa espera queda de 11,15% para safra 2021/2022.

O mercado de atuação da Boa Safra possui alta barreira de entrada, pois é necessário um investimento inicial elevado para aquisição das tecnologias utilizadas na produção de sementes com valor agregado.

No balanço de 2021, a receita líquida anual superou R$ 1 bilhão, uma expansão de 77% em comparação a 2020. O Ebitda cresceu 37,94%, mas a margem Ebitda perdeu 3,98 pontos percentuais, para 13,88%. A queda na margem se dá pelo aumento dos custos dos insumos e altos investimentos para ganhar espaço no mercado.

A participação de mercado da empresa atingiu 6,1% em 2021, um salto de 0,4 p.p em comparação ao ano posterior.

No endividamento, a empresa apresentou uma evolução no indicador, atingindo uma dívida líquida negativa no período, proporcionando maior segurança para investidor.

Por fim, a empresa teve um lucro líquido de R$ 127,8 milhões, 82,06% maior que 2020. Além disso, registrou um crescimento médio anual do lucro líquido, nos períodos de 2018 até 2021, de 161,24%.

Alguns outros indicadores podem dar uma melhor visão sobre a empresa. O retorno sobre o capital Investido (ROIC), por exemplo, é de 17,96% e a dívida líquida sobre o Ebitda, por sua vez, apresenta-se negativa.

O primeiro indicador, que mostra o poder de rentabilidade da empresa para os investidores, encontra-se em um bom patamar. O segundo, que representa a proporção da dívida em relação ao lucro operacional da empresa, indica alta capacidade da empresa em cumprir com suas obrigações.

Por meio de dados compilados pela Refinitiv e retirados da plataforma TradeMap, a recomendação de compra é unanime entre dois analistas consultados. O preço-alvo mediano é de R$ 18,45 com valorização potencial de 34,48%.

Grupo Vittia (VITT3) – 02/09/2021

Fundada em 1971, o Grupo Vittia atua no segmento de fertilizantes especiais e defensivos biológicos. A empresa possui oito unidades de produção localizadas nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Entre as unidades destaca-se a nova planta localizada em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, cuja capacidade produtiva anual é de 5 milhões de litros de insumos biológicos.

Por ser um setor altamente concentrado, é difícil a entrada de novos players no mercado. A economia de escala é a principal barreira de entrada. Empresas já estabelecidas no setor possuem um menor custo de produção, aumentando a competitividade em relação a novos entrantes.

Em 2021, a empresa registrou uma receita líquida 46,8% acima da de 2020, a um total de R$ 778,9 milhões. O Ebitda ajustado e o lucro líquido cresceram 54,1% e 25,5%, respectivamente. Já a margem líquida, que era de 16,2% em 2020, sofreu redução de 2,4 p.p.

Sobre o endividamento, a empresa aumentou a dívida bruta em 0,9% em 2021, em relação a 2020. Porém, a dívida líquida foi reduzida significativamente em 22,1%, fortemente influenciada pela captação de recursos na abertura de capital no período.

A alavancagem financeira, que é calculada por meio da dívida líquida sobre Ebitda, foi afetada positivamente pelo aumento de caixa e fechou o ano em 1 vez, com uma diminuição de 44,1%.

Com a escassez de fertilizantes no setor, o Grupo Vittia pode se beneficiar por meio do aumento da demanda por outros insumos necessários para melhorar a produtividade.

O preço atual das ações é de R$ 12,49 e a empresa tem um valor de mercado de R$ 1,78 bilhão.

Brasil Agro (AGRO3) – 28/04/2006

Já experiente na bolsa de valores, a BrasilAgro tem foco na aquisição e venda de propriedades rurais voltadas para agropecuária. A estratégia parte do ponto de aquisição de imóveis rurais com potencial de geração de valor.

Após a compra, a empresa implementa culturas de maior valor agregado para desenvolver a propriedade. Neste período a empresa comercializa os produtos agrícolas e, assim que o valor da propriedade atingir um retorno esperado, a empresa realiza a venda do imóvel.

Em 2021, a companhia apresentava um portfólio de propriedade com 200,2 mil hectares de área útil, localizados no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Piauí e Maranhão, além do Paraguai e Bolívia.

Pela posição geográfica das propriedades rurais, apenas os cultivos no Paraguai foram impactados pela intensa seca. Ainda assim, a empresa estima uma produção de 400,1 mil toneladas para safra 2021/2022, aumento de 39,13% em comparação ao realizado na safra 2020/2021.

