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Fotos dos Colunistas Professor Giacomo

Por Giácomo Diniz

Colunista de ações da Agência TradeMap

Graduado em Economia pela FEA-USP e com MBA pela FIA, trabalha e investe no mercado há mais de 20 anos. Atua como professor de finanças e investimentos em instituições como B3 Educação, FIA, Apimec, Saint Paul e Ibmec e como consultor para gestão de grandes fortunas e fundos de pensão. Publica conteúdo financeiro no YouTube  do TradeMap.

Controle os riscos: estabeleça limites ao especular

Dominó caindo com uma mão impedindo que as outras peças também caiam

Fonte: Shutterstock

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A teoria de “price action”, ou comportamento dos preços, é bastante utilizada para a tomada de decisões de investimento de curto prazo. Essa vertente de estudo de ativos ficou conhecida como análise técnica ou gráfica e foi postulada em sua essência pelo jornalista e empreendedor Charles Dow.

Dow foi cofundador da Dow Jones & Company juntamente com Edward Jones e Charles Bergstresser. Paralelamente, fundou também o The Wall Street Journal e inventou o famoso Dow Jones Industrial Average como parte de sua pesquisa sobre o movimento dos mercados.

Mas por que Charles Dow é importante aqui?

Uma operação do tipo especulativa é aquela que o investidor “aposta” em uma determinada trajetória ou tendência dos preços. O famoso comprar barato e vender caro ou vender caro e recomprar mais barato.

Esse modelo de raciocínio foi exatamente o postulado por Dow em sua teoria sobre o comportamento dos preços ou “price action”. Vou citar aqui cinco desses postulados:

1. Os índices descontam tudo

Neste primeiro postulado, o jornalista ratificou a importância da existência de uma carteira de referência ampla do mercado ou índice de ações. Ele afirmava que esses indicadores têm a capacidade de reagir e incorporar imediatamente no preço as notícias, resultados contábeis e financeiros de empresas e acontecimentos inesperados, entre outros fatores de risco.

2. Os mercados se movem por tendências

Este postulado serve de guia para todos os investidores que utilizam a análise técnica, pois o fato de um determinado ativo estar em uma tendência de alta ou de queda é o principal indicador para uma decisão de compra (tendência de alta) ou venda (tendência de baixa).

Dow destaca a ideia de que existem três níveis de tendência: primária, secundária e terciária. A dita primária é a principal, ou seja, representa o movimento de mais longo prazo do mercado, de meses ou anos. As tendências secundárias são as correções e reações do mercado justamente porque nenhum ativo sobe ou cai de forma ininterrupta. Já as tendências terciárias são as correções de curtíssimo prazo, seguindo a volatilidade natural dos mercados.

3. Princípio de confirmação

Uma tendência macro de mercado precisa ser confirmada por mais de um índice amplo. Na época, o jornalista afirmava que para confirmar uma tendência é necessário que os índices Dow Jones Industrial Average (DJIA) e Dow Jones Transportation Average (DJTA) apresentem a mesma direção (ou tendência).

4. Volume convergente

Para que uma mudança de tendência seja confirmada é necessário um aumento expressivo do volume das negociações nessa direção. Dow acreditava que volumes menores são atribuídos a investidores individuais operando de forma agressiva, porém sem a capacidade de inverter definitivamente uma determinada tendência.

5. A tendência é vigente até que seja substituída por outra oposta

Como dito no postulado anterior, essa mudança tem que ser observada nos índices amplos (formados por vários ativos) e confirmada por volumes de negociação relevantes (exemplo de valor).

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Mas o que a teoria de Dow tem a ver com gestão e controle de riscos?

Essa relação é íntima, porque ao longo das décadas o mercado reconheceu a teoria de Dow como base para especular o preço de qualquer ativo ou derivativo.

Exemplo: se você compra uma ação no momento que o mercado está em tendência de baixa o seu risco é maior. A leitura é que “o mar não está para peixe” na visão dos comprados.

Isso muda de figura quando compramos um ativo enquanto o mercado inteiro está subindo.

Como isso é feito na prática?

O primeiro passo é analisar a tendência primária. Como pode ver no gráfico abaixo temos uma tendência de alta:

Gráfico com variação do Ibovespa
Fonte: TradeMap

Vimos, no fim de março, que o Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, sofreu uma reversão de tendência primária, passando de uma trajetória de baixa para uma de alta. É perceptível também que os ruídos da guerra da Ucrânia têm dificultado o avanço do índice nessa direção.

Um exemplo de estratégia gráfica é “acreditar” que, os preços terem “rompido a linha vermelha com volume” pode ser um sinal de retomada com força da tendência primária de alta. Nesse caso, a mesma teoria que se aplica para o Ibovespa serve para o preço do petróleo ou da soja.

Voltando então: o rompimento da linha vermelha pode ser considerado o sinal de entrada para uma operação comprada. Além disso, temos que fixar mais dois pontos além do sinal de entrada na operação:

STOP GAIN – Veja no gráfico abaixo que a tendência primária de alta do Ibovespa foi interrompida no patamar próximo a 130.000 pontos.

Variação Ibovespa
Fonte: TradeMap

A teoria da análise gráfica considera que o mercado tem uma boa memória. Quer dizer que, se a Bolsa continuar subindo, esse movimento tende a se prolongar até a última máxima. Neste momento, os investidores certamente vão parar e “respirar” antes de continuar com o mesmo comportamento de então.

Por conta dessa crença é que, no melhor cenário, um investidor estabeleceria seu alvo o patamar de 130.000 pontos, por exemplo, pois o mercado precisaria de outras “novidades” para alçar novas altas.

O chamado “stop gain” é o alvo ou lucro máximo que pode ser mirado nessa operação.

STOP LOSS – O termo se refere a umas das atitudes mais sensatas que qualquer especulador deve tomar. Significa estabelecer um prejuízo máximo para a operação.

Isso se faz necessário porque não é sempre que o investidor acerta a tendência do mercado. Às vezes você pode acreditar na continuidade da alta, mas eis que a baixa começa. Chamamos essa situação de reversão de tendência.

No gráfico abaixo a linha amarela sinaliza este ponto de inflexão. Se os preços caírem para abaixo daquele nível, significaria que a estratégia inicial foi “desarmada” e teremos que limitar as perdas vendendo o ativo.

Gráfico com variação Ibovespa
Fonte: TradeMap

Naturalmente, o mercado já se tornou bastante sofisticado no uso dessas técnicas de planejamento operacional. Mesmo assim uma estratégia simples pode lhe poupar muito tempo e dinheiro principalmente usando os tipos de ordem disponíveis no TradeMap.

Ferramenta de stop duplo
Fonte: TradeMap

Essa ferramenta de stop duplo permite que você configure qualquer estratégia operacional. Saliento isso para desmistificar a ideia de que a Bolsa é apenas para quem sabe assumir riscos.

Na verdade, posso afirmar que ela é para aqueles que sabem medir e controlar seus riscos!

*As opiniões, informações e eventuais recomendações que constem dos artigos publicados pela Agência TradeMap são de inteira responsabilidade de cada um dos articulistas. Os textos não refletem necessariamente as posições do TradeMap ou de seus controladores.

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