Mercado hoje: Tarifas, desemprego e indústria fraca criam ambiente de cautela

Foto: Shutterstock/CHAjAMP

 Nesta sexta-feira (1º), o Ibovespa pode refletir o aumento da aversão ao risco entre investidores diante da escalada nas medidas protecionistas dos Estados Unidos e dos sinais de fragilidade da economia americana. No cenário doméstico, as atenções seguem voltadas à imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros decretada por Donald Trump, enquanto os dados de produção industrial e o retorno do STF ao trabalho também influenciam o humor dos mercados.

O prazo estabelecido por Trump para firmar acordos comerciais terminou à meia-noite, mas a pressão já havia se intensificado na véspera com o anúncio de tarifas adicionais contra dezenas de países. Canadá, Índia, Taiwan e Suíça figuram entre os mais afetados, com alíquotas que variam entre 20% e 39%. Um novo decreto da Casa Branca ainda ampliou a lista de parceiros a serem tarifados em até 41%, com a entrada em vigor prevista para os próximos sete dias. Embora Trump tenha sinalizado abertura a novas negociações, inclusive com o Canadá, o cenário global segue incerto, especialmente para o Brasil, que foi alvo direto da medida com a imposição de 50% sobre seus produtos, ainda que alguns itens, como suco de laranja e aeronaves, tenham ficado de fora.

Nos Estados Unidos, os números do mercado de trabalho reforçaram o sentimento de desaceleração econômica. O payroll de julho registrou criação de apenas 73 mil vagas fora do setor agrícola, bem abaixo da projeção de 106 mil. Revisões expressivas nos dados anteriores agravaram a percepção de fraqueza: os números de maio e junho foram drasticamente corrigidos, somando uma redução de 258 mil empregos. A taxa de desemprego se manteve em 4,2%, enquanto os salários por hora subiram 0,3%, em linha com a inflação, e a jornada média avançou para 34,3 horas semanais.

No Brasil, a produção industrial avançou 0,1% em junho frente a maio, segundo o IBGE, resultado que interrompe dois meses de queda, mas que ainda indica fraqueza no setor. Na comparação anual, houve retração de 1,3%, e analistas apontam que o desempenho modesto está ligado à política monetária restritiva e ao cenário externo turbulento. “A indústria brasileira continua perdendo tração no segundo trimestre, pressionada pela incerteza global e pela expectativa de juros altos por mais tempo”, avalia Rafael Perez, economista da Suno.

No campo institucional, o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma os trabalhos com uma sessão que será marcada pela defesa do ministro Alexandre de Moraes, após ele ser alvo de sanções dos EUA com base na Lei Magnitsky. A norma visa punir agentes envolvidos em violações de direitos humanos, e prevê o congelamento de bens e restrições de entrada nos EUA. A repercussão da medida adiciona um novo componente às já tensas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.

Entre os destaques corporativos, os investidores acompanham as teleconferências da Gerdau e da Vale. A primeira reportou um lucro líquido ajustado 8,6% menor no segundo trimestre em relação ao ano passado, enquanto a mineradora registrou queda de 24% em seu lucro no mesmo período, pressionada por menores preços do minério e custos operacionais.

Por volta das 10h54, as listas das maiores altas e baixas eram dominadas por:

 

Altas

 

  • Marcopolo (POMO4): +6,42%

 

  • Vamos (VAMO3): +3,65%

 

  • Auren (AURE3): +3,56%

 

 

Baixas

 

  • Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -2,67%

 

  • Gerdau (GGBR4): -1,96%

 

  • CSN (CSNA3): -1,37%

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