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O que o resultado da Nike (NIKE34) diz sobre o consumo nos EUA – e por que suas ações caem mais de 10%

Nike viu lucro cair e estoques aumentarem no primeiro trimestre fiscal - e mercado não gostou nem um pouco

Foto: TY Lim/Shutterstock

A Nike (NIKE34), empresa que costuma divulgar resultados na entressafra das temporadas de balanço dos Estados Unidos, apresentou dados que podem ser lidos como os sinais preliminares de um enfraquecimento no consumo do país.

No trimestre encerrado em 31 de agosto – o primeiro do ano fiscal da Nike -, a companhia viu a receita aumentar 4%, para US$ 12,7 bilhões. O custo das vendas, no entanto, cresceu no dobro da velocidade, para US$ 7,1 bilhões, enquanto outras despesas gerais também tiveram forte aumento, de 10%, para US$ 3,9 bilhões.

Com isso, sobrou menos lucro no período. O resultado líquido da companhia ficou positivo em US$ 1,5 bilhão, mas foi 22% menor que no mesmo trimestre de 2021.

Um dos fatores que diminuiu as margens da Nike foi o preço elevado do frete e do transporte de mercadorias – algo que atinge praticamente todas as empresas que vendem bens físicos. Os preços do petróleo diminuíram nos últimos meses, mas ainda estão mais de 30% acima do que se via no mesmo período do ano passado. Com isso, o custo do combustível também segue elevado.

O outro aspecto tem a ver com o grande volume de promoções que a empresa precisou fazer para diminuir os estoques. O valor do estoque da Nike chegou a US$ 9,7 bilhões no primeiro trimestre fiscal, um aumento de 44% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior.

Parte desse crescimento se deve a uma decisão anterior da empresa de aumentar a produção e estocar produtos para evitar ser prejudicada por problemas na logística, visto que o tempo de transporte das mercadorias estava alto e atrapalhando as vendas.

O que a companhia não esperava, no entanto, era o descasamento entre a oferta e a demanda, principalmente na América do Norte, onde os estoques aumentaram em 65%.

A previsão da Nike é baixar os estoques nos próximos meses, mas abdicando das margens de lucro.

“Planejamos competir em um ambiente de mais promoções. E dada a incerteza macro que temos para o consumidor, estamos adotando uma abordagem mais comedida e diminuindo as compras de estoques em todo o mundo com base nos riscos que podem se materializar no segundo semestre”, disse o diretor financeiro da companhia, Matt Friend, durante uma teleconferência.

A “incerteza macro” a que Friend se referiu é a perspectiva de aumento nos juros e de redução no nível de emprego nos EUA, algo que o banco central do país, o Federal Reserve, precisa para controlar a inflação. O aumento no número de desempregados pode diminuir o consumo, e os juros mais altos encarecem o crédito – dois fatores que afetam a demanda pelos produtos da Nike.

A companhia divulgou que, apesar dos estoques elevados, ainda está vendo crescimento “de dois dígitos” nas vendas no atual ano fiscal, iniciado em junho. Vale ressaltar, no entanto, que boa parte do efeito das altas de juros anunciadas pelo Federal Reserve só será sentida pela economia americana nos próximos meses.

O presidente da Nike, John Donahoe, disse que a companhia conseguirá se ajustar à demanda independentemente do cenário econômico, “seja num ambiente de promoções na América do Norte nos próximos seis a 12 meses” ou em outros mercados da companhia.

O mercado aparentemente reluta em chegar à mesma conclusão. Por volta das 15h, tanto o preço do BDR (NIKE34) quanto o da ação da Nike em Nova York (NKE) caíam mais de 10%.

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