Ouro brilha em 2025 e criptomoedas amargam quedas no ranking de investimentos

Foto: Shutterstock/ Bigc Studio

O ano de 2025 foi marcado por elevada volatilidade nos mercados globais, resultado de uma combinação de fatores políticos, econômicos e monetários que influenciaram de forma decisiva o comportamento dos investidores. No cenário internacional, o retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos reacendeu uma agenda comercial protecionista, com a imposição de tarifas recíprocas a diversos países, incluindo o Brasil, o que elevou a tensão geopolítica e aumentou a aversão ao risco em determinados momentos do ano. A paralisação do governo americano (shutdown), a mais longa da história do país, contribuiu para um ambiente de incerteza adicional ao suspender a divulgação de indicadores econômicos relevantes, reduzindo a previsibilidade para a condução da política monetária e para as decisões de investimento.

Ao longo do ano, o Federal Reserve iniciou um ciclo gradual de flexibilização monetária, encerrando 2025 com mais corte na taxa básica de juros, movimento amplamente esperado pelo mercado. No Brasil, o Banco Central manteve a taxa Selic em 15,00% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, reforçando a atratividade da renda fixa, mas sem impedir uma forte valorização do mercado acionário. O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos, a retomada do fluxo de capital estrangeiro para mercados emergentes e a melhora do humor dos investidores em relação aos ativos domésticos marcaram o desempenho dos investimentos ao longo do ano.

 

Maiores rentabilidades

Ouro (+49,12%)

O ouro foi o ativo de melhor desempenho em 2025, consolidando-se como principal instrumento de proteção em um ambiente global de incertezas econômicas, políticas e geopolíticas. A valorização do metal foi sustentada pela intensificação das compras por bancos centrais, que seguiram diversificando suas reservas internacionais, reduzindo a dependência do dólar em um cenário de fragmentação geopolítica.

A expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos ao longo do ano, combinada à redução dos juros reais, aumentou a atratividade do ouro, que também se beneficiou do aumento das tensões comerciais decorrentes da política tarifária americana. O movimento reforçou uma mudança estrutural na percepção dos investidores, que passaram a enxergar o metal precioso como alternativa relevante de proteção em períodos de maior volatilidade.

 

MSCI Brasil (+40,29%)

O índice MSCI Brasil apresentou valorização expressiva em 2025, refletindo o bom desempenho das empresas brasileiras de grande e média capitalização. O principal peso do índice, o Nubank (ROXO34), teve papel relevante ao combinar crescimento operacional, resultados financeiros sólidos e avanços regulatórios ao longo do ano.

Outras companhias com forte participação no índice também contribuíram para o resultado positivo, como a Vale (VALE3), beneficiada pela valorização do minério de ferro, e o Itaú Unibanco (ITUB4), que manteve trajetória consistente de rentabilidade e remuneração aos acionistas. O desempenho do MSCI Brasil evidenciou o fortalecimento do mercado acionário brasileiro no contexto de maior apetite por ativos emergentes.

 

Ibovespa (+33,95%)

O Ibovespa encerrou 2025 em valorização, atingindo níveis recordes ao longo do ano e superando a marca dos 160 mil pontos. O desempenho expressivo ocorreu mesmo em um ambiente de juros elevados no Brasil, no qual a taxa Selic permaneceu em 15,00% ao ano durante todo o período. Nesse contexto, o CDI, principal referência da renda fixa, acumulou alta de 13,53% em 2025, reforçando a atratividade de aplicações conservadoras.

Ainda assim, o mercado acionário apresentou desempenho significativamente superior, evidenciando a retomada do apetite por risco e o reposicionamento de investidores em busca de retornos mais elevados. Ao longo do ano, diversas ações listadas no Ibovespa superaram com ampla margem a rentabilidade do CDI. Entre os principais destaques do índice em termos de valorização anual estiveram a Cogna (COGN3), com alta de 238,26%, a Cury (CURY3), que avançou 113,20%, e a Axia Energia (AXIA3), antiga Eletrobras, que acumulou ganho de 105,26% em 2025.

 

IBRX 100 (+33,45%)

O IBRX 100 acompanhou o movimento positivo do mercado acionário brasileiro e encerrou 2025 em alta. O índice refletiu o desempenho das ações de maior liquidez da B3, com destaque para empresas de grande peso em sua composição.

Entre elas, o Itaú Unibanco (ITUB4) manteve trajetória de crescimento consistente ao longo do ano, enquanto a Petrobras (PETR3 e PETR4) apresentou resultados robustos e manteve forte política de distribuição de proventos. A Axia Energia (AXIA3) também figurou entre as empresas relevantes do índice, reforçando sua importância na composição do indicador.

 

Menores rentabilidades

Ethereum (-21,90%)

O Ethereum apresentou o pior desempenho entre os investimentos analisados em 2025, pressionado por episódios de maior aversão ao risco nos mercados globais. A criptomoeda também foi impactada por questões técnicas relacionadas a atualizações na rede, além de movimentos de saída de recursos de produtos financeiros atrelados ao ativo.

 

Bitcoin (-16,92%)

O Bitcoin encerrou o ano com queda, acompanhando o movimento negativo do Ethereum e de outros ativos de maior risco. O desempenho refletiu a volatilidade elevada e a sensibilidade do criptoativo às expectativas em torno da política monetária americana e do apetite global por risco.

 

Dólar Ptax (-11,14%)

O dólar Ptax registrou desvalorização frente ao real em 2025, refletindo a queda dos juros nos Estados Unidos, a desaceleração da economia americana e o aumento do fluxo de capitais para mercados emergentes. O elevado diferencial de juros favoreceu o real ao longo do ano, reduzindo a pressão sobre o câmbio.

 

O desempenho dos investimentos em 2025 foi marcado por forte valorização dos ativos brasileiros e de instrumentos de proteção, em meio a um cenário global de incertezas e ajustes na política monetária. A combinação entre fluxo estrangeiro, diferencial de juros e reprecificação do mercado acionário sustentou ganhos expressivos na bolsa brasileira, enquanto ativos mais voláteis, como criptomoedas, enfrentaram um ano desafiador. O resultado reforça a importância de uma alocação diversificada e alinhada ao contexto macroeconômico.


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