Ibovespa recua em dia de incertezas e impacto da liquidação do Banco Master

Fonte: Shutterstock/Bigc Studio

O Ibovespa encerrou a terça-feira (18) em queda de 0,30%, aos 156.522 pontos, num pregão marcado pela falta de direção clara e pela divergência em relação ao forte mau humor das bolsas internacionais. Enquanto lá fora o temor de uma possível bolha ligada à Inteligência Artificial (IA) pesava sobre os principais índices, o mercado brasileiro seguiu caminho próprio, relativamente alheio às incertezas sobre juros nos EUA e à expectativa pela divulgação do balanço da Nvidia (NVDC34) nesta quarta-feira (19).

No cenário doméstico, o dia foi amplamente influenciado pela decisão do Banco Central de liquidar o Banco Master, movimento que pressionou as ações do setor financeiro. A liquidação ocorreu após esgotadas tentativas de capitalização e negociação com potenciais investidores, e levantou dúvidas sobre o impacto nas contribuições ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). As ações de Banco do Brasil (BBAS3) cederam 2,76%; Bradesco (BBDC4), 1,19%; Itaú (ITUB4), 0,50%; e o BTG Pactual (BPAC11) caiu 1,11%. Analistas avaliam que o efeito inicial sobre o sistema é contido, mas instituições mais expostas a depósitos, como BB e Bradesco, podem sentir impacto proporcionalmente maior.

No exterior, os mercados operaram em queda sob a sombra de uma possível bolha de IA e na expectativa pelos dados econômicos dos EUA represados pelo longo shutdown de 43 dias. Os investidores aguardam, além disso, os resultados da Nvidia, que devem testar se o otimismo com o setor de IA foi exagerado. As apostas para a reunião do Federal Reserve em dezembro apontam para manutenção dos juros, cenário que tem aumentado a aversão ao risco nas últimas sessões.

Em meio à falta de dados oficiais, dirigentes do Fed, como Thomas Barkin, têm indicado dificuldade em avaliar a trajetória da economia, que mostra sinais mistos entre resiliência no consumo e fragilidade em determinados setores. Nos EUA, as encomendas à indústria subiram 1,4% em agosto, abaixo do esperado, enquanto o petróleo fechou em alta: o WTI avançou 1,25%, a US$ 60,61, e o Brent subiu 0,95%, a US$ 64,81. Na geopolítica, tensões envolvendo Rússia, Ucrânia e sanções americanas também repercutiram no mercado, sustentando leve alta das ações da Petrobras (PETR4), que avançaram 0,33%.

Entre os destaques corporativos, Americanas e Magazine Luiza anunciaram parceria estratégica para ampliar oferta no comércio eletrônico. A iniciativa impulsionou as ações da MGLU3, que subiram 3,72%.

A Hapvida (HAPV3), por sua vez, viveu forte volatilidade. Os papéis caíram 5,56% em meio à reação do mercado ao balanço do 3T25, que derrubou o papel em 47,02% desde a divulgação. A empresa anunciou recompra de ações e aumento da participação do grupo controlador, defendendo que o mercado reagiu de forma descolada dos fundamentos. Mesmo assim, o Goldman Sachs cortou o preço-alvo da ação de R$ 56 para R$ 30, reduzindo projeções de lucro e margem Ebitda para 2026, embora tenha mantido recomendação de compra devido ao nível historicamente deprimido de preço.

No setor de bens de capital, a Marcopolo (POMO4) aprovou pagamento de dividendos de R$ 169,8 milhões e JCP de R$ 0,09 por ação, o que levou o papel a avançar 3,56%.

Já a Azzas (AZZA3) aprovou a distribuição de R$ 180 milhões em dividendos e anunciou que proporá em assembleia o aumento do capital autorizado para R$ 5 bilhões. O mercado interpretou o movimento como possível preparação para novas operações estratégicas, o que sustentou alta de 4,41% na ação. Segundo o JPMorgan, apesar do ruído, a empresa mantém balanço saudável e segue com recomendação overweight e preço-alvo de R$ 36.

A Sabesp (SBSP3) concluiu a maior emissão de debêntures de sua história, de R$ 5 bilhões, voltada à substituição de dívidas antigas e ao avanço da universalização do saneamento em São Paulo. Mesmo assim, as ações recuaram 2,17%.

No campo político-econômico, o vice-presidente Geraldo Alckmin voltou a criticar o nível da Selic, afirmando que juros menores ajudariam a impulsionar setores industriais de maior valor agregado. O Copom manteve a taxa em 15,00% ao ano na última reunião, reforçando que a política monetária seguirá contracionista até que haja melhora consistente nas expectativas de inflação.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Cogna (COGN3): +9,94%

• CVC (CVCB3): +4,81%

• Auren (AURE3): +4,60%

• Azzas (AZZA3): +4,41%

• Magalu (MGLU3): +3,72%


Baixas

• Marfrig (MBRF3): -8,05%

• Hapvida (HAPV3): -5,56%

• Banco do Brasil (BBAS3): -2,76%

• CSN (CSNA3): -2,40%

• Assaí (ASAI3): -2,26%


Confira a evolução do IBOV no fechamento de hoje (18/11):

• Segunda-Feira (17): -0,47%

• Terça-Feira (18): -0,30%

• Na semana: -0,77%

• Em novembro: +4,67%

• No 4°tri./25: +7,03%

• Em 12 meses: +22,50%

• Em 2025: +30,13%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:

• Dow Jones: -1,07%

• Nasdaq: -1,21%

• S&P 500: -0,83%


Para acompanhar mais notícias do mercado financeiro, baixe ou acesse o TradeMap. 

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 18 de novembro

Nesta terça-feira (18) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: 10:30

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.