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FGC de criptos? Veja como vai funcionar o fundo bilionário liderado pela Binance

Iniciativa de US$ 1 bilhão foi lançada na semana passada e já conta com 150 pedidos de ajuda

Foto: Shutterstock/Julia Tsokur

Após meses de marasmo, os investidores de criptoativos voltaram a perder o sono com a crise deflagrada pelo crash da FTX, no início de novembro. A empresa entrou em uma “espiral da morte” após bloquear os saques de clientes e, dias depois, pedir recuperação judicial.

Como era de se esperar, esta sequência de eventos gerou uma fuga em massa de investidores do mercado cripto, empurrando a cotação das principais moedas digitais para o patamar mais baixo em quase dois anos.

A derrocada da FTX foi o segundo grande colapso de uma empresa ligada ao mundo dos criptoativos neste ano. Antes disso, em maio, tinha sido a vez de a Terra ver sua stablecoin perder a paridade com o dólar e abalar a confiança dos investidores.

O ressurgimento da crise nas criptos fez a Binance, maior corretora deste mercado em volume de negócios, tomar a frente para criar um fundo bilionário voltado a salvar empresas do setor que estejam à beira do abismo.

E a demanda parece alta: em menos de uma semana, 150 projetos já se inscreveram para receber o resgate.

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A IRI (Iniciativa para Recuperação da Indústria) foi divulgada no último dia 24, com US$ 1 bilhão empenhado pela Binance.

Para analistas do mercado, a iniciativa se assemelha ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) existente no Brasil. O órgão garante a devolução de até R$ 250 mil por CPF a correntistas de bancos caso as instituições financeiras se tornem insolventes.

Segundo Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos, a diferença é que a IRI visa resgatar as empresas, e não quem possui conta nas plataformas.

Mais dúvidas que certezas

Para Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, a iniciativa da Binance é positiva ao mercado, mas ainda carece de muitas informações.

“Por enquanto, as informações ainda estão um pouco soltas. Precisa haver uma governança específica, inclusive para determinar o tamanho do fundo, quais critérios ele terá e se haverá um limite para a proteção”, detalha.

A Binance divulgou até agora que o IRI durará cerca de seis meses, mas não especificou se esse período refere-se somente ao tempo em que a iniciativa ficará disponível ou se será usado também como prazo das operações de resgate.

Outra dúvida diz respeito a como o dinheiro do fundo será distribuído.

A Binance disse em nota que cada participante, incluindo ela própria, analisará e tomará decisões de forma independente a respeito dos pedidos de resgate.

No entanto, também disse que só receberão a ajuda financeira empresas que busquem inovação e criação de valor no longo prazo, tenham um modelo de negócios claro e viável, e estejam muito focadas no gerenciamento de riscos.

Em outro trecho, a Binance afirma que os pedidos de ajuda poderão ser acolhidos por mais de um dos parceiros do fundo. “Esperamos que alguns negócios sejam investidos unilateralmente e outros sejam coinvestimentos com todos ou alguns dos participantes do IRI”.

Ajuda para projetos

Felipe Medeiros, da Quantzed Criptos, considera que a proposta da Binance é importante para dar sustentação financeira a empresas prejudicadas pela onda de pânico que varreu o mercad cripto.

“De certa forma, isso vai suprir a lacuna de capital do mercado até que estejam mais claros todos os riscos de contágio que a FTX trouxe”, explica.

O especialista também destaca o interesse da Binance em liderar o projeto como forma de dar mais visibilidade para a sua própria blockchain, a BNB Chain.

“Muito provavelmente uma das contrapartes para o desenvolvimento dos projetos é, de alguma forma, interagir com a rede da Binance ou migrar totalmente para a blockchain“, afirma.

Muito grande para quebrar?

A falência de empresas criptos não é uma grande novidade, especialmente em meio ao atual cenário de aversão aos ativos de risco. Antes dela, outros nomes, como Celsius Network, Voyager Digital e Three Arrows Capital, já tombaram.

Mas o caso da FTX é especial. A corretora era vista como uma das mais sólidas do mercado, com milhões de clientes e bilhões de dólares em ativos. Além disso, o nome do fundador, Sam Bankman-Fried, ou SBF, era sinônimo de prestígio dentro e fora da comunidade cripto. 

Não demorou muito tempo para a crise deflagrada pela FTX contaminar todo o mercado e deixar outras empresas na berlinda. A Genesis, corretora com foco em empréstimo cripto, foi uma delas.

A empresa sofreu uma onda de pedidos de resgate de investimentos após o colapso da FTX, e barrou o acesso dos investidores aos recursos para evitar a insolvência.

Nesta semana, a BlockFi, outra corretora com foco em empréstimos, entrou com pedido de recuperação na Justiça americana. A empresa, que também tinha exposição à FTX, afirmou possuir mais de 100 mil credores, com passivos de até US$ 10 bilhões.

Para Craig Erlam, analista sênior de mercados da Oanda, o impacto no mercado ainda deve se estender até que a confiança dos investidores seja recuperada.

“Mesmo agora, ele [Bitcoin] permanece vulnerável enquanto continuamos a descobrir qual será o efeito de contágio total e o que mais será descoberto”, afirmou em nota.

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