Porto Seguro (PSSA3): alta na receita compensa resultado fraco do 4º trimestre e ação sobe

Apesar de ter reportado resultados mistos no quarto trimestre de 2021, com queda anual no lucro líquido, o crescimento de receita anotado pela Porto Seguro (PSSA3) animou o mercado e deixou analistas otimistas com a ação no longo prazo. Como consequência, os papéis subiam 4,09% por volta das 14h45, negociados a R$ 20,64.

No quarto trimestre de 2021, a receita da Porto Seguro aumentou 13,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 6,042 bilhões, enquanto o lucro líquido recorrente caiu 27,2% na mesma base de comparação, a R$ 296 milhões.

Os analistas consideraram que a receita cresceu de forma sólida nos segmentos de seguros e financeiro – altas de 9,3% e 25,2%, respectivamente, – apesar de o resultado líquido ter sido fraco, prejudicado por um maior uso dos seguros automotivos no quarto trimestre e pela exposição da Porto Seguro à renda variável, que prejudicou os resultados financeiros da empresa no comparativo anual.

O Safra, porém, destacou que com exceção do segmento automotivo, houve queda nos índices de sinistralidade da Porto Seguro e que o forte desempenho da receita deve diluir as despesas com sinistros de automóveis nos próximos trimestres.

A Genial também segue otimista com a tese de investimento para 2022, “acreditando em uma recuperação gradual das linhas de seguro (vida e auto) e de uma melhora substancial do resultado financeiro”, além de apontar que a sinistralidade deve diminuir ao longo de 2022 por causa da reprecificação da carteira da Porto Seguro.

O BofA, por sua vez, é mais cauteloso e afirma que restrições relacionadas à Covid-19, o aumento agudo nos custos de reparos e o crescimento fraco de vendas de veículos devem continuar a pressionar os resultados do segmento automotivo. O banco afirma ainda que a taxa Selic em dois dígitos deve aumentar a concorrência em seguros.

Avaliação da ação

O Safra mantém sua recomendação de compra para a ação da Porto Seguro, acreditando que o ativo está sendo negociado a níveis muito baratos, e fixa o preço-alvo em R$ 32, o que representa alta de 61% em relação ao preço de fechamento de segunda-feira (7), de R$ 19,83.

A Genial também mantém sua recomendação de compra para a Porto, e a elenca como sua principal escolha no setor de seguros, com preço-alvo de R$ 30 – upside de 51%.

O BofA, por sua vez, classifica o papel como underperfom (isto é, deve ter performance abaixo da média do mercado), com preço-alvo de R$ 22 – potencial de alta de apenas 11%.

A visão do mercado para a ação, porém, permanece dividida. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, seis das 10 casas de análise recomendam compra do papel, enquanto duas indicam a manutenção do ativo na carteira e duas recomendam venda. A mediana de preço-alvo dos analistas é de R$ 29,75, alta de 50%.

De uma maneira geral, para além dos resultados do último trimestre, o Safra lista como pontos positivos da companhia sua posição de liderança no segmento automotivo; seus baixos índices de sinistros, com seleção e precificação sofisticada de riscos; a oportunidade de crescimento no Norte e no Nordeste; a estratégia para diversificar receitas por meio de novos serviços; o forte relacionamento com corretoras; a otimização da estrutura de capital; oportunidades de venda cruzada; e economia de custos e oportunidades de sinergia.

O BofA aponta como fatores que podem fazer com que a ação surpreenda positivamente uma recuperação na venda de veículos, alta na taxa Selic e uma melhora aguda na economia brasileira.

Os maiores riscos para a performance da empresa, por outro lado, são sua concentração no segmento de automóveis, que é mais competitivo; e a perspectiva de taxas de juros baixas, que podem afetar os ganhos.