Ibovespa recua com balanços no radar e incertezas no campo internacional

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O Ibovespa iniciou agosto em leve queda de 0,48%, aos 132.437 pontos, em um dia dominado pela divulgação de balanços e pelo clima de cautela diante do cenário internacional. Apesar da alta de empresas como Vale e Marcopolo, o índice não conseguiu sustentar ganhos diante da pressão de quedas expressivas em papéis como Banco do Brasil, Gerdau e CSN.

A Vale (VALE3) divulgou um balanço considerado positivo, mesmo com retração no lucro líquido e terminou o dia com leve alta de 0,54%. A companhia registrou ganho de US$ 2,12 bilhões no segundo trimestre de 2025, queda de 24% em relação ao mesmo período do ano anterior, que havia sido impulsionado por efeitos não recorrentes. O resultado superou com folga a estimativa média do mercado, de US$ 1,44 bilhão, puxado por desempenho melhor do que o esperado no segmento de níquel e pela reversão de impairment de estoques, no valor de US$ 76 milhões. O Ebitda ajustado somou US$ 3,39 bilhões, também acima do consenso, mesmo com a pressão de preços mais baixos do minério de ferro.

A mineradora ainda anunciou o pagamento de R$ 1,90 por ação em juros sobre capital próprio, equivalente a um dividend yield de cerca de 3,5%, segundo cálculos da XP. Caso os preços do minério se mantenham próximos de US$ 100 por tonelada no segundo semestre, há expectativa de novas distribuições ou recompra de ações. A empresa segue com meta de reduzir sua dívida líquida para US$ 15 bilhões até o fim do ano, o que deve ser viabilizado com a entrada de recursos da venda da participação na Aliança Energia, prevista para o terceiro trimestre.

Apesar dos bons números, analistas seguem divididos quanto à tese de investimento na Vale, principalmente diante da fragilidade na demanda chinesa. O minério de ferro acumulou perdas semanais de 2,1% em Dalian e 2,9% em Cingapura, refletindo a frustração com a ausência de estímulos ao setor imobiliário na última reunião do Politburo. O índice PMI da China também decepcionou ao cair para 49,3 em julho, sinalizando contração na atividade industrial.

Entre os destaques positivos do dia, a Marcopolo (POMO4) avançou 7,63% após apresentar lucro líquido de R$ 321,1 milhões no segundo trimestre, alta de 28% em relação ao mesmo período de 2024 e 18% acima das estimativas. A margem Ebitda de 17,3% e a surpresa positiva na receita reforçaram a confiança do mercado na companhia, especialmente nos segmentos rodoviário e urbano.

Na ponta oposta, o Banco do Brasil (BBAS3) caiu 6,85%, liderando as perdas do índice. O movimento foi motivado por um relatório do BTG Pactual, que reduziu suas projeções de lucro para o banco e cortou o preço-alvo das ações de R$ 30 para R$ 24. A instituição apontou uma deterioração estrutural no crédito agrícola, setor em que o BB é líder, destacando problemas como a perda de prioridade no relacionamento com produtores, dependência de terceiros para garantias e aumento dos pedidos de recuperação judicial, impulsionados por produtores menos tradicionais. O balanço do segundo trimestre do BB será divulgado em 14 de agosto.

A Gerdau (GGBR4) também teve um pregão negativo, com queda de 4,69%, após divulgar lucro de R$ 864 milhões no trimestre, 6% abaixo das projeções de mercado. Apesar de um Ebitda ajustado de R$ 2,6 bilhões, ligeiramente acima das expectativas, os resultados nas operações da América do Sul decepcionaram. A companhia anunciou que pretende reduzir os investimentos no Brasil a partir do próximo ano, após frustração com a falta de medidas do governo contra a concorrência de aço importado. A empresa já demitiu 1.500 funcionários em 2025 e indicou que sua nova estratégia será apresentada em outubro.

A CSN (CSNA3) acompanhou o movimento negativo e recuou 4,99%. Apesar do bom desempenho operacional nos segmentos siderúrgico, de mineração e de cimento, a companhia apresentou uma queima de caixa livre de aproximadamente R$ 2,4 bilhões, elevando preocupações sobre sua alavancagem e capacidade de geração de caixa no curto prazo.

No cenário macroeconômico, os dados do mercado de trabalho dos EUA reforçaram as expectativas de corte de juros por parte do Federal Reserve. O payroll mostrou criação de apenas 73 mil vagas em julho, bem abaixo da expectativa de 106 mil. Houve ainda revisões expressivas nos números de maio e junho, com cortes combinados de 258 mil empregos. A taxa de desemprego ficou em 4,2%, e o crescimento salarial foi de 0,3% no mês. A fraqueza nos dados alimenta a tese de que o ciclo de cortes de juros pode começar em breve.

Por fim, o ambiente geopolítico global voltou ao radar dos investidores após declarações do presidente Donald Trump, que afirmou ter ordenado o envio de dois submarinos nucleares para regiões próximas à Rússia, em resposta às ameaças do ex-presidente Dmitry Medvedev. A tensão aumentou após Medvedev mencionar o sistema soviético de retaliação nuclear, conhecido como “Mão Morta”, como reação às críticas de Trump sobre tarifas comerciais e sanções.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• Marcopolo (POMO4): +7,63%

• Auren (AURE3): +4,10%

• Assaí (ASAI3): +3,08%

• Magalu (MGLU3): +2,27%

• Petz (PETZ3): +2,02%


Baixas

• Banco do Brasil (BBAS3): -6,85%

• CSN (CSNA3): -4,99%

• Gerdau (GGBR4): -4,69%

• Gerdau Metalúrgica (GOAU4): -4,06%

• Prio (PRIO3): -2,84%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:

• Dow Jones: -1,23%

• Nasdaq: -2,24%

• S&P 500: -1,60%


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