O inverno cripto voltou, e a luta do Bitcoin (BTC) em se manter na faixa dos US$ 30 mil não deixa dúvidas de que a situação não está fácil para o mercado. Mas, enquanto alguns analistas apontam a desvalorização como brecha de entrada para novos investidores, outros usam a crise para reforçar críticas contra às criptomoedas.
É o caso do UBS. No melhor estilo “espreme que sai sangue”, o banco de investimentos divulgou nesta terça-feira (17) um relatório afirmando que o atual quadro de baixa reitera as percepções de que as criptomoedas ainda são ativos “altamente especulativos” e que não funcionam para a diversificação de carteiras.
O banco suíço também ressaltou que o quadro que levou à evaporação de bilhões de dólares do mercado nas últimas semanas deve ser visto como uma “lição” e que a estratégia de usar a valorização dos ativos como proteção à inflação não deu certo.
“Acreditamos que os investidores devem evitar colocar o dinheiro nesses ativos altamente especulativos”, afirmou a instituição.
Correlação
A queda do Bitcoin está relacionada aos mesmos eventos que impactaram o mercado nas últimas semanas: alta dos juros americanos e disparada dos riscos globais com a falta de perspectiva para a resolução da guerra na Ucrânia e da desaceleração da China em meio ao aumento de casos de Covid-19 no país.
Por muito tempo, se defendeu que o BTC tinha a vantagem por não estar atrelado à autoridade monetária, logo não sofreria os impactos macroeconômicos que mexem com os mercados tradicionais. A atual correlação, principalmente com a Nasdaq, a bolsa de tecnologia dos Estados Unidos, porém, está mudando essa percepção.
“O Bitcoin e outras moedas também falharam em atuar como um “ouro digital” ou hedge de inflação – com os preços dos ativos deflacionando rapidamente com a alta da inflação e o regime de taxas mais elevadas, demonstrando a sua dependência na expansão monetária e de condições políticas”, escreveu a equipe de analistas do UBS.
Para o banco, a nova crise nos ativos digitais deve forçar o avanço das regulamentações desse mercado em todo o mundo. A despeito da crescente adesão de grandes fundos e investidores institucionais ao Bitcoin e outros ativos do mesmo segmento, o UBS destacou que “o aumento da confiança ainda é necessário para que as criptomoedas se tornem mais populares”.
Apesar das críticas a criptomoedas, o UBS afirmou que investidores que buscam o longo prazo podem escolher ativos digitais por meio de “plataformas selecionadas” ou de investimento privado em companhias iniciantes.
“Acreditamos que o dinheiro digital baseado em blockchain começou a mostrar a sua utilidade e esperamos que mais instituições não bancárias, credores comerciais e instituições financeiras aproveitem essa ferramenta para melhorar a sua eficiência e oferta”, afirmou o banco em relatório.