A Rússia tomou uma das quatro usinas nucleares da Ucrânia e deve se aproximar em breve de mais uma delas, localizada num complexo energético no sul do país.
A Ucrânia é altamente dependente da energia nuclear – quase metade da eletricidade produzida no país vem desta fonte – e o controle das usinas é estrategicamente importante para a Rússia.
Na noite de quinta-feira (3), em horário local, os russos atacaram e ocuparam a maior usina nuclear da Ucrânia, no sudeste do país. No confronto, foi destruído um prédio usado para treinamentos dos funcionários da usina, e foram feitos disparos contra o prédio administrativo até as tropas da Rússia assumirem o controle.
Segundo informações da Energatom, empresa estatal que gerencia a usina nuclear, os russos permitiram que os funcionários da usina voltassem ao trabalho e o confronto deixou mortos e feridos no local. A companhia disse que perdeu o controle da produção de energia nuclear e dos sistemas de segurança, mas afirmou que dados mostram níveis normais de radiação no local.
“A maior ameaça vem do material nuclear armazenado nos seis reatores e nos lagos de resfriamento”, disse Petro Kotin, presidente da Energatom. Segundo ele, pode haver vazamento de radiação destes locais se o material não for manejado adequadamente.
Usina de Mykolaiv está na linha de invasão
A invasão da Ucrânia pela Rússia acontece em pelo menos três frentes. Uma pelo norte, com as tropas tentando avançar até Kiev, a capital ucraniana, outra pelo leste, e uma terceira pelo sul.
A primeira usina nuclear tomada pela Rússia fica no sudeste da Ucrânia, e há uma outra grande usina, com três reatores nucleares, em Mykolaiv, também no sul. Esta usina está na linha de avanço das tropas russas que invadiram a cidade portuária de Cherson.
Mapa dos reatores nucleares da Ucrânia

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, indicou que pode viajar à Ucrânia para garantir um compromisso de manutenção dos procedimentos de segurança nas usinas nucleares do país por todas as partes envolvidas no conflito, de forma a evitar um vazamento de radiação ou acidente nuclear.
Segundo ele, várias regras foram deixadas de lado durante o confronto na usina de Zaporizhzhya, e não é possível “depender da sorte”.
“Já está na hora de evitar que um conflito armado coloque as unidades nucleares em risco severo, ameaçando a segurança das pessoas na Ucrânia e além”, disse ele.