Inflação, Selic e Eleições nos EUA: Como esses fatores estão moldando o mercado financeiro

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Analisando as projeções do mercado, por meio do boletim Focus do dia 19/07/2024, alguns pontos estão chamando a atenção. O IPCA para 2024 saiu de 3,98% há 4 semanas para 4,05%, sem ter nenhuma alteração na curva da Selic, dando um viés de que a piora pode ser não pelos juros e sim em outras áreas. No câmbio tivemos alteração em todos os anos, saindo de patamares do R$ 5,10, para os patamares de R$ 5,20, sendo que em 2024, já se projeta um dólar cotado a R$ 5,30.

Em comparações com as dívidas do setor público, temos uma visão de piora no curto prazo, porém no longo prazo temos uma melhora, onde saiu de 70,39% do PIB há 4 semanas e está trabalhando em 70,20% do PIB atualmente. Analisando o resultado primário tivemos uma alteração considerável na projeção dos anos de 2024 até 2026, mostrando uma possível suavização do resultado, mas ainda não temos expectativas de um superávit.

 

Dívida líquida do setor público
Dados do relatório Focus do dia 19/07/2024 – em % do PIB

Fontes: TradeMap e Banco Central do Brasil

 

Resultado primário
Dados do relatório Focus do dia 19/07/2024 – em % do PIB

Fontes: TradeMap e Banco Central do Brasil

 

Resultado nominal
Dados do relatório Focus do dia 19/07/2024 – em % do PIB

Fontes: TradeMap e Banco Central do Brasil

 

Inflação x Taxa Selic

Ao analisar os dados de inflação anual em contraste com o movimento da meta Selic, observamos uma leve retomada de alta na inflação desde que atingimos patamares abaixo de 11,00%. O que devemos considerar é que os movimentos na meta Selic só são sentidos na economia após uma média de quatro meses. Portanto, essa retomada da inflação, considerando que estabilizamos a taxa há apenas dois meses, pode sinalizar que a inflação não está realmente controlada e pode voltar a subir, desancorando a meta de inflação, que é de 3,00%

IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo (12 meses) e a taxa Selic Meta
Dados de IPCA acumulado em 12 meses e taxa Selic do ano de 2024 – em %

Fontes: TradeMap, IBGE e Banco Central do Brasil

 

Juros Americano

Um dos pontos cruciais para que os ativos de risco do mundo comecem a ser realmente vistos novamente é a queda dos juros americanos, que diminui o grande pedido de retorno que a taxa livre de risco está trazendo. No entanto, temos que ter em mente que os mercados estão começando a mudar o foco de suas precificações, tirando a importância dos valores reais de indicadores econômicos e voltando-se mais para a eleição e os possíveis cenários que cada candidato trás.

Ao compararmos as probabilidades do dia 30/06 com as do dia 25/07, observamos uma melhora no cenário de risco, que busca ainda mais cortes. Antes, tínhamos dois possíveis cortes, mas agora estamos considerando três. Além disso, houve uma mudança na probabilidade: antes, a chance de corte na reunião do dia 18/09/2024 era de 59,50%, mas agora já temos 88,10% de chance. Isso aumenta as possibilidades de uma diminuição no prêmio de risco global e, consequentemente, a retomada do investimento em ativos de risco.

 

Probabilidade atual de corte de juros – FED
Projeções da curva em 25/07/2024 – em %

Fontes: TradeMap e CME

 

Probabilidade em 30/06 de corte de juros – FED
Projeções da curva em 30/06/2024 – em %

Fontes: TradeMap e CME

 

Próximas preocupações

O tema do mercado começa a mudar, e os dados econômicos não serão o principal motor das decisões de curto prazo por um breve período. Isso dá espaço para especulações voltadas para a eleição dos EUA, que se mostra muito volátil, e a gama de cenários possíveis se multiplica a cada semana. No dia 14/07, tivemos o ataque ao Trump, o que fez todos acreditarem que a eleição já estava vencida. No dia 21/07, saiu a notícia de que o Biden não será mais o candidato a concorrer com o Trump, abrindo novamente os cenários para o futuro dos EUA.

Analisando o Brasil, não podemos focar apenas nos EUA e esquecer dos movimentos que estão ocorrendo internamente. A curto prazo, eles não estão sendo tão importantes para a formação de preços, mas logo após as eleições, poderemos ver essas contas voltando a impactar os preços. Assim, o aumento dos gastos com a ideia de que tudo é investimento e o aumento da taxação para compensar essas contas podem se tornar algo bastante crítico em breve.

No nosso radar, deve estar o mais desenhado possível o que é exagero de mercado por notícias externas e as oportunidades que isso pode nos trazer. O mais importante neste momento é saber o que realmente vai afetar a receita futura das empresas do portfólio e, em movimentos que não tenham realmente relação, realizar rebalanceamentos para aproveitar as oportunidades, tanto realizando lucro quanto na parte de aumento de posição.

 

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