O Ibovespa encerrou a sexta-feira (18) em forte queda de 1,61%, aos 133.382 pontos, refletindo o aumento das tensões políticas internas e o agravamento da crise com os Estados Unidos. Foi o pior desempenho do índice em três meses.
A operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, autorizada pelo STF, acirrou ainda mais o cenário político. A repercussão da ação também compromete as negociações do Brasil com a Casa Branca em relação à tarifa de 50% imposta recentemente aos produtos brasileiros. Na última semana, Donald Trump justificou a medida como uma reação ao que chamou de “perseguição judicial” a Bolsonaro, a quem demonstrou apoio público em carta divulgada na rede Truth Social.
Em resposta, o presidente Lula classificou as tarifas dos EUA como “chantagem inaceitável” e criticou parlamentares que endossam a postura americana, chamando-os de “traidores da pátria”. Lula também acusou Eduardo Bolsonaro de ter solicitado ajuda a Trump para interferir na política brasileira.
Apesar da gravidade dos fatos, Lula evitou comentar diretamente a operação da PF. Durante visita à Transnordestina, no Ceará, ele afirmou que poderá disputar a reeleição em 2026 caso mantenha sua saúde atual, declarando que não pretende “entregar o país de volta para aquele bando de maluco”.
Internamente, o Palácio do Planalto orientou ministros a não comentarem publicamente a decisão do STF que impôs tornozeleira eletrônica a Bolsonaro, tentando conter a narrativa de perseguição política. Ainda assim, alguns integrantes do governo fizeram publicações críticas e depois recuaram.
Especialistas apontam que a imposição das tarifas pelos EUA está ligada a uma série de atritos diplomáticos acumulados e não apenas à situação de Bolsonaro. Especialistas alertam para riscos de escalada das tensões, como restrições a vistos e barreiras extratarifárias, agravadas pela falta de diálogo direto entre os governos.
O STF já formou maioria para manter as medidas cautelares contra Bolsonaro. Em entrevista, o ex-presidente disse não ter dúvidas de que será condenado, acusando Alexandre de Moraes de “criminalizar” instituições americanas, em referência à recente interferência dos EUA.
No mercado corporativo, as ações da Petrobras (PETR4) recuaram 1,53%, contribuindo para a queda do índice, mesmo após notícia de que a estatal avalia retornar ao setor de varejo de combustíveis. A ideia seria reverter a saída ocorrida em 2019 com a privatização da BR Distribuidora. Segundo fontes, o plano visa garantir que eventuais cortes nos preços dos combustíveis sejam repassados aos consumidores.
Já a Vale (VALE3) subiu 0,48%, com o Bank of America reiterando visão positiva sobre a mineradora. Analistas destacaram os esforços da empresa em melhorar o mix de produtos, elevar margens no setor de níquel e expandir a produção de cobre. A expectativa é que a racionalização do setor siderúrgico na China impulsione a demanda e os preços do minério de ferro.
A Braskem (BRKM5) despencou 7,59% após o CADE aprovar sem restrições a possível venda da fatia da Novonor à Petroquímica Verde, ligada ao empresário Nelson Tanure. Já a Vivara (VIVA3) teve a maior alta do dia, com valorização de 1,35%, impulsionada por rumores de mudança no comando do conselho: Marina Kaufman deve assumir a presidência no lugar de seu pai, Nelson Kaufman, por questões de saúde.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Vivara (VIVA3): +1,35%
• Engie (EGIE3): +1,04%
• Taesa (TAEE11): +0,69%
• São Martinho (SMTO3): +0,68%
• Weg (WEGE3): +0,67%
Baixas
• Braskem (BRKM5): -7,59%
• Yduqs (YDUQ3): -7,45%
• B3 (B3SA3): -5,60%
• Lojas Renner (LREN3): -5,29%
• Minerva (BEEF3): -5,19%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: -0,32%
• Nasdaq: +0,05%
• S&P 500: -0,01%
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