O ano de 2024 foi marcado por intensa volatilidade no mercado financeiro brasileiro. O Ibovespa encerrou o ano com uma queda de 10,36%, na faixa dos 120 mil pontos, frustrando as expectativas de bancos e corretoras, que projetavam o índice entre 138 mil e 160 mil pontos. A mínima do índice foi registrada em 17 de junho, aos 119.138 pontos, enquanto a máxima ocorreu em 28 de agosto, aos 137.344 pontos.
O dólar se valorizou 27,91% em relação ao real ao longo de 2024. A moeda americana atingiu sua mínima em 12 de janeiro, cotada a R$/US$ 4,8543, e sua máxima em 27 de dezembro, a R$/US$ 6,1991, refletindo um ano desafiador para a moeda brasileira.
Apesar desse ambiente adverso, alguns setores e empresas se destacaram positivamente, enquanto outros enfrentaram quedas expressivas.
A Embraer (EMBR3) foi o grande destaque entre as valorizações do Ibovespa, com uma alta expressiva de 150,96%. A empresa se beneficiou de uma forte demanda por seus produtos, especialmente no setor militar, impulsionada pelos conflitos geopolíticos na Europa. Por ser uma companhia dolarizada, a Embraer não sofre com os efeitos da depreciação do real. Além disso, com uma sólida geração de caixa, ela é menos impactada pelo cenário global de juros elevados, o que reforçou seu desempenho positivo ao longo do ano.
O setor de proteínas destacou-se como o mais resiliente de 2024, com três empresas entre as cinco maiores valorizações do Ibovespa. Marfrig (MRFG3), com alta de 104,87%, e BRF (BRFS3), com alta de 88,75%, foram impulsionadas por resultados robustos na América do Sul. A BRF, em particular, atingiu o menor nível de alavancagem financeira de sua história no terceiro trimestre. Apesar do bom desempenho, o Santander rebaixou a recomendação da Marfrig de “outperform” (compra) para neutra, citando um cenário mais desafiador para 2025. O banco aponta o impacto do ciclo pecuário desfavorável nos EUA e no Brasil, aliado a juros elevados e altos níveis de alavancagem, como potenciais entraves para a companhia.
Na ponta negativa, a Azul (AZUL4) registrou a maior queda do ano, com desvalorização de 77,89%. A companhia aérea enfrentou dificuldades relacionadas a uma dívida de US$ 580 milhões. Para reduzir as dívidas, a empresa chegou a um acordo com credores que envolve a utilização de 100 milhões de ações preferenciais da companhia como forma de pagamento de até R$ 3 bilhões em dívidas.
Além da redução da participação da BlackRock em suas ações. Mesmo com iniciativas de reestruturação, o mercado seguiu pessimista em relação à capacidade da empresa de lidar com seus desafios financeiros.
No setor de varejo e educação, Magalu (MGLU3) com queda de 69,72% e Cogna (COGN3) com queda de 68,77% enfrentaram sérios desafios devido à alta da taxa Selic. Esse cenário diminuiu a demanda pelos produtos e serviços oferecidos por essas companhias, além de elevar significativamente os custos de suas dívidas. O Magalu, mesmo tendo conseguido reverter prejuízos no terceiro trimestre, permaneceu altamente dependente de crédito. Essa dependência continuou a comprometer o desempenho de suas ações no mercado, refletindo as dificuldades do setor em lidar com um ambiente de juros altos.
O ano de 2024 foi desafiador, mas setores como o de exportação e proteínas mostraram resiliência e destacaram-se em meio à volatilidade. A diversidade de desempenhos no índice reforça a importância de estratégias adaptativas, que equilibrem oportunidades e riscos em um cenário econômico em constante transformação.
O mercado agora se prepara para 2025, com atenção redobrada aos desdobramentos do cenário global e à política monetária doméstica, que continuarão a moldar o comportamento do Ibovespa e da economia brasileira.
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