Devido à natureza dos negócios da BrasilAgro, por estarem diretamente ligados aos períodos de safra dos produtos agrícolas, seu exercício social inicia-se em 1º de julho de cada ano e encerra-se em 30 de junho do ano seguinte.

Tal característica é comum entre empresas do setor agropecuário localizadas no Brasil, devido às condições climáticas e de cultivo.

A empresa apresentou no primeiro semestre da safra 2021/2022, período que vai de julho até dezembro, uma receita líquida de R$ 957 milhões, 175% superior em comparação ao mesmo semestre da safra 2020/2021.

A receita imobiliária representou 33% da receita, enquanto a comercialização de produtos agrícolas teve participação de 67%.

O Ebitda ajustado total e o lucro líquido da empresa cresceram 355% e 680%, respectivamente, durante o primeiro semestre da safra 2021/2022. A margem Ebitda ajustada foi de 45% e a margem líquida, de 34,5%. Ambas tiveram aumentos expressivos, de 11 p.p. e 23 p.p., respectivamente.

As margens altas são sazonais e mudam de acordo com a receita gerada por vendas de imóveis. Os custos da venda de fazendas são baixos e geralmente representam de 15% a 20% da receita gerada na operação. Já a comercialização de produtos agrícola tem um custo operacional em torno de 85%.

Quanto ao endividamento, a empresa reduziu sua dívida líquida em 23,2%. A alavancagem de 1,06 vez do último semestre da safra 2020/2021 passou para 0,57 vez no primeiro semestre da safra 2021/2022. O indicador mostra que a empresa possui alta capacidade de arcar com suas obrigações.

Em relação a novos entrantes, o setor é protegido pela necessidade de alto capital de giro para investimento em aquisições e manutenção das propriedades, além das tecnologias necessárias para produção dos insumos.

A empresa tem um valor de mercado de R$3,27 bilhões.

Por meio de dados compilados pela Refinitiv e retirados da plataforma TradeMap, a recomendação de compra é unanime dentre quatro analistas questionados.  O preço-alvo mediano é de R$ 41,00 com valorização potencial de 27,84%.

Três Tentos (TTEN3) – 08/07/2021

 A empresa fundada em 1954 atua em três segmentos:

  • Varejo de insumos, com a comercialização de sementes, fertilizantes para lavouras e defensivos agrícolas para diversas culturas. As vendas são realizadas em 48 lojas, sendo 47 no estado do Rio Grande do Sul e uma loja no estado do Mato Grosso.
  • Originação e trading de grãos, cuja atividade destina-se a compra e venda de grãos focado em pequenos e médios agricultores.
  • Industrialização de grãos, responsável pela produção de farelo de soja, óleo de soja e biodiesel. Há duas fábricas localizadas no Rio Grande do Sul, com capacidade de esmagamento de três mil toneladas por dia. A empresa prevê que, na safra 2022/2023, a capacidade de esmagamento aumentará, incrementando mais mil toneladas por dia.

 

O resultado de 2021 apresentado pela empresa mostrou um avanço na receita líquida de 72%, em comparação a 2020. Já o Ebitda ajustado da empresa recuou 4,1% no último trimestre, mas cresceu 23,2% no ano todo, para R$ 494,9 milhões.

A margem Ebitda foi de 9,3%, um recuo de 3,6 p.p., que se explica pelo aumento de custo dos insumos, que afetou diretamente o segmento de indústria, que é responsável pela maior parte da receita da empresa.

O lucro líquido ajustado anual bateu meio bilhão de reais, resultado 78,7% maior do que o do ano de 2020, com margem ligeiramente maior, de 0,4 p.p.

A dívida liquida da empresa, que era de R$ 388,8 milhões em 2020, foi reduzida e ficou negativa em 2021. Uma dívida líquida negativa significa que a empresa tem recursos disponíveis em valores superiores aos das dívidas totais.

A empresa teve um aumento do caixa em razão da captação de recursos realizada com a oferta pública inicial (IPO) na Bolsa. A companhia captou cerca de R$ 1,3 bilhão com a operação. Se forem excluídos os efeitos do IPO, a empresa apresenta uma alavancagem de 1,6 vez, que pode ser considerada saudável, dada a grande necessidade de investimentos do setor.

A empresa apresenta um valor de mercado de R$4,97 bilhões. O preço das ações hoje fechou em R$ 10,04.

Por meio de dados compilados pela Refinitiv e retirados da plataforma TradeMap, a recomendação de compra é unanime dentre cinco analistas questionados. O preço-alvo mediano é de R$ 17,00 com valorização potencial de 69,32%.

 

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.